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Acho que já é o tempo certo para falar da Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade. É minha responsabilidade. Eu a conheci nas férias de primavera entre o segundo e o terceiro ano do ensino médio. Este encontro foi impactante, e também foi devastador. De qualquer maneira, acho que tive muito azar – claro, isso é o mesmo que dizer que não pude driblar meu azar enquanto outros puderam, mas não julgo possível alguém ter passado pela mesma situação. Seria irresponsável da minha parte dizer que foi simplesmente uma maré de azar que me inseriu nisso; e talvez eu deva aceitar que foi tudo minha culpa. No final das contas, acho que fui eu sendo eu o que iniciou essa corrente de eventos.

Uma corrente de eventos.

Sem pensar muito nisso, eu descuidadamente utilizei essa expressão – mas embora eu a tenha apresentado como "uma corrente de eventos" simplesmente com o fim de exposição, honestamente não sei exatamente o quão grande essa corrente realmente é. Qual foi o evento que deu inicio a isso tudo, que rumo tomou, e como acabou? Eu não posso dizer exatamente. É possível que até mesmo neste instante ela ainda não tenha se encerrado, ou talvez sequer iniciado – e isso não é invenção ou um jogo de palavras, eu honestamente acredito nisso.

No final, eu só pude observar os eventos do meu ponto de vista, então nunca vou saber o que essa corrente de eventos realmente significou, ou não significou, para as outras pessoas além de mim. Se eu pudesse escutar a história "deles", talvez eu conseguisse entender o lance todo até certo ponto – mas mesmo assim, eu não esperaria aprender a história real.

Não seria a verdade – seria o que eles reconhecem como verdade.

E isso pode ser o bastante.

Entretanto, para início de conversa (e essa é a única coisa sobre a qual tenho certeza), a garota que foi o centro de tudo isso, Kissshot Acerolaorion Heartunderblade, é uma existência desse tipo.

Ela tem um sentido só para o observador.

Ela tem um sentido diferente de acordo com o observador.

O sentido não seria o mesmo entre observadores em comum.

Isso seria – um vampiro.

Provavelmente não seria útil explicar o que, exatamente, é um vampiro. Eles estão em quadrinhos, filmes, jogos; são um conceito utilizado à exaustão. Embora não seja um produto cultural deste país, a maior parte dos japoneses são muito familiares a ele. Oriundo do outro lado do globo, esse conceito, hoje em dia, já está mesmo um pouco velho.

Porém, durante as férias de primavera.

Eu fui atacado por um vampiro, o velho conceito do outro lado do globo.

Você poderia me chamar de idiota.

Eu realmente acho que fui um idiota.

E por causa dessa estupidez que pertence a nenhum outro que não seja eu – eu passei pelo inferno durante duas semanas.

E essas férias de primavera, do começo ao fim – foram o mais completo inferno.

Um inferno que parecia ser piada, e uma piada que parecia ser o inferno.

O evento que deu início a tudo isso, o rumo que tomou e como acabou – como eu disse anteriormente, para mim vai continuar sendo um enigma, um paradoxo que jamais será solucionado, mas se eu sei uma coisa com certeza é quando esse inferno começou e quando esse inferno terminou.

De 26 de Março a 7 de Abril.

Isso quer dizer – as férias de primavera.

Kissshot Acerolaorion Heartunderblade – depois de tudo, eu compreendi que uma entidade como ela deve ser chamada "Kaii".

Uma "Kaii".

Um monstro.

Um ser inumano.

Se esse for o caso, sendo o observador dela durante aquele tempo, naquele lugar, daquela maneira – é a razão principal pela qual fui colocado nesse inferno, eu acho.

Eu fui muito incompetente enquanto observador.

E fui burro, afinal das contas.

Se eu quero falar sobre ela, é inevitável que minha própria estupidez será detalhadamente exposta – e embora isso pareça ser um ato masoquista, ainda assim acho que preciso contar a história dessa vampira.

A história da ferida que recebi dela.

A história de como eu a feri.

Acho que tenho que contar.

Acredito que seja algo que eu tenha de fazer.

É minha responsabilidade.

...A introdução foi bastante longa, mas por favor procure aguentar – embora eu tenha dito algo impressionante como isso ser minha responsabilidade, no final das contas é a responsabilidade de um bufão estúpido para começo de história. Não sei se ficarei desanimado – eu posso soar pessimista mas, para ser franco, não tenho certeza de que consigo terminar de contar essa história. É por isso que estou tecendo uma introdução tão extensa e solene. Em compensação, o máximo que posso fazer, embora se eu começar a contar a história agora, assim como uma pedra rolando colina abaixo, mais tarde será difícil de parar pela metade, mas só para ter certeza, no pior dos casos, no caso de minha constância tropeçar, eu queria anunciar antecipadamente como a história termina.

Essa história sobre vampiros tem um final ruim.

Todos receberam um final que os deixou infelizes.

Ainda assim, precisamente porque ela tem um final infernal, essa cadeia de eventos provavelmente ainda não terminou, e de qualquer modo, minha responsabilidade quanto a ela vai durar durante toda minha vida.

Kizumonogatari (Monogatari Series V.3)Onde histórias criam vida. Descubra agora