Catherine continua sentada, me encarando. O garçom trouxe a conta eu paguei, mas continuamos sentados arrogantemente:
– Senhor Henkel eu sinto muito, mas quando escolheu pedir a conta tirou seu direito de permanecer na mesa.
Tiro uma nota de cem e entrego ao garçom que demora a entender o que estou fazendo:
– Traga seu melhor prato. – Estendo também o cartão preto e dourado em meu nome. – E o melhor vinho e fiquem abertos até eu quiser ir embora.
– Mas senhor...
O recepcionista coloca a mão no ombro do garçom o tirando do lado da mesa. Com o meu sobrenome posso comprar aquele restaurante, o bom de ser rico é isso, ninguém pode te impedir de fazer algo. Mas a vida não liga para o tamanho da sua conta, a vida não liga para sentimentos e a vida não liga para eu ser jovem demais para morrer.
– Senhor Henkel...
– Esdras, eu me chamo Esdras, Catherine. – Estendo a carta de demissão de volta para ela. – E não vou assinar isso, nem caneta tenho.
– Aqui. – Me estende uma caneta rosa e mais uma vez rouba minha taça de vinho. – Serio, você é muito escroto e babaca.
– Acho que você está ficando bêbada.
– Assina logo isso seu B-A-B-A-C-A. – Ela grita soletrando a última palavra, confirmando a minha suspeita de que realmente está bêbada. Duas taças do melhor vinho da adega bebidos em um só gole deixa uma garotinha como ela com grandes problemas.
– Para começar Cat eu não posso assinar um documento oficial com caneta rosa. – Alguém me estende uma caneta azul, pego-a e quebro-a. – Como pode ver não tem caneta azul aqui. Você está bêbada, está me irritando e eu vou te levar para casa. Então faça o favor de parar com essa história de 'babaca' e me obedecer.
– 'Vochê' não é meu pai. – Sorrio ao ouvir seu tom bêbado trocando a última silaba da palavra como se fosse uma criança boba. – Para de rir de miiim.
– Vamos para casa. – Ajudo-a a ficar em pé, ela se apoia em meu ombro e tenta, sem sucesso pegar a bolsa na cadeira.
– Na minha ou na sua casa?
A garçonete se aproxima e me ajuda a pegar os pertences de Catherine, bolsa, batom, um celular que não para de tocar e a porcaria da pesquisa sobre minha doença. Quando já estou do lado de fora, antes de colocar Catherine no carro, a garçonete se atreve a fazer a pergunta que todos no restaurante queria vociferar:
– Vocês são namorados? – Sua expressão é de impassível, mas seu tom é como se sentisse nojo da ideia.
– Não é da sua conta, mas somos só amigos, bons amigos.
– E ela sabe disso?
– Claro! – Exclamo irritado enquanto entro no carro e dou a partida, saio cantando pneus.
***
Catherine liga o som do carro e coloca numa estação de rádio aleatória, mas não gosta de nenhuma música. Sem jeito começa a mexer na bolsa a procura do celular e entra em desespero quando não acha:
– Henkel cadê meu celular! Me roubaram!
– Cat seu celular está no meu bolso.
– Do que você me chamou?
– Cat. – Sorrio desviando por segundos os olhos da estrada para olha-la. – Combina com você, afinal seu nome é Catherine e é muita gata.
– Cara você é muito...
– Babaca. Já sei. – Aperto o volante com força ao sentir um repentino vazio no estomago. – Ela dá uma gargalhada intensa, coloca os pés para cima e sua saia levanta revelando um pouco mais de sua coxa, que eu faço o possível para não olhar.
Estaciono o carro no acostamento. Cat, sim decidi chama-la assim sempre, me olha curiosa por saber o porquê de eu ter parado. Sorrio para ela e ela faz o mesmo. Então desabotoo botão por botão da minha camisa e tiro-a ficando com o peito nu. Ela se move no banco e fica de lado, olhando-me.
Coloco a camisa nela e fecho os primeiros botões. Catherine não é uma garota baixinha, mas comparada ao meu tamanho, 1;98m, a camisa fica gigante nela, cobrindo todas as partes que antes me tentavam.
Sorrio satisfeito e ligo o carro novamente, mas sou interrompido por um toque dela. Cat coloca as mãos nos meus ombros e, devagar desce até o peito esquerdo como se desenhasse algo ali. Não é um toque sensual, não deveria ser ao menos, mas todo meu corpo se arrepia e meu coração acelera tanto que posso ouvi-lo. É como se as batidas tentassem cantar uma canção para aquele momento, uma harmonia sem igual.
Cat desce a mão até o cós da minha calça e passa o dedo indicador pela costura de um dos bolsos, fecho os olhos e conto até um milhão. Ela sorri e envia a mão no meu bolso e só então percebo o que está fazendo. Tudo o que ela quer é o maldito celular que continua a tocar.
O toque do celular dela é animado, uma música jovem e descontraída, logo reconheço a voz de Miley Cyrus na antiga canção Party in the U.S.A. Ao invés de atender, Cat começa a dançar, joga o cabelo de um lado para o outro e simula as baquetas da bateria com a mão.
Volto a dirigir, ainda desconcertado, e em minutos chego em casa. Eu até queria, e deveria ter a levado para a casa dos pais dela, mas eu não sabia o endereço e ela adormecera no meio da música.
Pego-a no colo, sinto minhas pernas bambas e um cansaço repentino, mais um sintoma da minha doença, ainda assim consigo leva-la sem nenhum acidente. Coloco-a na minha cama e cubro-a com minha coberta e então sento-me ao seu lado na tentativa de descansar um pouco antes de ir para o quarto de hospedes.
Meus olhos ficam pesados e meu corpo caí sobre a cama, a centímetros dela. Tudo fica escuro e a última coisa que ouço é um suspiro doce:
– Henkel você é tão baba...
Como vocês foram lindas e perfeitas postei mais um capítulo, mas agora é só sábado mesmo em kkkk.
Preparem para grandes emoções com esse livro, vai ter chororô.
Ps: A frase terminou no meio pq ele adormeceu (caso alguém ache estranho). Beijinhos.
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Na batida do coração
RomanceO termo médico Cardiopatia dilatada nunca havia chegado aos ouvidos de Esdras Felipe Henkel, um empresário do ramo da tecnologia, até o dia em que foi diagnosticado com tal doença. Doença essa caracterizada por aumentar seu ventrículo esquerdo e, co...