-Talvez possamos ficar. Talvez eles sejam boas pessoas e tudo de certo, afinal- Daryl falou depois que terminaram de comer.
-Beth se surpreendeu com o que dissera Daryl, mas ao mesmo tempo se sentiu triunfante.
-Serio? O que te fez mudar de idéia?
Daryl sabia o que dizer, na sua mente, a palavra "você" reluzia e esforçava se para fugir de seus lábios. Daryl teve medo. Justo ele que não temia nada, teve medo de estragar tudo.Sabia tudo que tinha feito e sabia o tipo de homem que era. Sabia que não havia espaço para um caipira como ele no coração de uma menina tão doce feito Beth caipira como ele no coração de uma menina tão doce feito Beth .
-Você Sabe...
- Eu não! O que te fez mudar de idéia?
Beth não sabia o que esperar. Estava se deixando levar pelo momento, pela luz das velas e pelos olhos de Daryl, que diziam coisas que seus lábios suprimiam.
-Huuummm. - Foi a única coisa estúpida que Daryl conseguiu dizer. "Huuummm, pareço um animal grunhindo. Ela nunca vai me enxergar."
-Não venha com "huumm". Vamos, Daryl, diga!
Todo ar se esvaiu dos pulmões de Daryl. E ele ficou ali, congelado olhando pra ela.Incrédulo com o fato de que aquela criaturinha havia lhe roubado sua coragem. Ele não podia tirar os olhos dos delas.-Ah! - Exclamou Beth, quando se deu conta de que ela era a razão.
A razão do silêncio de Daryl, dos relances de sua doçura reprimida pela postura rígida. A razão pela qual seu olhar carregava tanto significado.
-Eu? Eu não, eu... Você ta gostando de mim Daryl?
Ao ouvir a pergunta de Beth, ele acordou de seus devaneios. "Eu estou?" Ele não sabia a reposta, não sabia o que era gostar de alguém daquela forma. Apenas soube reagir da maneira que sempre fez. Daryl fugiu arredio, se levantou em um rompante.
-Eu faço a vigia. Se alguém voltar, vou estar preparado.
Beth viu Daryl se afastar e ficou se perguntando o que havia dito de tão errado. Ela sabia que ele havia se fechado novamente e que ela havia estragado tudo. Sentia um nó no estômago e uma tristeza muito grande, queria que aquele momento terminasse de outra forma.Beth vasculhou a casa funerária em busca de algum lugar para dormir que não fosse um caixão. Encontrou um sofá em uma salinha e algumas cobertas. Levou uma coberta até Daryl,que estava sentado em uma cadeira, ao seu lado a Besta, e uma expressão muito carrancuda em seu rosto.
-Tome, pra você se cobrir.
- Obrigado. - Falou rispidamente. -Ouça, me desculpe por antes. Eu falei sem pensar e...
-Tá ok. - Daryl cortou Beth antes que ela pudesse terminar.
Não queria ouvir o que ela tinha a dizer, não queria pensar mais nela.
-Ok. - A voz dela era trêmula.
Beth foi se deitar no sofá ainda mais infeliz do sentia-se antes. "Caipira estúpido, como pude pensar que sinto algo por ele?"Passaram se algumas horas e Daryl se sentia mais calmo. Já era tarde e ele começou a acreditar que ninguém viria. Silenciosamente, se levantou e foi espiar aonde Beth havia se ajeitado. Ela dormia tranqüilamente em um sofá, seu peito subia e descia, com sua respiração vagarosa e calma. Seu rosto brilhava sob a luz de uma vela e seus lábios rosados descansavam entre abertos.
Daryl se manteve ali por alguns segundos, se perguntando se em um mundo livre de zumbis, se em algum momento, ele cruzaria com Beth e se seria permitido a ele experimentar esses novos sentimentos. De repente Beth abriu seus olhos azuis e encarou o caipira.
-O que aconteceu? - Ela se alarmou enquanto sentava no sofá. Daryl, totalmente sem graça, se viu sem palavras novamente.
-... Na verdade eu, eu ... queria me desculpar por antes. Eu sou muito grosso e... -Beth sorriu com aquilo. "Sim, Daryl Dixon, você é muito grosso" pensou.
-Você não tem que se desculpar, eu fui rude e... acho que estou confundindo as coisas.Sua proteção e cuidado... Não quero que pense que sou uma garotinha procurando por romance.
Daryl entendeu aquilo como um sinal. Um sinal de que estava sozinho em seus sentimentos. Isso lhe fez querer que ela soubesse. Mas de alguma forma, não conseguia por em palavras o que estava sentindo.
-Cuido de você por que me importo. Por que eu... eu gosto de você, Beth. Eu acho que gosto. Beth olhou nos olhos dele e sentiu que faíscas explodiam dentro dela. Ela se levantou e a braçou Daryl, o mais apertado que pode. Daryl deixou-se abraçar e afundou seu rosto nos cabelos de Beth, enquanto a menina imaginava tocar o peito de Daryl por debaixo da roupa. Ele sentiu como se todo o peso que carregou desde que o apocalipse zumbi começou, desde que sua mãe morrera naquele incêndio, se esvaísse.Assim eles ficaram. Até que um barulho na varanda os interrompeu.
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Be the ocean where Im drowning
RomanceA prisão caiu. Daryl e Beth fugiram de lá juntos. Será que eles são a companhia mais indicada um para o outro? O que essa convivência pode revelar sobre eles próprios? No meio do fim do mundo, é possível que eles encontrem um amor verdadeiro e que o...