Don't talk to me!

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Quem Natália queria enganar?
Assim que chegou em casa na sexta-feira, correu para o seu quarto e desabou no choro. Agradeceu por não ter ninguém em casa e poder chorar à vontade sem alguém para ficar fazendo perguntas.
Quando sua mãe chegou à noite em casa do serviço, encontrou a menina dormindo. No dia seguinte Natália contou tudo para a mãe, elas eram muito amigas. Seu pai havia abandonado sua mãe quando a garota tinha seus 10 anos e nunca mais ouviu falar dele. Anmbas sentiam-se sozinha em casa, por isso conversavam muito.
O fim de semana para a garota foi um saco. Ela desligou o celular durante os dois dias pois sabia que Clarissa iria ligar ou até mesmo Victor.
Dois filhos da puta.
Natália repreendeu chamar a mãe de Clary, que sempre foi como uma segunda mãe para ela, e senhora Andrade, uma sogra adorável para ela, com tal xingamento.
Lembrou-se do conselho do menino do ônibus de conversar com seu (ex) namorado.
Quem sabe eu tenha sanidade para isso até segunda, ela pensou.
Depois de um final de semana depressivo, assistindo filmes de contos de fada e muito sorvete, Natália teve que acordar para a realidade. Enfrentar ir para a escola e rever os dois traidores. O inferno estava só no começo para ela.
A garota estava no último ano escolar e fazia aulas como técnica de enfermagem também. Sempre foi seu sonho poder cuidar das pessoas. E foi nas aulas de enfermagem que conheceu Victor e Clary. Apesar de falar com todos da turma, Natália criou uma forte amizade com os dois e ainda mais com Victor.
Ela tentou desviar sua mente do pequeno flashback e foi tomar um banho. Colocou uma de suas blusas favoritas que era estampada com a frase "plants are friends" e calçou seu all star branco. Pegou sua mochila e saiu de casa. Ela não tinha fome para comer algo pela manhã e já havia ouvido muitas broncas de sua mãe porque o café da manhã é a refeição mais importante do dia e blá blá blá... Era muito chato ter mãe nutricionista.
Natália pegou o mesmo ônibus de todas as manhãs e sentou no primeiro banco que avistou. Lembrou do celular e tomou coragem de ligar o aparelho.
37 ligações perdidas e o dobro de mensagens.
Ligações previsíveis de Victor e Clary. Até da tia Lídia, mãe da Clarissa, tinha.
As mensagens eram similares à "por favor, precisamos conversar" "onde você está? por que não atende o telefone?".
No domingo à tarde, a mãe de Natália apareceu em seu quarto dizendo que Victor esrava lá fora querendo conversar com ela. Ela nem precisou dizer nada, bastou um olhar para a mãe e dona Mercedes já tinha entendido. Não.
Ela não desperdiçou seu tempo verificando mais chamadas e mensagens. Vinte minutos depois Natália desceu do ônibus e entrou na escola.
Ela passou rápido pela entrada e foi direto para a sala. Nem estava atrasada nem nada, mas não queria acabar tendo o azar de encontrar um dos dois seres. Não eram da mesma turma nas aulas normais, apenas na enfermagem, mas mesmo assim.
A sala estava com as luzes apagadas e não havia nenhuma alma ali. Era um espaço bem grande, para no máximo 60 alunos.
Ela sentou em uma das cadeiras do fundo e colocou os fones de ouvido e começou a ouvir little sister do queens of the stone age.
Ficou um tempo assim até que vários alunos entraram na sala de aula ao mesmo tempo.
- Hey, Nat - exclamou uma menina ruiva. Ela tinha cabelos lisos e compridos e olhos verdes.
- Hey, Sam - disse Natália com um sorriso de canto.
Samanta era a colega de classe mais próxima à ela. A ruiva sentou ao seu lado.
- O que houve? Eu te liguei no fim de semana mas você não me atendeu - Sam perguntou e logo apareceu uma mulher que aparentava ter seus 30 anos de idade, apesar de as roupas parecerem de alguém com 60.
- Bom dia, alunos - a mulher disse em tom entediante e a turma respondeu um "bom dia" uníssono.
- Depois eu lhe digo - Natália respondeu e começou a prestar atenção na aula de geografia.
