Capítulo três

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Catherine continua sentada, me encarando. O garçom trouxe a conta eu paguei, mas continuamos sentados arrogantemente:

– Senhor Henkel eu sinto muito, mas quando escolheu pedir a conta tirou seu direito de permanecer na mesa.

Tiro uma nota de cem e entrego ao garçom que demora a entender o que estou fazendo:

– Traga seu melhor prato. – Estendo também o cartão preto e dourado em meu nome. – E o melhor vinho e fiquem abertos até eu quiser ir embora.

– Mas senhor...

O recepcionista coloca a mão no ombro do garçom o tirando do lado da mesa. Com o meu sobrenome posso comprar aquele restaurante, o bom de ser rico é isso, ninguém pode te impedir de fazer algo. Mas a vida não liga para o tamanho da sua conta, a vida não liga para sentimentos e a vida não liga para eu ser jovem demais para morrer.

– Senhor Henkel...

– Esdras, eu me chamo Esdras, Catherine. – Estendo a carta de demissão de volta para ela. – E não vou assinar isso, nem caneta tenho.

– Aqui. – Me estende uma caneta rosa e mais uma vez rouba minha taça de vinho. – Serio, você é muito escroto e babaca.

– Acho que você está ficando bêbada.

– Assina logo isso seu B-A-B-A-C-A. – Ela grita soletrando a última palavra, confirmando a minha suspeita de que realmente está bêbada. Duas taças do melhor vinho da adega bebidos em um só gole deixa uma garotinha como ela com grandes problemas.

– Para começar Cat eu não posso assinar um documento oficial com caneta rosa. – Alguém me estende uma caneta azul, pego-a e quebro-a. – Como pode ver não tem caneta azul aqui. Você está bêbada, está me irritando e eu vou te levar para casa. Então faça o favor de parar com essa história de 'babaca' e me obedecer.

– 'Vochê' não é meu pai. – Sorrio ao ouvir seu tom bêbado trocando a última silaba da palavra como se fosse uma criança boba. – Para de rir de miiim.

– Vamos para casa. – Ajudo-a a ficar em pé, ela se apoia em meu ombro e tenta, sem sucesso pegar a bolsa na cadeira.

– Na minha ou na sua casa?

A garçonete se aproxima e me ajuda a pegar os pertences de Catherine, bolsa, batom, um celular que não para de tocar e a porcaria da pesquisa sobre minha doença. Quando já estou do lado de fora, antes de colocar Catherine no carro, a garçonete se atreve a fazer a pergunta que todos no restaurante queria vociferar:

– Vocês são namorados? – Sua expressão é de impassível, mas seu tom é como se sentisse nojo da ideia.

– Não é da sua conta, mas somos só amigos, bons amigos.

– E ela sabe disso?

– Claro! – Exclamo irritado enquanto entro no carro e dou a partida, saio cantando pneus.

***

Catherine liga o som do carro e coloca numa estação de rádio aleatória, mas não gosta de nenhuma música. Sem jeito começa a mexer na bolsa a procura do celular e entra em desespero quando não acha:

– Henkel cadê meu celular! Me roubaram!

– Cat seu celular está no meu bolso.

– Do que você me chamou?

– Cat. – Sorrio desviando por segundos os olhos da estrada para olha-la. – Combina com você, afinal seu nome é Catherine e é muita gata.

– Cara você é muito...

– Babaca. Já sei. – Aperto o volante com força ao sentir um repentino vazio no estomago. – Ela dá uma gargalhada intensa, coloca os pés para cima e sua saia levanta revelando um pouco mais de sua coxa, que eu faço o possível para não olhar.

Estaciono o carro no acostamento. Cat, sim decidi chama-la assim sempre, me olha curiosa por saber o porquê de eu ter parado. Sorrio para ela e ela faz o mesmo. Então desabotoo botão por botão da minha camisa e tiro-a ficando com o peito nu. Ela se move no banco e fica de lado, olhando-me.

Coloco a camisa nela e fecho os primeiros botões. Catherine não é uma garota baixinha, mas comparada ao meu tamanho, 1;98m, a camisa fica gigante nela, cobrindo todas as partes que antes me tentavam.

Sorrio satisfeito e ligo o carro novamente, mas sou interrompido por um toque dela. Cat coloca as mãos nos meus ombros e, devagar desce até o peito esquerdo como se desenhasse algo ali. Não é um toque sensual, não deveria ser ao menos, mas todo meu corpo se arrepia e meu coração acelera tanto que posso ouvi-lo. É como se as batidas tentassem cantar uma canção para aquele momento, uma harmonia sem igual.

Cat desce a mão até o cós da minha calça e passa o dedo indicador pela costura de um dos bolsos, fecho os olhos e conto até um milhão. Ela sorri e envia a mão no meu bolso e só então percebo o que está fazendo. Tudo o que ela quer é o maldito celular que continua a tocar.

O toque do celular dela é animado, uma música jovem e descontraída, logo reconheço a voz de Miley Cyrus na antiga canção Party in the U.S.A. Ao invés de atender, Cat começa a dançar, joga o cabelo de um lado para o outro e simula as baquetas da bateria com a mão.

Volto a dirigir, ainda desconcertado, e em minutos chego em casa. Eu até queria, e deveria ter a levado para a casa dos pais dela, mas eu não sabia o endereço e ela adormecera no meio da música.

Pego-a no colo, sinto minhas pernas bambas e um cansaço repentino, mais um sintoma da minha doença, ainda assim consigo leva-la sem nenhum acidente. Coloco-a na minha cama e cubro-a com minha coberta e então sento-me ao seu lado na tentativa de descansar um pouco antes de ir para o quarto de hospedes.

Meus olhos ficam pesados e meu corpo caí sobre a cama, a centímetros dela. Tudo fica escuro e a última coisa que ouço é um suspiro doce:

– Henkel você é tão baba...

Como vocês foram lindas e perfeitas postei mais um capítulo, mas agora é só sábado mesmo em kkkk.

Preparem para grandes emoções com esse livro, vai ter chororô. 

Ps: A frase terminou no meio pq ele adormeceu (caso alguém ache estranho). Beijinhos.

Na batida do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora