Capítulo dois

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O dia estava extremamente esquisito na empresa, os negócios estavam excelentes, os funcionários trabalhavam com vigor, mas eu não conseguia fazer nada certo.

Marcel me pediu para assinar o mesmo documento sete vezes e todas às vezes eu assinei 'Esdras' e não 'Esdras F. Henkel - CEO da rede Henkel Tecnologias'. O motivo de tamanha distração tinha dezessete anos, cabelos platinados e os olhos cor de avelã.

- Senhor Henkel? - Ela me chama sem entrar na sala.

- Entre Catherine. - Peço sem muito entusiasmo aparente. Todos meus pensamentos estavam direcionados a ela, mas não queria que isso fosse um empecilho no trabalho. - O que você precisa? - Digito qualquer coisa no notebook apenas para fingir estar ocupado.

Catherine muda o pé de apoio e encara o notebook como se estivesse sem coragem de falar. Não olho diretamente para ela, mas sei que, assim como eu, ela sente o estranho clima que fica entre nós.

Ergo os olhos por alguns segundos, ela abre a boca e solta um suspiro ao responder monossílaba:

- Você.

Abaixo a tela do notebook e a encaro diretamente, mais uma vez sua pele adquiri um tom rosado e doce. Ela corre os dedos da mão direita pela pulseira e morde os lábios. É notável o quanto está nervosa por estar na minha presença. Ela está tão nervosa que nem nota que o que falou pode facilmente ser interpretado de uma maneira completamente sensual. Sem poder conter, mostro um sorriso de canto e levanto-me indo até ela.

Por um momento desejo tocar em seu rosto e sentir se sua pele rosada está quente como eu imagino, mas evito qualquer coisa de que possa me arrepender depois.

Tenho vinte oito anos de vida, tempo suficiente para saber que apesar do amor existir e ser algo de extrema importância, não servia para mim e não seria agora, que eu tinha menos de um ano de vida, que iria me apaixonar.

Arrumo a gravata, estou a centímetros de Catherine e ela não se move, passo a mão pelo cabelo, que é cortado rente ao couro cabeludo, solto um suspiro e falo:

- Ok, sou todo seu. - Levanto as mãos em sinal de rendição.

Catherine levanta uma sobrancelha me desafiando, continuo com o meu melhor sorriso nos lábios, as mãos ainda levantadas e quando acho que ela não vai fazer nada sou surpreendido. Ela agarra minha gravata e começa a me puxar até a saída da sala como se aquilo fosse normal. A sorte é que não há nenhum funcionário por ali, mas saber que não causo medo nela me dá um novo sentimento de satisfação o qual não conhecia.

Quando chegamos na porta da sala onde os estagiários estão Catherine me solta, arruma a gravata da melhor maneira possível e sorri:

- Com todo respeito senhor Henkel, mas você é um babaca.

- Eu sei, pense pelo lado positivo, em um ano você terá um novo chefe e talvez ele seja menos babaca.

Catherine revira os olhos e abre a porta me deixando passar.

- O que aconteceu? - Pergunto ao estagiário que está sentado na frente de um computador.

- O computador pirou. - Ele dá de ombros.

Analiso o computador por alguns segundos, aperto a tecla 'ctrl' e tudo se resolve. Todos olham impressionados, menos Catherine, a única que eu queria impressionar, ou não, quando se trata dela eu nunca sei o que quero e só a conheço há algumas horas.

- Catherine que tal uma bebidinha depois do trabalho? - O mesmo cara que não conseguiu arrumar o computador se põe entre nós.

Ela olha para mim com uma expressão impassível, como se eu tivesse culpa de um idiota daqueles estar dando em cima dela. Continuo em silêncio, atento para ouvir qual será a resposta dela, mas Marcel entra e me puxa para fora da sala com urgência:

Na batida do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora