Capítulo cinco

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Meu pai não tinha nada que invadir meu quarto e me dizer todas aquelas coisas, mas eu sabia que tudo o que dissera tinha fundamento.

Cat era uma garota jovem, pura, provavelmente virgem, não sabia nada da vida e não merecia viver com um moribundo como eu. Ela merecia viver um grande amor, um amor que fosse eterno.

Depois de Miguel, meu pai, ir embora, Cat sai do banheiro já sem minha camisa. Ela me estende a camisa e bate o pé impaciente quando percebe que não movo um musculo se quer para pegar:

– Henkel eu preciso ir embora. Então me diga onde é a saída dessa casa.

– Ache sozinha. – Puxo a camisa e fico de costa para ela. Não gostei nada, nada do seu tom arrogante. Como se fosse minha culpa a maneira por qual meu pai a tratou. Como se fosse minha culpa de aquele frio na espinha sempre aparecer quando estamos perto.

– Tanto faz. – Ouço a porta batendo e saltos se afastando do quarto.

Os saltos continuam fazendo um barulho estridente pelo meu chão de madeira e apesar de me incomodar sorrio, já que sei o porquê dela andar sem parar daquela maneira. Ela não sabe onde fica a saída. A casa é enorme e são diversos cômodos, alguns são closets e salas secretas e quem não conhece, raramente, acha a saída sem ajuda ou pelo menos uma explicação rápida.

Mas Catherine era a garota mais "nariz empinado " que eu conhecia quando se tratava de orgulho, ao menos comigo.

Começo a seguir o barulho estridente e me deparo com Cat parada na frente do sofá da sala de estar, demorou, mas a saída era a poucos passos dali. E ela continuava parada encarando um Giovane seminu:

– O que é isso? Quem é esse cara? – Ela grita desesperada. – Ele estava ontem à noite?

– É meu primo, fica calma.

– Como assim "fica calma"? Ele está nu!

Giovane começa a despertar e a jaqueta de couro que cobria sua cintura vai caindo. Ele está somente de cueca e não percebe a presença de Catherine:

– Qual é Esdras? Cala a boca! Estou querendo dormir! – A jaqueta cai e sua cueca Box branca fica de fora.

Cat grita mais uma vez e se joga em meu peito. Ela fecha os olhos com força e se encolhe, os longos cabelos louros caem sobre seus olhos lhe cobrindo metade do rosto.

Giovane senta no sofá, e, ainda sonolento, veste a calça com uma calma que até para ele é exagerada. Encaro seu rosto e me deparo com uma expressão brincalhona:

– Pronto. – Ele avisa, mas Cat não se move. Ela suspira e toca meu peito despertando-me de um sonho acordado.

– Ele está vestido? Completamente?

– Está sem camisa. – Murmuro tão baixo que preciso repetir. – Está sem camisa. – E ela se encolhe ainda mais.

***

Somente depois de Giovane estar completamente vestido, Cat saiu de meus braços. Ela encara Giovane com os braços cruzados da maneira que fazem seus seios ficarem ainda maiores do que já são. Giovane sorri, mas ela continua com a expressão de quem comeu e não gostou:

– Garoto você não pode chegar na casa dos outros e tirar a roupa assim! – Ela aponta o dedo para ele como se fosse sua mãe. – Fala para ele Henkel! – Cat está tão alterada que perde toda cor da face o que me faz achar graça.

– Desculpe-me. – Giovane ergue as mãos e murmura sinceramente. – Esdras não me avisou que tinha visita aqui.

– Vocês ficam andando por aí pelados por acaso?

– Eu estou fora disso. – Sorrio e caminho até a cozinha.

Giovane aparece na cozinha minutos depois com a mão na cabeça e uma expressão confusa. Cat vem atrás e me dá uma piscadela sem que meu primo veja.

– Cara, onde você arrumou essa garota? – Giovane aponta com o polegar para trás. – Ela me mandou cortar o cabelo. – Seu tom de voz é manhoso e quase de magoa. Giovane tem um xodó todo especial pelo cabelo.

– Ah não Cat! – Faço uma falsa expressão de autoridade. – O cabelo não!

– Não me chama de Cat. – Cruza os braços e senta em cima do balcão, mesmo sobre meu olhar arrogante.

Valeria, a empregada, entra na cozinha e nos encara perplexa. Ela olha para os lados e tenta sair sem chamar a atenção, mas eu a chamo para junto de nós:

– Estamos famintos Valeria. – Coloco o braço sobre seus ombros e beijo seu rosto já enrugado, sempre tive um carinho especial por ela.

– Sim senhor. – Me responde submissa.

Valeria começa a fazer o almoço enquanto Giovane e Cat trocam farpas e eu, disfarçadamente, tomo meus remédios e meço minha pressão e batimentos cardíacos, que estão razoáveis. Mesmo concentrado em minha tarefa, ouço Giovane dizer:

– Sabe Cat, – ele ironiza o apelido que pus em Catherine. – Minha mãe dizia que tudo que se põe no balcão é de se comer.

Em segundos ouço os saltos dela batendo no chão e a risada sarcástica de Giovane preenchendo toda a cozinha.

– Idiota.

– Ei garota volta aqui. – Giovane continua a rir enquanto Cat marcha até mim.

– Quer ajuda? – Pergunta ignorando meu primo.

– Não.

– Eu posso ajudar, sério.

– Eu não preciso. – Começo a me irritar, mas não é por causa dela, muitas vezes os remédios mudam meu humor e não posso evitar. – Sabe, é só pôr na boca e engolir. Acho que eu consigo fazer isso.

– Ok. – Ela dá de ombros e levanta uma das mãos lentamente.

Fecho os olhos como se para me preparar para um "belo tapa", mas então sinto, como se uma borboleta repousasse em minha bochecha. Todo som se silencia, menos meu coração que bate em um ritmo lento e agoniante. Cat acaricia meu rosto com delicadeza, abro os olhos a tempo de vê-la erguer os pés e me dar um beijo molhado na bochecha:

– Eu queria poder transferir um pouco dessa doença para meu peito só para não ter que ver a dor em seu olhar.

– Não tenho dor no olhar, o que você vê é a pena dos seus olhos refletida nos meus.

– Eu posso ter muitos sentimentos por você em apenas um dia, mas não tenho pena.

– Por que não?

– Quem seria eu para julgar os planos de Deus? Ou as suas escolhas? – Ela sorri, mas não é de felicidade. – Você quer morrer e eu não devo ficar triste por isso.

– Se eu pudesse... Se eu pudesse viver te beijaria agora.

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Sábado tem mais meninas! Muito mais Esdras, Cat e Giovane. HAha  Desculpem o atraso rsrs

Estamos em 49 in romance ;) Obrigada pelo carinho. <3

Na batida do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora