𝐑𝐈𝐕𝐀𝐋 𝐋𝐎𝐕𝐄𝐑𝐒

𝟎𝟓: 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 𝐚𝐧𝐝 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐬

Ravenna Roux~

Kael... Kael e suas palavras. Ele realmente acha que já ganhou, não é? Que o jogo está no bolso dele, que pode me manipular, me abalar com suas provocações. Coitado. Ele tem essa ideia, mas não faz ideia do que está prestes a enfrentar. Ele pensa que me conhece, que entende minha mente, mas o problema é que ele subestima o quanto sou capaz de suportar...

Ele não sabe até onde eu vou para conquistar o que quero.

Desde que saí daquela sala, suas palavras não saem da minha cabeça. Cada sílaba calculada, cada insinuação venenosa... Ele é bom com as palavras, isso não posso negar. Mas há algo em mim que não pode ser tocado por isso. Eu não sou uma vítima das suas manipulações. Eu não sou fraca como ele pensa. E é isso que mais o irrita: ele não entende que, por mais que me provoque, eu me torno mais forte a cada palavra. Cada tentativa de me desestabilizar só serve para solidificar ainda mais a minha determinação.

Mas, por agora, Kael não é o meu problema. Não importa o que ele diga ou pense, o que importa é o que eu faço. E o que eu vou fazer é me preparar, me preparar como nunca antes. Porque a corrida está marcada para a próxima semana, e, se ele pensa que já ganhou, está muito enganado. Ele pode se preparar, porque eu já estou pronta para isso. Bem, quase. Não, na verdade, eu estou pronta. Ou, pelo menos, em um nível que nem ele pode imaginar. Estou disposta a fazer o que for necessário para vencer. O possível e o impossível, não importa o preço, eu vou pagar. Não vou me render. Nunca.

E é exatamente por isso que estou aqui, no meio da madrugada, com o combustível quase acabando e os minutos se arrastando, mas na velocidade da luz. A madrugada se estende diante de mim como uma tela em branco, onde sou eu quem dita as regras. O relógio já marca seis da manhã, e eu não parei desde as onze da noite passada. Cada quilômetro percorrido, cada aceleração, cada curva que consigo fazer sem perder o controle, me leva mais perto daquilo que eu quero. Meu corpo está no limite, eu sei disso. A fadiga está começando a se infiltrar em cada músculo, mas e daí? Limites são para os fracos, para os que têm medo de se desafiar, de se superar. Eu não sou fraca. Eu sou Ravenna. E vou até o fim, não importa o quanto me exija.

Se Kael acha que pode me fazer parar, que suas palavras podem me quebrar, ele está prestes a aprender da pior maneira possível que ele não tem controle sobre mim. Eu sou a única que controla meu destino.

O que me desafia agora é mais imediato, mais urgente. O painel do carro brilha em um vermelho ameaçador, com a luz de alerta piscando insistentemente, me dizendo o que eu já sei: o combustível está se esgotando, quase no fim. O motor ronca de forma áspera, como se estivesse tentando me avisar, mas eu já senti isso antes. O problema não é o combustível, é o que está prestes a acontecer.

E para piorar ainda mais a situação, um som que não posso ignorar se aproxima. O som das sirenes. Primeiro é uma nota distante, um eco que parece ainda distante demais para ser uma ameaça. Mas logo o som se intensifica, se tornando mais alto, mais inconfundível.

- Ah, que ótimo... exatamente o que eu precisava agora. - Resmungo, o sarcasmo pesado em cada palavra enquanto dou mais um olhar rápido para o retrovisor.

Eles estão atrás de mim, mais perto do que eu gostaria de admitir. O reflexo das luzes azuis e vermelhas se mistura com a escuridão, iluminando brevemente o interior do carro, criando um contraste grotesco entre a correria e a ameaça iminente.

Minha respiração se acelera, mas não pela pressão das sirenes. Não é medo que sinto. É um foco frio, uma intensidade quase visceral. Eles acham que vão me pegar? Acham que vou parar? Eles não sabem que estou jogando um jogo muito mais arriscado do que eles podem imaginar.