Depaysement

"Nosso encontro fofo"

[12/03]

O sol já estava alto no céu quando Dália acordou de seu sono, seus olhos semicerrados enquanto a luz brilhava pela janela de seu quarto. Ela bocejou, esticando os braços por um momento antes de rolar para o lado e olhar para o relógio digital ao lado de sua cama. Ver a hora exibida na tela a fez soltar um gemido suave.

Com falta de motivação, ela lentamente se forçou a sair da cama, seus pés tocando o chão frio de madeira. Olhou ao redor da casa vazia, sentindo a solidão se instalar.

Dália vagou pela casa, uma sensação de vazio a cercava. A ausência de Ana e Valentina era sentida palpavelmente no ar, o silêncio ensurdecedor. Ela praticamente morava sozinha há quase três meses, sua mãe raramente estava em casa devido ao seu exigente horário de trabalho na delegacia, no qual ela insistia em pegar horas extras e sua irmã mais nova, Valentina, estava atualmente em intercâmbio na Itália, deixando-a se sentindo estranhamente desconectada.

Ao passar pelo calendário pendurado na parede do corredor, seus olhos se fixaram na data. Ela já deveria estar frequentando a faculdade presencialmente há um mês, mas simplesmente não tinha motivação para isso. A ideia de ir às aulas, interagir com os colegas e participar de palestras parecia desgastante e desagradável. O entusiasmo que ela tinha pela faculdade parecia ter desaparecido e ela se viu agarrada às aulas on-line como um refúgio no qual mal conseguia manter pois olhar para um professor dar aulas pela tela do notebook era desanimador.

A cada dia que passava, ela sentia sua solidão ficar cada vez mais pesada, o isolamento tornando-se quase insuportável. No entanto, à medida que a ideia de voltar às aulas presenciais se tornou mais intimidante, ela sentiu-se presa num ciclo de isolamento e solidão, presa entre a monotonia de ficar em casa e a ideia avassaladora de enfrentar o mundo exterior.

Dália entrou na cozinha, a fome corroendo seu estômago. O relógio na parede do cômodo lhe dizia que era hora do almoço, mas a ideia de preparar uma refeição de verdade parecia uma tarefa monumental. Com um suspiro desanimado, ela abriu a geladeira e examinou o conteúdo. Não havia muito com que trabalhar e faltava motivação para cozinhar algo substancial.

Em vez disso, ela se contentou com uma refeição simples, pegando algumas sobras do jantar da noite anterior e jogando-as no micro-ondas. Enquanto esperava a comida esquentar, ela encostou-se na bancada, sentindo uma mistura de exaustão e frustração.

O micro-ondas apitou, sinalizando que a comida estava pronta. Dália puxou o recipiente e levou-o para a mesa de jantar, colocando-o sobre a mesa. Ela sentou-se pesadamente em uma das cadeiras, parando um momento para observar sua refeição. Não foi nada emocionante, apenas uma mistura de sobras, mas seria suficiente por enquanto.

Ela deu uma mordida, mal sentindo o gosto da comida enquanto mastigava no piloto automático. O silêncio da casa tornou-se ainda mais proeminente, a solidão instalando-se dolorosamente em seu peito.

Enquanto comia silenciosamente, sua mente não pôde deixar de voltar à causa de sua situação atual. Seus pensamentos inevitavelmente se voltaram para o pai e o impacto que a morte dele teve em sua vida. "Não é justo", pensou ela, que a ausência de uma pessoa pudesse deixar um vazio tão profundo em tantas coisas.

Se ele ainda estivesse aqui, as coisas seriam diferentes. Ela não teria que se mudar para um novo país, deixando para trás amigos e um ambiente familiar. Seu coração doeu com o fardo de se reajustar a um ambiente e planos completamente novos. A ideia de que ela estava tendo que enfrentar tudo isso por causa do vazio deixado pela morte de seu pai era quase avassaladora.

Isso a fez se sentir culpada por se sentir tão negativa em relação à sua situação atual, mas a realidade de suas circunstâncias era impossível de ignorar... Se não fosse pela morte dele, isso não teria acontecido.