A Filha Que A Morte Nos Deu

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"Querido..." - A voz dele, arrastada e rouca, ecoava pelo cômodo, quebrando a frágil paz daquela noite. Seus olhos, antes brilhantes, agora eram poços vazios, obscurecidos pela dor.

"Você gosta desta boneca?" - A pergunta saiu como um sussurro, carregada de uma doçura irônica. Dogday apontou para a boneca de pano, um rato vestido de rosa, com um sorriso pintado no rosto. - "Molly iria adorar, não acha? Ela amava a cor rosa. E esse vestido... Tão delicado."

Uma risada estridente, mais parecida com um guincho de um animal ferido, escapou de seus lábios. Era uma risada que cortava como vidro, ecoando pelas paredes daquela casa vazia. A alegria havia se transformado em uma máscara grotesca, escondendo a dor profunda que o consumia.

"Tão delicada quanto a nossa pequena..." - A frase pairou no ar, carregada de um significado sinistro. A menção à filha, Molly, era como uma faca girando em uma ferida aberta. A morte da menina havia deixado uma cicatriz profunda em sua alma, uma cicatriz que nunca cicatrizaria.

Catnap, com movimentos lentos e precisos, arrumava a mesa. Ao ouvir as palavras de seu companheiro, um sorriso leve forçado, carregado de uma tristeza melancólica, curvou em seus lábios. Deixando a tarefa de lado, aproximou-se do marido, envolvendo-o em um abraço gentil por trás. A boneca sendo cuidadosamente transferida para sua mão

"É mesmo..." - Sussurrou, a voz rouca de emoção. A cor verde em um tom profundo em seus olhos, fixaram-se na pequena figura de pano, uma lembrança vívida da pequena deles.

O canino se recostou em seu parceiro preguiçosamente, aproveitando o breve momento de conforto e intimidade. Descansou a cabeça no ombro do gato. Seus olhos, no entanto, permaneceram opacos e cheios de dor. No silêncio da sala, ele então começou a falar com um suspiro cansado, sua voz rouca como se não dormisse há muito tempo.

- "Querido... Preciso te mostrar uma coisa."

- "...Claro, o que seria?"

O silêncio era ensurdecedor. Dogday engoliu em seco, a garganta seca como papel. Seus olhos, antes fixos na boneca, agora se desviaram, procurando qualquer canto da cozinha que não fosse o olhar de Catnap.

"No quarto..." - Respondeu, a palavra ecoando na quietude da cozinha.

Com passos hesitantes, afastou-se do companheiro, a figura alta projetava uma sombra sinistra sobre o chão, em seguida pela sombra do felino. No quarto, a penumbra acolheu a dupla. Dogday sentou-se na cama, a cabeça baixa, os ombros curvados como se carregasse o peso do mundo. Seus olhos, fixos no chão, pareciam perder-se em um abismo de remorso. Não demora muito e gato se sentasse também. Mas em vez de se sentar na cama, ele se senta no chão. Trazendo um pouco seus joelhos até seu próprio peito e apoiando seus braços em volta dos joelhos.

Dogday observou o quarto silenciosamente. O quarto estava arrumado e, como sempre, seu parceiro realmente tinha cuidado da limpeza. Ele olhou para a mesa ao lado da cama, onde havia uma foto emoldurada dele e de sua filha. Depois de alguns momentos, ele voltou seu olhar para seu marido, sua voz cansada.

"Eu... eu fiz alguma coisa." - Ele olhou para baixo com uma mistura de culpa e vergonha. seu corpo curvado como se estivesse tentando encolher, enquanto enrolava o dedo na fronha.

Ele continuou com o mesmo tom culpado. - "Eu... tentei trazê-la de volta..." - Sua expressão quase suplicante, como se estivesse buscando perdão. Seus olhos, que normalmente continham uma pitada de insanidade, agora pareciam tão frágeis.

Os olhos do felino se estreitam levemente com essa fala, e fica confuso com o que Dogday queria dizer, embora um palpite sombrio estivesse em seu coração. Ele olha para seu companheiro, tentando entende-lo. - "Como assim?"

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⏰ Última atualização: Jan 08 ⏰

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Lábios e Patas Unidas - Catnap X Dogday ᵒⁿᵉˢʰᵒᵗˢOnde histórias criam vida. Descubra agora