Depois dos tempos de matemática e biologia, eles tiveram o intervalo.
Natália sentou em um lugar afastado do refeitório com Samanta, para não ser vista por certas duas pessoas e contou tudo à sua colega.
- Natália, eu realmente não consigo acreditar que eles fizeram isso - Sam disse surpresa. - Você não pode evitar falar com eles pra sempre, uma hora terão que conversar.
- Eu sei - suspirou Natália - e temo que esse dia seja hoje. E nem posso faltar à aula, me comprometi em ajudar na apresentação. Merda.
Sam ficou triste pela garota.
Após o intervalo teve mais aulas tediosas. E logo depois do almoço houve aula de enfermagem.
Natália respirou fundo várias vezes antes de entrar na sala junto com a multidão de 43 alunos. Caso entrasse com eles ao mesmo tempo passaria despercebida, ela pensou.
E assim fez, e sentou-se perto de um montinho de garotas. O professor já estava em sala e a aula começou. Ela procurou pela sala Victor e Clarissa, mas apenas viu a loira. Com medo de que notasse estar sendo observada por ela, desviou sua atenção para o professor em pé. Assim como as aulas anteriores, só via o professor abrindo a boca falando algo que sua mente não processava. Sua mente flutuava em outro lugar, pensado no que falaria se Clarissa viesse até ela para conversar ou Victor aparecesse na aula de enfermagem na quarta (as aulas eram segunda, quarta e sexta). Mas conseguiu ouvir bem quando o Sr. Martins disse "trabalho em dupla para agora". A sala ficou um alvoroço, cada um escolhendo seu parceiro para o trabalho e ela começou a procurar um também. Ficou distraída que não percebeu que um peso apareceu na cadeira ao seu lado direito.
- Não adianta fugir de mim, temos que conversar.
Natália fechou os olhos e respirou fundo pela milésima vez naquele dia. Girou sua cabeça até encontrar a cabeleira loira que pertencia a pessoa sentava perto dela.
- Pena que não tenho nada para conversar com você - disse e pegou sua coisas para ir até outra carteira.
- Espera, Natália! - Clarissa segurou o braço da menina, que a fuzilou com o olhar.
- O que você quer? Eu preciso fazer o trabalho - perguntou. Foi apenas uma desculpa para não ter que olhar mais uma vez pra ela. Estavam começando o 4° bimestre e Natália já havia passado em quase todas as matérias, incluindo aquela.
- Por favor, apenas 5 minutos - implorou Clary.
A morena revirou os olhos e voltou a sentar em sua cadeira.
- Eu sei que esse não é o melhor lugar para conversamos, mas você está me evitando de todas as maneiras possíveis.
- Que bom que percebeu - disse Natália com arrogância.
- Mas por favor, não quero acabar nossa amizade e muito menos dessa forma. Reconheço meus erros, mas por favor me perdoe. Você é minha melhor amiga, uma irmã para mim - Clary estava com um olhar de que iria chorar. Era essa cara que ela fazia quando queria algo. Antes ela teria rido daquela cara. Mas foi o que ela fez. Não por ter achado engraçado, mas por aquela cena ser tão ridícula. Perdoá-la? Sério mesmo?
Clarissa se surpreendeu com a reação da menina.
- Você acabou no momento que vi se agarrando com o outro imbecil. Agora com licença e nunca mais se dirija à mim - ela disse com um sorriso sarcástico e se afastou.
Qual é, ela precisava ser fria. Natália tinha um orgulho do tamanho do oceano atlântico e não choraria na frente daquela traidora.
Um colega de classe a chamou para fazer o trabalho e ela aceitou.
Ela passou o resto das aulas bem longe de Clarissa e assim pretendia passar o resto dos dias.
Ao chegar em casa, Natália já sentia o cheiro de maravilhoso de lasanha. As vezes sua mãe almoçava em casa por seu escritório ser perto de onde morava.
- Nossa, o cheiro está maravi.. - Natália interrompeu sua frase ao perceber que sua mãe não era a única na cozinha.
- O-o que v-você ta fazendo aqui?

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2015 ⏰

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