Talvez, Amor- O Furacão

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No fundo, não sei se foi amor. Ou se eu apenas quis acreditar que era, porque algo tão avassalador não podia ser chamado de outra coisa. Mas, e se eu estiver errada? E se o amor for outra coisa, algo mais calmo, menos doloroso, menos insano? Então o que senti não era amor, era um erro. Era um tropeço. Era uma ferida que eu mesma cavava no meu peito, como quem busca algo escondido, mesmo sabendo que não há nada lá.

Ainda assim, não consigo negar o que vivi. Aquele furacão me destruiu, me jogou em pedaços pelo chão, mas também me fez sentir coisas que, até então, eu nem sabia que existiam. Quem pode viver de forma tão intensa e sair ileso? Ninguém. O amor ou o que eu chamei de amor me mudou, mesmo enquanto me despedaçava. Ele era ao mesmo tempo a faca e a cicatriz, a fome e o banquete, o veneno e a cura.

Às vezes, me pergunto: teria sido melhor nunca tê-lo sentido? Nunca ter permitido que entrasse tão fundo, tão violentamente em mim? Seria eu mais feliz se tivesse mantido o coração intacto, limpo, seguro? Não sei. Talvez. Mas essa ideia de segurança soa agora como uma prisão. Eu vivi. Mesmo com toda a dor, com toda a dúvida, eu vivi.

Se foi amor, ou se foi apenas uma sombra dele, não importa mais. O que importa é que ele me arrancou da monotonia, me fez enxergar o mundo de uma forma que eu não via antes. Ele me obrigou a questionar o que eu achava que sabia sobre mim mesma. Ele me fez entender que amar não é apenas sobre o outro – é sobre o que você é capaz de suportar, sobre até onde está disposto a ir para sentir, para se perder e, quem sabe, se encontrar.

Talvez o amor verdadeiro seja mais simples, mais suave. Talvez o que vivi tenha sido apenas um reflexo, uma ilusão. Mas, mesmo assim, foi meu. E, por mais que tenha me quebrado, ele também me deu algo que nunca poderei esquecer: a certeza de que, por um momento, eu estive viva de verdade. E, no fim, talvez isso seja o suficiente.

Como Eu Realmente Te AmeiOnde histórias criam vida. Descubra agora