CAPÍTULO 3

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SEONGHWA

- Ta bom, fica bem - disse Wooyoung por fim.

Quando Seonghwa se preparava para dizer tchau, viu um vulto pelo rabo do olho.
Seu instinto era se virar, mas por algum motivo se sentia paralizado. Todas as partes de seu subconsciente gritavam que não olhasse. Obviamente, a curiosidade levou a melhor. Soltou um grito quando um homem surgiu, sentado em uma de suas cadeiras.

Por um momento, ficou imóvel, paralisado pelo susto. O celular pendia frouxo de sua mão, que perdera todas as forças.

Parecia que Wooyoung havia dito algo ao telefone, mas seu estado atônito não lhe permitiu ouvir nada.

Sendo sincero, parecia que estava em baixo d'água. Não sentia nada, tudo parecia extremamente distante. Todos os seus sentidos foram afetados, não sabia dizer o por quê. Seus ouvidos pareciam ter perdido a capacidade de ouvir, sobrando apenas um ruído abafado. Sua boca secou, viu pontos pretos em sua visão.

Estava inerte, completamente indefeso, se sentindo um coelho encurralado. Tentou falar, correr, qualquer coisa, mas sua mente parecia não ter mais controle sobre o corpo. Em um átimo, sentiu-se atingir uma superfície rígida.

Não saberia dizer em que monento sua visão escureceu, e sua mente desligou.

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Abrindo os olhos lentamente, tentando compreender onde estava, e o que havia acontecido, Park Seonghwa percebeu que encontrava-se deitado em sua cama. Acreditou viementemente que havia tido o sonho mais absurdo de sua vida. Talvez fosse o cansaço, ou o excesso de estresse.

Sentou-se vagarosamente, pois ainda se sentia fraco, e esfregou uma de suas mãos no lado da cabeça, onde sentia pontadas de dores. Fechou os olhos quando uma dor excepcionalmente aguda o atingiu, e aos poucos, ergueu o olhar.

Foi quando sua visão periférica captou um borrão indistinto. Virando-se lentamente, Seonghwa duvidou de seus olhos. Não existia a mínima possibilidade do que estava vendo ser real.

Um homem. Jovem. De cabelos negros e sorriso de canto perspicaz e afiado, que transparecia malícia e inteligência, algo que poderia ser comparado a uma raposa, pronta para encurralar e atacar sua presa. Seus olhos, cujo brilho astuto parecia ler Seonghwa como um livro aberto, analisavam-no, parecendo ver tudo e, ao mesmo tempo, nada. Sua estatura era baixa, e aparentava ter a mesma idade que Seonghwa. Dentre tudo isso, duas coisas se sobressaiam. Sua beleza. E seus chifres.

Despontando de sua cabeleira escura, dois pequenos chifres prateados reluziam.

Seonghwa só podia estar alucinando.

E estava provavelmente piorando, pois a figura falou.

- Finalmente você acordou, coelhinho.
-... - O mais alto não sabia o que dizer.
- Bom, parece que o gato comeu sua língua, não é?
- Q-quem é-é você?
- Humm... me chamam por muitos nomes sabe. Bispeto, capeta, Lúcifer, Satanás, Tinhoso... não gosto muito desse último. Mas se você ME perguntar, prefiro Hongjoong. Não que as pessoas me perguntem coisas. Não sei porque não perguntam. - disse tudo isso com um sorriso astuto que parecia hipnotizar Seonghwa, da mesmo forma que o aterrorizava.

A situação ficava cada vez pior. Por um segundo, ambos os jovens ficaram parados se fitando, como se esperassem que algo fosse acontecer.

Nada aconteceu, e o silêncio só se prolongava. Seonghwa parecia voltar para os tempos de escola, quando era um jovem tímido que só queria desaparecer. Aquela não era uma situação normal. Não era nem um pouco normal ter o Diabo no seu quarto, mas uma coisa de cada vez.

- O-o-oi. - gaguejou então o mais velho (ou não).
- Oi. Bom, já é um começo. Você acabou de cair que nem um morto na sala, por um segundo achei que ia ter que te levar mais cedo. - disse de forma suave, sua voz sendo como uma melodia, acabando a frase com uma risada leve que fez Seonghwa prender a respiração

Park não podia evitar o fascínio pelo homem, que, mesmo ele não querendo admitir, era muito atraente. Ele (Hongjoong, como havia se apresentado) era belo, além do normal, algo que Seonghwa não acreditasse ser possível. Tudo o que fazia tinha um charme sedutor, que ofuscava todos os pensamentos que tentavam invadir sua cabeça em pânico.

- Então, - começou Hongjoong. Mas foi interrompido por um estampido, seguido por gritos de uma voz aguda.

- PARK SEONGHWA CADÊ VOCÊ?????

Quando o citado estava prestes a responder, gritar, ou o que seu cérebro lento permitisse, olhou para os pés da cama.

Não havia ninguém lá.

Run devil, runOnde histórias criam vida. Descubra agora