Capítulo Dezasseis.

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- Como assim? Ela não é tua mãe?- encarei a sua sombra e mil dúvidas faziam a minha cabeça quase estourar.
- Não. -ela deu de ombros.
- O senhor que está ali enterrado - reforcei a parte do enterrado e apontei para o local - não é o teu pai?
- Não. - deu de novo de ombros e eu estranhei cada palavra que disse.
- Então porque dizem que ele está aqui enterrado por tua causa?- a minha cabeça transformou-se numa verdadeira confusão,  já não sabia no que pensar.
- Dona Katniss não gosta que fale disso.
- Hum..- suspirei, muito curiosa - eu juro que não lhe digo nada..
- Não quero ser picada de novo Marianna, não posso. - continuei a insistir mas a miúda estava decidida a não dizer.
- Está bem. - continuei a pensar por dentro, focando no motivo de ela não dizer e o facto de ela acrescentar que poderia ser picada. Voltei o meu olhar para ela e vi que já tinha fechado os olhos, deveria já querer dormir, então decidi fazer o mesmo, fechar os olhos e tentar dormir, o que não iria ser fácil especialmente agora.

(...)
   Senti um clarão vindo do meu lado direito, o que me fez abrir os olhos e ver tudo desfocado.
- Bom dia. - olhei para o lado e vi uma figura alta, tinha cabelo liso meio loiro meio castanho  , pele branca e trazia uma travessa. Olhei melhor e percebi que era o Marco.
- Bom dia.. - sentei-me na cama e esfreguei os olhos até focarem - Que trazes aí?
- Oh, toma. - entregou-me aquela travessa e eu reparei que tinha comida - é o teu pequeno-almoço.- ele sorriu fazendo covinhas e eu achei super fofo, mas estranho ao mesmo tempo, muito estranho.
- Hum.. então, obrigada? - sorri e olhei para a comida de novo, pensando no que iria comer primeiro.
- De nada..Posso fazer-te companhia? - olhei para ele e soltei uma gargalhada não muito estérica,estranhando a sua mudança de personalidade desde que o conheci.
- Oh.. claro. - ele sorriu e sentou-se na cama ao meu lado, e por falar em cama, lembrei-me da minha conversa com a Karla, ontem à noite. - Marco?
- Sim?
- A Karla?- olhei em volta e não a vi.
- A Karla? Bem...ela foi com a minha mãe sair.
- Ah, ok. - comecei por comer o croissant que estava ali com um ótimo aspeto. - ela não tem nada parecido contigo nem com a Katniss, que estranho.. - tentei com que ele admitisse que ela não era sua irmã.
- É..- ele sorriu e coçou as costas.
- Nem parecem irmãos.. - disse-o encarando-o, à espera de uma resposta dele mas ele continuou a sorrir, MUITO forçadamente. Pude sentir o seu nervosismo, não me conti - Oh vá lá, vocês não são irmãos. - dei de caras e ele engoliu a seco.
- Bem...
- Marco eu já entendi, quando pensavam dizer?
Ele ficou vermelho e sorriu, para disfarçar eu acho - É uma coisa complicada.
- Podes começar. - obriguei-o indiretamente a contar, enquanto comia.
- Karla veio de uma família pobre..
- Adotaram-na?
- Sim, sempre quis ter uma irmã. Mas não ligues se ela disser alguma coisa fora do normal, ela tem problemas psicológicos.
- Hum? Ela pareceu-me bem normal..
- As aparências iludem.
- Talvez. - dei uma golada de sumo, mas ele não me convenceu. A miúda era normal, só se for dos berros dela ontem,  não sei. - E há quanto tempo ela está convosco?
- Cerca de... - ele parou para pensar- cinco anos.
- Credo! - quase berrei impressionada, pensava que estava há menos - então porque nunca a levaram lá a casa?
- Como já disse, ela tem problemas psicológicos, Marianna.
- E então? - dei de ombros - isso não impede nada.
Ele riu-se, talvez com a minha ingenuidade. - Nunca viste uma crise dela pois não?
- Crise? - elevei as sobrancelhas.
- Sim.  Ela costuma vomitar, fica com febre e até pode começar a dizer mentiras, acredita que isso é insuportável.
- E o que fazem com ela quando ela está assim? - tentei entender tudo, e juntar tudo o que ela me disse ontem, especialmente da parte de a picarem.
- A minha mãe costuma dar-lhe medicamentos.
- Como alguma coisa que lhe pica?- fui direta, mas não dei a entender que sabia ,agora, que era Katniss que lhe picava com algo.
- Ah... - ele olhou para mim surpreendido - não posso negar, sim, ás vezes ela é obrigada a picar-lhe o corpo com uma agulha com algum líquido lá dentro.
   O meu humor mudou rapidamente. '' picar-lhe o corpo com uma agulha com algum líquido lá dentro '' , esta frase relembrou-me uma parte de uma passagem que li naquele livro da minha mãe '' Agulhas entram pelo meu corpo constantemente ''. Não fui incapaz de ficar indiferente com a frase que ele disse, só me fez pensar que talvez Karla estivesse a passar o mesmo, mas isso só passou pela minha cabeça pois lembrei-me que ela tinha problemas psicológicos e que Katniss é uma pessoa boa, nunca lhe faria isso, porque se não nunca me tinha acolhido aqui em casa.
- Estás bem? - Marco preocupou-se ao ver o meu rosto abatido.
Levantei a cabeça e sorri forçadamente - Oh, sim.. estou.
- Queres ir dar uma volta? - ele tentou me animar.
- Para onde? - levantei-me e assenti.
- Aqui em Oxford tens muito que ver, anda , veste uma roupa qualquer , vamos a um bar.

