"Eu quero ser alguém também"

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(25/04)

— Você precisa se esforçar mais, Ethan — Connor disse, batendo levemente com a mão na mesa, como se estivesse passando um recado importante. — Precisamos de você.

Ethan apenas deu de ombros, o desinteresse estampado em seu rosto. Ele tinha outras prioridades em mente que não eram o futebol, isso estava claro. O olhar desatento dele passou rapidamente pelo refeitório, como se estivesse procurando algo.

— E como está a sua busca por emprego? — finalmente perguntou a Connor, desviando o assunto completamente.

— Ah, consegui um estágio no museu! — o asiático parecia animado, seu rosto iluminou-se com a notícia. — Vou ajudar com as exposições e tudo mais.

Dália ouvia, mas seu coração parecia pesar. Ela queria se sentir parte daquela alegria, mas a sensação de não conseguir se integrar a conversa era esmagadora. Ao seu lado, Yuyan se inclinou para frente, seus olhos brilhando.

— Eu quero ser líder de torcida! — disse, com entusiasmo. — E estou ajudando minha mãe com a loja de doces.

— Estou trabalhando na livraria da minha mãe também. — Kiara diz, o sorriso largo — É engraçado ver alguns leitores tímidos colocarem dark romance em cima do balcão para pagar. Eu tenho que fingir que não conheço para não constrangi-los.

— E você, Dália? — perguntou Yuyan, como se percebesse o silêncio dela.

A pergunta a pegou de surpresa, um frio atravessou sua espinha. Ela sorriu rapidamente, mas era um sorriso que não chegava aos olhos.

— Ah, eu... estou só pensando em algumas coisas — respondeu, tentando soar leve, mas sua voz traiu a insegurança que sentia.

Os olhares se voltaram para ela com curiosidade, mas ela não sabia o que mais dizer. Embora quisesse compartilhar suas aspirações, a dúvida e a falta de clareza a deixavam paralisada.

Com a conversa ao redor dela fluindo, uma ansiedade começou a se formar dentro de si. Sentiu-se invisível, um traço sem cor em uma pintura vibrante.

Yuyan tinha um carisma e energia vibrantes, qualidades realmente ótimas para uma líder de torcida. Kiara estava trabalhando com uma das coisas que mais gostava, livros. Connor praticamente vivia para o futebol, Ethan sempre estava envolvido em alguma pesquisa e a loja de doces de Yuyan era um lugar de alegria que atraía os sorrisos das crianças. Mas Dália? O que ela tinha?

Ela queria se erguer, mas a ideia de dar o primeiro passo parecia opressora. Como se houvesse um imenso abismo entre ela e o que desejava.

O que a fazia feliz? O que dava significado a seus dias? Dália não tinha todas as respostas, mas, pela primeira vez em um bom tempo, talvez estivesse disposta a descobrir.

Enquanto caminhavam em direção à saída do refeitório, de repente, a voz de Ethan quebrou seu devaneio.

— Cara, tô morrendo de sede — disse, soando mais como uma pensamento avulso do que uma reclamação de verdade.

Connor, que já se afastava pela direção oposta, se virou e gritou:

— Atenção, garoto!

Antes que Dália pudesse reagir, o asiático atirou uma garrafinha de água para Ethan. Com um movimento quase automático, o moreno a pegou sem nem olhar, o gesto refletindo uma confiança que a surpreendeu. Soava como algo familiar, um reflexo causado por anos daquilo. Mas ainda assim, a surpreendia.

Ethan abriu a garrafinha e mandou para dentro mais da metade da água em poucos goles. Depois, fez uma pausa e se virou para Connor, que se afastava, acenando.

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⏰ Última atualização: Feb 08 ⏰

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