A química entre eles/Rio Good Girls

EP 11...o encontro

Quando já tínhamos comprado nossos lanches, decidimos comer no carro, pra poder ficarmos quietos, sem ninguém incomodar.
- Você gosta disso?
Pergunto enquanto como minhas batatas fritas.

- Disso o que?
Ele diz, enquanto toma seu refrigerante.

- Dessa vida de crime, nunca saber quando você
pode ser preso ou morrer.
Digo cabisbaixa.

- Gostar, creio que nem gosta disso, mas eu gosto do poder, de poder ter tudo que eu quero quando eu quiser, e você?
Ele diz, e eu concordo.

- Eu não gosto, meu sonho é ter uma vida, de verdade sabe? Sem precisar esconder nada, só viver.
Digo enquanto ajusto meu banco para deitar.

- Então porque não tem isso? Não larga essa sua vida e faz a que você quer.

- Porque nunca é tão simples, você sabe, não posso deixar tudo que eu construí apenas pra fazer o que eu quero.
Eu digo ainda cabisbaixa, porque apesar de querer, eu não poderia.

- O que é uma vida pra você?
Ele pergunta enquanto dá uma mordida em seu lanche.

- Acho que é viver, ter uma família, ir fazer compras no mercado, dormir todas as noites com alguém que ama, é isso.
Eu digo e me deito no banco, olhando pra ele.

- Você já ama alguém?

- Não, na verdade, já amei, mas não deu certo, éramos muito diferentes.
Eu digo me lembrando daquele nome, de Patrick.

- No que vocês eram diferentes?
Ele pergunta curioso.

- Na idade, ele tinha 26 e eu 16, nos pensamentos, ele queria tudo, e eu não, ele não queria uma família como eu, ele apenas queria viver a vida que ele já tinha.
Eu digo e deixo uma lágrima escapar, mas disfarço enquanto me abaixo pra fingir pegar algo no chão.

- Realmente, mas eu acredito que quem ama sempre é disposto a fazer de tudo por quem ama, se ele não era, não era amor.
Ele diz parecendo já ter experiência nisso.

- Você já viveu isso?
Pergunto me deitando novamente.

- Já, ela era como você foi com ele, me amava tanto ao ponto de fazer de tudo por mim, mas não era o que eu queria, e quando aconteceu uma coisa, foi a gota d'água.
Ele diz e deita seu banco.

- O que aconteceu?

- Ela furou a camisinha, e engravidou, eu não fui capaz de sair do crime por ela, então ela fez isso, achou que assim eu sairia.
Ele disse parecendo não se orgulhar.

- Mas porque? Você não a amava?

- Não é o suficiente, só amar, precisa de mais, e não tinha mais, eu não conseguia dar mais a ela.

Me aproximo dele e toco em seu ombro.

- Está tudo bem, você não precisa se cobrar do passado, só não cometa tal erro no futuro, esses erros custam vidas.
Digo é o encaro.

- Tem paparazzis.
Ele diz e me abraça.

Eu retribuo enquanto ele desce sua mão até minha cintura, dando um leve apertão, que me arrepia dos pés a cabeça.