Conexões Infinitas - Yoonmin

Ligações Noturnas

Quando Yoongi abriu os olhos, sentiu um leve desconforto ao notar que, mais uma vez, não estava de volta à realidade deles. Olhando ao redor, percebeu que o quarto era espaçoso, mas totalmente diferente do que ele estava acostumado. As paredes tinham tons neutros e a cama em que estava deitado era ampla, coberta por lençóis escuros. Ele olhou para si mesmo e viu que usava um pijama preto e, em seus braços, havia um boneco que parecia um cachorro amarelo. O ambiente estava imerso em silêncio, quebrado apenas pelos sons suaves da cidade lá fora. Yoongi levantou-se, foi até a janela e, com um leve choque, percebeu as luzes vibrantes e o caos organizado de Nova York.

- Que diabos eu estou fazendo aqui? – murmurou para si mesmo, ainda processando tudo.

Ele se afastou da janela e pegou o celular que estava no criado-mudo ao lado da cama. Desbloqueando a tela, viu a localização marcada: Nova York. O choque percorreu seu corpo, mas antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, um lembrete surgiu na tela: Ligar para “meu pequeno”. Uma estranha familiaridade encheu seu peito ao ler aquilo, e ele apertou o botão de chamada sem hesitar.

O telefone tocou apenas duas vezes antes de a voz de Jimin surgir do outro lado da linha.

- Yoongi? – A voz de Jimin era suave, mas cheia de uma mistura de surpresa e alívio.

- Jimin! – Yoongi exclamou, sentindo uma onda de alívio ao ouvir a voz do mais novo. – Você está bem? Onde você está?

- Sim, estou em casa – respondeu Jimin, um leve riso escapando, mas logo silenciando. – Yoongi... acho que precisamos conversar. Eu encontrei um diário, e... bem, parece que estamos juntos há três anos nesse universo. Você foi para Nova York estudar música, mas volta em três meses.

Yoongi riu de leve, lembrando-se de quantas vezes diários já haviam salvado a situação em outros universos.

- Os diários sempre nos salvam – ele disse em tom de brincadeira, arrancando uma risada de Jimin. Mas logo o riso cessou, e Yoongi percebeu que algo estava errado.

- Tem alguém na porta... – Jimin disse, com um tom de preocupação. – Vou colocar no viva-voz.

Yoongi ficou em silêncio, ouvindo atentamente enquanto Jimin se levantava da cama. O som da porta se abrindo ecoou pela linha, seguido por uma voz masculina, grossa e repleta de desprezo.

- O que está fazendo ainda acordado, moleque inútil? – gritou o homem, seguido pelo som seco de um tapa. – Você é um viadinho de merda! Nem deveria estar debaixo do meu teto!

Yoongi sentiu seu corpo gelar ao ouvir aquilo. O coração dele disparou e o medo misturado com raiva o dominou.

- Para, por favor! – implorou Jimin, a voz dele embargada pelo choro e pela dor.

Yoongi apertou o telefone com força, impotente diante da situação. Ele queria atravessar a distância que os separava, socar aquele homem e proteger Jimin, mas tudo o que conseguia fazer era ouvir enquanto a violência continuava. Os sons dos tapas, os soluços de Jimin, e a voz cruel do padrasto ecoavam em sua mente como facas afiadas.

Depois de intermináveis minutos, o silêncio finalmente se instalou. Yoongi continuava em choque, paralisado, enquanto ouvia Jimin trancar a porta e se arrastar de volta para a cama.

- Jimin... – Yoongi sussurrou, a voz falhando.

- Ele se foi... – Jimin disse, com a voz ainda trêmula. – Desculpa por você ter ouvido isso.

- Não peça desculpas, por favor. – Yoongi sentiu seus olhos arderem com lágrimas que se recusavam a cair. – Quem é ele? No diário fala sobre isso?

Jimin respirou fundo, tentando conter os soluços.

- Sim... fala. Meu padrasto. Ele nunca aceitou que eu sou homossexual, e... desde que você foi para Nova York, ele começou a me bater. – Uma pausa, e então Jimin soltou um leve gemido de dor. – Eu estou com muita dor, Yoongi.

Yoongi apertou o maxilar, frustrado por não poder fazer nada de imediato. Queria abraçar Jimin, protegê-lo, sussurrar que tudo ficaria bem.

- Tente descansar, por favor. Amanhã... talvez amanhã não estaremos mais aqui. – A voz de Yoongi era um misto de pedido e esperança.

- Vou tentar – Jimin respondeu com um fio de voz. – Yoongi... eu te amo.

Yoongi sentiu o coração pulsar com mais intensidade.

- Eu também te amo, Jimin.

A chamada se encerrou, deixando o silêncio retornar ao quarto de Yoongi. Ele se deitou, o boneco amarelo ainda em seus braços, mas a mente trabalhava rápido. Será que o Yoongi daquele universo sabia o que estava acontecendo com Jimin? Ele se levantou novamente, pegou um pedaço de papel e escreveu uma mensagem simples, Deixou a folha sobre a mesa, onde qualquer um que entrasse poderia ver.

Deitou-se mais uma vez, o corpo exausto e a mente atormentada, torcendo para que o Yoongi desse universo encontrasse a mensagem e fizesse o que ele não podia naquele momento. Fechou os olhos, esperando que o sono o levasse para um lugar onde pudesse finalmente proteger Jimin.