Capítulo 7: Sussurros nas Sombras

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Elijah Adkins estava sentado na escrivaninha de seu quarto, os olhos fixos no monitor enquanto digitava com rapidez e precisão. A luz suave do abajur iluminava o ambiente, refletindo nos papéis espalhados pela mesa. Para qualquer um, poderia parecer um estudante comum mergulhado em seus estudos, mas Elijah estava longe disso. Ele navegava pelo Nexus, traçando novos planos com o cuidado de quem caminha sobre uma corda bamba acima do abismo.

As últimas semanas haviam sido um teste para sua habilidade. Ele manipulou alvos estrategicamente, pessoas cujas ações poderiam mudar a estrutura de sistemas corruptos. Mas agora, a cada novo movimento, ele sentia uma sombra crescente em seu encalço. Não era algo que ele podia apontar com clareza; era mais uma sensação, um desconforto instintivo.

Seus dedos pararam sobre o teclado. Ele olhou para a tela, onde os dados do político de Osaka ainda estavam abertos. O homem era um símbolo da podridão que Elijah queria erradicar: influente, racista, e um mestre em encobrir seus esquemas. Elijah tinha exposto seus contratos corruptos, mas isso não era suficiente. Ele precisava garantir que o sistema que sustentava o político também ruísse.

Depois de alguns minutos de análise, Elijah encontrou uma nova peça do quebra-cabeça: empresas de fachada que financiavam ilegalmente campanhas políticas. Aquelas conexões precisavam ser expostas. Ele começou a redigir comandos no Nexus, alinhando dados que seriam liberados para jornalistas locais - pessoas que ele sabia que não hesitariam em publicar a verdade.

Enquanto isso, na sala ao lado, Riko brincava no tapete com sua boneca favorita, rindo alto. Elijah lançou um olhar pela porta entreaberta e sorriu. Sua meia-irmã era um lembrete constante de por que ele fazia tudo aquilo. Ele queria construir um mundo em que crianças como ela não precisassem viver sob sistemas corruptos e desigualdades estruturais.

Ainda assim, o desconforto persistia. Ele decidiu sair para espairecer. Desligou o computador, pegou o casaco e desceu as escadas.

- Pai, vou dar uma volta. Volto mais tarde.

- Certo, só não chegue muito tarde - respondeu o homem sem levantar os olhos do jornal.

Elijah saiu, enfiando as mãos nos bolsos enquanto andava pelas ruas iluminadas de Shibuya. Ele gostava de observar as pessoas, tentar entender como funcionavam, como pensavam. Essa habilidade de ler comportamentos era uma de suas maiores armas.

No entanto, aquela sensação incômoda não o abandonava. Ele pegou o celular para checar as notícias, buscando qualquer coisa que pudesse indicar um padrão estranho. Nenhum escândalo novo havia surgido, mas os fóruns online estavam começando a especular. "Coincidências demais", dizia uma postagem. Outra sugeria que poderia haver uma "mente invisível" por trás de certos eventos. Elijah sabia que eram apenas murmúrios, mas murmúrios podiam crescer.

De volta ao quarto, ele traçou um plano mais cauteloso. Decidiu criar pequenas distrações, ações que dispersassem a atenção de qualquer possível observador. Ele usaria o Nexus para influenciar figuras menores - pessoas com pouco alcance, mas cujas mudanças de comportamento ajudariam a confundir qualquer narrativa que estivesse sendo montada.

No caso de um empresário corrupto de Osaka, ele tomou uma decisão calculada: ao invés de expor tudo de uma vez, Elijah liberaria as informações gradualmente, em uma sequência que faria parecer que as descobertas eram fruto de investigações tradicionais, e não de uma inteligência superior.

Enquanto finalizava os detalhes, notou um detalhe peculiar. Um dos alvos anteriores que ele havia manipulado - um jornalista - havia começado a receber perguntas estranhas sobre como conseguira certos dados. Não parecia ser algo formal, como de uma agência governamental, mas ainda assim chamou sua atenção.

Elijah sabia que, quanto mais se movimentava, mais atraía olhares curiosos. Ele precisava ser cuidadoso, mas não podia parar. O Nexus era a sua chance de mudar o mundo, e ele não permitiria que nada o impedisse.

Enquanto o relógio marcava 3 da manhã, ele fechou os olhos por um instante, sentindo o peso das escolhas que havia feito. "Se alguém está vindo atrás de mim, que venha", pensou. "Mas será um jogo que eu vou ganhar."

Na escuridão do quarto, o monitor piscava suavemente, como se esperasse o próximo movimento de seu mestre.

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⏰ Última atualização: Jan 18 ⏰

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