Matemática do teu coração || marena

4.0

  Lorena observava a amiga almoçar em silêncio, mas estava meio surtando por dentro, mas só meio. Ela e Charlotte estavam em uma das mesas da lanchonete, mesa essa que foi estrategicamente escolhida para dar uma visão do corredor de exatas e da saída. Se Mário procurasse por ela, Lorena veria.
  -- Quer? - Charlotte ofereceu um pouco da salada esquisita que comia. Lorena negou com a cabeça, com medo que sua ansiedade a fizesse colocar tudo para fora logo em seguida. Charlotte almoçava na escola porque ia ficar na detenção e a loira fazia companhia para ela enquanto Mário não aparecia - Não precisa ficar nervosa, Lolo. Vocês não conversam, tipo, todo dia?
  -- Eu não tô nervosa. - Lorena respondeu.
  -- Imagina se tivesse - Charlotte revirou os olhos, enfiando mais comida na boca.
  Lorena sorriu irônica para amiga que retribuiu o sorriso. Olhou seu celular para conferir o horário, se demorasse demais ela perderia o episódio do mesmo jeito.
  Como se soubesse que ela tinha baixado o olhar naquele momento, Mário surgiu, se sentando ao seu lado.
  -- Oi - O garoto disse, rindo com o susto que Lorena levou.
  -- Oi - Ela sorriu, depois de se recuperar do susto.
  Junto com ele estavam os dois amigos, cada um com o seu próprio almoço em mãos.
  -- Electra - Gael cumprimentou, sentando-se ao lado de Charlotte, que revirou os olhos e se concentrou em sua comida.
  -- Vamos? - Mário perguntou.
  -- Claro - Lorena respondeu, se levantando e pegando sua mochila no chão - Lottie, a gente se fala depois?
  -- Óbvio - a morena respondeu, soprando um beijo para a amiga, que retribuiu o gesto.
  Eles saíram da escola e pegaram o caminho até a casa dela. Lorena já conhecia esse caminho perfeitamente, fazia ele desde os 7 anos, com a irmã mais velha e depois sozinha ou com Charlotte. Mas, enquanto Mário explicava para ela o novo filme que o irmão estava gravando, ela se perguntou como ele sabia que a casa dela ficava por ali.
  -- Ei, como você sabe que minha casa é pra cá? - Lorena perguntou.
  -- É que na verdade eu sou um stalker e estou te perseguindo a três anos, sei onde você mora, a rotina de todos os membros da sua família e isso é um sequestro - Mário disse com a voz séria, mas logo em seguida suavizou a expressão e começou a rir - É brincadeira, a Charlotte me passou seu endereço.
  Lorena mostrou a língua para o garoto, enquanto ele ria, mas logo estava rindo com ele. A loira reparou na risada dele e pensou como poderia passar muito tempo só ouvindo Mário rir.
  -- Mas por que você não podia esperar a Charlotte hoje? - O garoto perguntou, quando os dois pararam de rir.
  -- Ah, é que tem uma série que eu acompanho, que lança episódio novo toda quinta e a internet da escola é péssima.
  -- Qual série? É sobre o que?
  E então Lorena desatou a falar. Sobre os personagens, o universo, o último episódio e tudo que fazia ela gostar tanto. Mário entendia pouca coisa do que ela dizia, mas encarava a garota com um ar de encantamento, como se bebesse cada uma das palavras dela.
  -- Falei demais, né? - A loira parou de falar, envergonhada, e sentiu suas bochechas corarem.
  -- Não, continua! - Ele disse - Eu adoro ouvir você.
  Lorena sentiu que estava mais vermelha, odiava quando isso acontecia.
  -- Seus olhos brilham quando você fala do que gosta, sabia? - Mário parecia achar graça da vergonha dela. - É muito fofo.
  Ela riu, ainda sem graça.
  Mário viu a padaria e casa da menina se aproximando e respirou fundo, se lembrando de tudo que os amigos haviam dito, era agora ou nunca.
  -- Ei, Lorena. - Ele parou de andar
  -- Hm? - Ela continuou andando mas depois reparou que ele não acompanhava - Que foi?
  -- Você vai fazer alguma coisa sábado agora?
  Ela prendeu a respiração. Aquilo era o que ela achava que era?
  -- Não, por quê?
  -- É... eu queria saber se... - Ele estava nervoso e Lorena sorriu, achando fofo - Queria saber se você quer sair comigo.
  -- Tá me chamando pra um encontro, Antunes? - Ela arqueou a sobrancelha, seu sorriso se alargando.
  -- Tô sim.
  -- Certo - Ela se virou e continuou andando.
  Então era isso, ele ia ficar sem resposta? Mário correu atrás dela, segurando seus braços e virando-a pra ele, obrigando a garota a parar. Lorena reparou que ele não soltou suas mãos e que eles estavam mais perto que o normal, mais perto que o necessário para pessoas que estavam só conversando.
  -- Não acha que eu vou embora sem uma resposta, né? - Mário sorriu.
  -- E o meu tempo pra pensar? - Lorena perguntou, mesmo sabendo que não precisava de nada disso.
  -- Hm...? - Ele disse como se estivesse pensando e depois falou - Já acabou.
  Lorena percebeu que ele olhava pra ela cheio de expectativa, e talvez ela também estivesse assim. Suas mãos ainda estavam entrelaçadas e os dois estavam tão perto que poderia sentir a respiração um do outro.
  -- Eu saio com você - Ela disse, e se sentindo particularmente ousada naquele momento, se levantou nas pontas dos pés e deixou um beijo na bochecha do garoto, quase perto demais do canto de sua boca - Tchau, Mário - Ela disse, e foi embora, deixando o garoto meio atordoado, enquando observava ela entrar em casa.