0̶0̶1̶ 𝓅𝓊𝓃𝓉ℴ 𝒹ℯ 𝓅𝒶𝓇𝓉𝒾𝒹𝒶

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   "50% 𝖉𝖊 𝖆𝖑𝖌𝖚𝖒𝖆 𝖈𝖔𝖎𝖘𝖆 𝖊́ 𝖒𝖊𝖑𝖍𝖔𝖗 𝖉𝖔 𝖖𝖚𝖊 100% 𝖉𝖊 𝖓𝖆𝖉𝖆."

_Maya! Maya! Em que mundo você está?

A voz doce e feminina de Lana soava no meio da música alta, do som dos carros acelerando até seus motores esquentarem, e dos gritos histéricos das garotas naquela grande noite de rachas.

_ Desculpa, me perdi em meus devaneios. - Responde Maya balançando sua cabeça tentando afastar seus pensamentos.

_ Sim, sei... Mas está na hora já.- Responde a morena suspirando. Maya Benson, uma garota com um passado um tanto misterioso a vista de todos, mas com um presente que se resumia em corridas ilegais com carros modificados. 

_ To ligada.- Diz Maya sentindo a brisa gelada do vento bater sobre suas madeixas loiras. Encostada em seu carro, se encontrava apreensiva. Naquele dia completava um ano que havia fugido de casa e deixado seus pais e sua irmã mais nova para trás. Raramente recebia ligações de sua família, e aquilo a matava pouco a pouco por dentro.

Enquanto refletia sobre tudo e o quanto sua vida havia mudado nesse meio tempo, um carro com ronco ensurdecedor para ao seu lado. Sua cabeça tomba para o lado observando de canto o dono do Dodge Charger barulhento.

Sem contato visual de ambos, Maya pode ouvir a voz rouca do homem.

_ É você que vai correr garota? - Ele pergunta finalmente desviando a atenção da loira para si.

_ A principio sim.- Diz Maya tirando uma carteira de cigarros do bolso de sua calça larga.

_ Que tal deixarmos isso mais interessante?- Responde o homem com músculos levemente exagerados tirando seus óculos escuros. Maya coloca um dos cigarros na boca acendendo com um isqueiro. Tragou a fumaça e sentiu sua garganta arder ao senti-lo chegar em seu pulmão.

_ Qual é a proposta. - A loira observa o homem percebendo que em seus lábios havia um sorriso sarcástico, algo que a menina não pode entender, era como se ele já a conhecesse.

_Um carro pelo outro.- Sentiu seu corpo arrepiar dos pés a cabeça. Se sentia confiante para ganhar, mas se por ventura perder? Era seu ultimo dinheiro, a única coisa que tinha era seu carro. O antigo Civic 99 de seu avo que conseguiu adquirir alguns ajustes.

Se desistisse agora, com certeza iria ser taxada de idiota e medrosa, e esses adjetivos não faziam parte de sua personalidade afiada. De longe ouviu a voz de Dota, seu namorado.

_Maya, o que está acontecendo?- Ele abraça a loira de lado, mas sua expressão continua séria.

_Fechado!- Diz afastando lentamente Dota de perto dela.

_Aceitou o que Maya? Esse pessoal é barra pesada, ouvi os boatos.- Dita Dota olhando fixo para a garota. Seu olhar vazio demonstrava que nada importava, apenas ignora o garoto com um beijo  no rosto. Maya entra em seu Civic preto e se direciona ao ponto de partida. Ao lado o homem ja se encontrava com o seu Charger ligado, esperando um posicionamento da mais nova. 

Maya aperta o volante enquanto observa a garota quase seminua com o 38 na mão apontando para o céu, afinal era garota que daria a largada. Sente o olhar do homem em cima de si novamente antes que finalmente o tiro foi dado. 

Maya rapidamente afunda o pé do acelerador fazendo sua traseira derrapar conforme o carro avançava. Nos primeiro 550 metros, podia até acreditar que a loira tinha possibilidade de ganhar. Suspirou fundo quando olhou no retrovisor e percebeu que o homem se aproximava, pisou na embreagem e trocou para a quinta marcha. O Civic se encontrava a quase 100km/h, sua direção atualmente hidráulica, do leve estava se tornado difícil de mover. 

Se lamentava mentalmente, perdia o foco fácil, seu maior medo era perder o dinheiro e seu carro. A 100 metros da linha de chegada, o Dodge preto fosco ultrapassa Maya sem piedade e assim atravessa a linha de chegada antes que a loira pudesse raciocinar. O homem realmente era bom, não.. ele era profissional. A garota bate no volante desacreditada. O que iria fazer agora? Chorar não adiantava. 

Podia ouvir os gritos da plateia, afinal ela tinha que admitir, foi uma corrida boa. Fazia tempo que não encontrava um adversário a altura de suas habilidades. A garota saiu do carro e foi em direção do homem.

_ Foi uma ótima corrida.- Diz a loira se aproximando lentamente. O olhar do mais velho fixou na garota. Foi só então que percebeu o homem agarrado em uma garota morena, olhos castanhos e um corpo magro. 

_ Não deveria ter se apressado menina, mas para sua idade, você é muito boa.- Diz o homem sorrindo.

_ Será que é ela?- Dita a morena abraçado ao homem. Confusa, Maya franze a sobrancelha tentando entender do que se referia a mulher a sua frente. Estava confusa, talvez esperando uma responde do musculoso em sua frente.

_Enfim... Você ganhou meu carro, e também meu respeito. - Maya ergue sua mão onde se encontravam as chaves do seu Civic. 

_ Fica com o carro... Seu respeito pra mim já basta.- A loira observa o sorriso do homem, um sorriso sincero. Maya não conseguiu deixar de soltar um sorriso de canto enquanto todos ao redor gritavam e aplaudiam, dava para ouvir as pessoas elogiando a corrida, os dois formavam uma dupla e tanto.

Sentiu seu celular vibrar no bolso de sua calça larga. Já era madrugada, se perguntou quem seria o corajoso para ligar para a mesma naquela hora. Puxou o celular do bolso e quando viu o numero, seu corpo congelou. Com os dedos tremendo, apertou o botão e levou seu celular ao ouvido. Sua boca tremula só conseguiu ditar as palavras de uma forma fria:

_ Mãe?

_ Maya...

𝑺𝒊𝒏 𝑻𝒊𝒆𝒎𝒑𝒐 ● Nick Leister Onde histórias criam vida. Descubra agora