(...)
- Chegamos. - Marco disse abrindo-me a porta do carro, já tínhamos chegado, a viagem demorou cerca de dez minutos, realmente a cidade era muito grande e muito bonita. 
- Quem é que vai a um bar às duas da tarde? - eu gracejei e saí do carro, observando aquela espécie de lounge preta com um placar dourado, era muito bonita.
- Isso era em Cambridge, aqui em Oxford vais a qualquer lado á hora que quiseres que está sempre cheio de gente. - ele gracejou também e entramos. 
   Reparei na quantidade de gente que estava lá, eu era a única rapariga não tão bem vestida. Tinha umas jeans e uma camisola comprida, provavelmente era a única de lá que estava assim pois era verão, mas precisava de usar, não queria que me julgassem pelos cortes que tinha sem saberem sequer a minha vida.
- Vamos nos sentar aqui - ele apontou para uma mesa com dois sofás requintados e eu sentei - já venho, vou buscar bebidas, devo demorar só um pouco... a fila está demorada- ele apontou para lá e eu concordei.
  Apreciava a decoração daquilo ao pormenor, quando tocou o meu telemóvel e apareceu um número desconhecido no ecrã.
- Quem é?- atendi meio desconfiada.
- Podemos falar? - uma voz masculina fez-se ouvir do outro lado.
- Adam? - mandei ao ar o nome, a voz parecia dele.
- Ouve, procurei-te por todo lado... - ele pausou - .. mas depois soube que me deixaste. - eu engoli a seco e ele também - adiante.. quero que saibas que o sítio aonde estás não é confiável.
- Desculpa?
- Oxford é mau, falo por experiência própria.
- Experiência própria?
- Caso acredites ou não, Oxford está relacionado com o meu passado, e a casa onde estás é uma das piores daí. Essa velha não é de confiar, não quero que estejas em perigo, anda para Cambrige, por favor.
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- Olá amores, o que acharam do capítulo? Porque será que Adam lhe ligou a dizer aquilo? Comentem, votem e partilhem se quiserem que continue ♥.

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