Because that, that gets messy

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As pegadas eram todas iguais para Beth, demoraria três décadas para ela saber diferenciá-­las.­

-É tudo tão parecido. Parece que foi andando em ziguezague. - Beth resmungou. Quando levantou seus olhos e encontrou Daryl com um sorriso debochado no rosto.­

-O que? - Perguntou ela.­

-Nada. - Daryl falou sorrindo.

-O que você acha que é?­

-Huuumm. Deve ser um Walker.

Daryl assentiu com a cabeça e Beth sorriu triunfante. Tudo era diferente agora, eles passavam a maior parte do tempo conversando sobre tudo, trocando longos olhares.

Daryl sorriu com a lembrança de Beth matando um zumbi com sua faca, que se aproximava pelas costas dele "ela está ficando durona".­

-Daryl, veja! - A menina falou baixinho quando encontrou o Walker que estava procurando.

O zumbi estava abaixado devorando algo que eles não podiam enxergar. Beth levantou a Besta com dificuldade e mirou na cabeça do zumbi. Como sua mira não era muito boa, foi se aproximando lentamente, com Daryl em sua cola.

Beth levantou seu pé e foi baixando lentamente, quando tocou o chão, algo se fechou sobre seu pé. Era uma armadilha para animais.Beth soltou um grito contido com a dor, sentiu vontade de chorar, mas se segurou.

O corpo de Daryl ficou tenso instantaneamente quando viu Beth caída no chão. Antes que pudesse perceber, ele tinha pegado sua Besta das mãos da menina e matado o Walker. O caipira correu até Beth com um olhar de preocupação.­

-Você tá bem? - Perguntou enquanto tirava a armadilha do pé dela com muita suavidade.­

-Tá doendo. - Ela falou com a voz trêmula.­

-Consegue andar?

- Acho que sim.

Daryl levantou Beth a segurando em sua cintura. Um pensamento ousado cruzou sua mente, mas foi apagado pela sua preocupação. Beth saiu mancando, escorada em Daryl. Sentia seu pé arder e o sangue começar a escorrer, mas não queria demonstrar dor. Caminhou firme ao lado dele.

­ -Você é durona agora? - Daryl perguntou quando sua preocupação se esvaiu.

­ -Sim, eu sou. - Respondeu triunfante.

Depois de percorrerem os arredores da floresta por 40 minutos, eles encontraram um pequeno cemitério e uma casa funerária. Beth se sentou em um tímido banco para descansar. Daryl a encarou por uns momentos. "Temos que checar aquela casa".­ -Vamos, Beth. Temos que encontrar algo para o seu pé.

-Deixe-­me descansar um pouco. - A menina disse ofegante

Daryl escorregou a Besta para frente do seu corpo e se abaixou levemente, fazendo menção para Beth subir em suas costas. Beth sorriu. E Daryl sorriu com a espera da sensação de tê-­la tão perto novamente.­

-Daryl eu posso, só preciso...­

-Sobe logo.Beth se levantou e com um impulso subiu nas costas de Daryl.

-Você é mais pesada do que parece. - Daryl falou sorrindo.

-E você é mais fraco do que parece. - Beth revidou e ouviu o som da gargalhada de Daryl.

Ele a carregou por alguns metros até encontrarem uma lápide que dizia: "Amado Pai".Ambos recordaram de Hershel e Daryl percebeu que Beth precisava fazer uma parada. Os dois pararam em frente à lápide e a menina sentiu que estava prestes a chorar. Daryl olhou para trás e viu um ramo de flores amarelas, que arrancou e depositou sobre a lápide de quem quer que fosse aquele pai. Beth suspirou, lembrando-­se de seu pai e toda sua família que ficara para trás."Ao menos tenho Daryl." Devagar, a menina tocou sua mão na mão de Daryl, que retribuiu o toque inesperado de maneira tensa. E eles ficaram ali, de mãos dadas, Daryl sentindo­-se desconfortável e ao mesmo tempo contente. Beth entristecida, mas também aliviada.

Beth ficou esperando na varanda enquanto Daryl e sua Besta verificavam a casa. Tudo estava limpo... Até demais.

-Deve ter alguém aqui, está tudo tão limpo! Não tem poeira. ­ A Greene declarou, olhando tudo a sua volta.­

-Olha quanta comida! - Daryl sentiu-­se aliviado, não comiam nada há quase dois dias.

- Vamos ficar um pouco, e comer um pouco. Alguém vai voltar por isso, temos que estar preparados quando eles vierem.­ -Ainda existem boas pessoas, Daryl. - Falou a menina, olhando o nos olhos.­ Os bons não sobreviveram até aqui.

Beth sabia que ele estava enganado. Mas decidiu-­se por ficar calada. Ela passeou pelos cômodos da casa, encontro muitos caixões e um piano. A menina se sentou em frente ao piano e lembrou­-se do quanto gostava de cantar. Sem saber o porquê, a música "Be Good -Waxahatchee" lhe veio à mente. Beth começou a cantar e tocar.

"Você não quer ser meu namorado

E isso, provavelmente, é para o melhor

Por causa disso, fica confuso

E você vai me machucar

Ou eu vou desaparecer

Então, nós vamos beber cerveja o dia todo

E os nossos guardas irão desistir E nós vamos ser bons"

Daryl ficou olhando fixamente para Beth enquanto sua voz doce enchia seus ouvidos de sentimentos confortantes. Ele não sabia o que era, ainda não entendia porque aquela voz lhe dava vontade de sorrir. Quando ela terminou sua canção, Daryl colocou as mãos sobre os ombros dela. Beth sentiu um arrepio com o toque dele, nunca se acostumaria.

­ -Você estava ouvindo? - A menina perguntou envergonhada.

-Sim.

-Pensei que minhas canções te irritavam.

Daryl sorriu disfarçadamente, com o canto dos lábios. "Nunca irritou".

- Vem, te carrego até nosso "jantar".

-Não, eu posso camin...

Daryl a pegou nos braços e a levou até a cozinha. Enquanto sentia o peso dela, soube que queria protegê-­la para sempre. Beth sorria sem jeito, se sentindo tão perfeitamente aninhada no colo de Daryl. Seus sentimentos estavam confusos, ela não tinha certeza se gostava realmente dele, ou se sentia-­se segura e confortável com ele.

Be the ocean where Im drowningOnde histórias criam vida. Descubra agora