Minha recuperação foi lenta. Após a cirurgia, passei mais uma semana no hospital sob observação. O médico queria ter certeza de que meu corpo aceitaria bem o novo órgão. Eu me sentia diferente, quase renovada. Meu corpo era meu novamente — e tudo graças a Emma.
Ela também estava se recuperando bem. Tia Caroline esteve ao lado dela o tempo todo, garantindo que nada lhe faltasse.
Quando recebi alta, senti um alívio indescritível, como se um peso imenso tivesse sido retirado das minhas costas. Penelope insistiu veementemente para que eu fosse para sua casa. Lá, eu teria conforto e todos os cuidados necessários. Mas, apesar de sua insistência, recusei com um sorriso agradecido.
— Eu só quero a paz da minha casa, Penelope. Estou com saudades da livraria, do meu quarto... De sentar na varanda e sentir a brisa reconfortante.
Ela suspirou, contrariada, mas aceitou minha decisão. No entanto, no dia seguinte, apareceu com Maria, sua empregada mais antiga e confiável. Maria parecia radiante ao me ver bem.
— Eu não poderia ficar tranquila sabendo que você está sozinha — disse Penelope, cruzando os braços. — Então trouxe alguém para garantir que você siga todas as recomendações médicas.
Maria sorriu, demonstrando toda a sua doçura. Ela era uma enfermeira aposentada, que saberia exatamente como cuidar de mim, além de ser uma cozinheira excepcional. Nos demos bem desde a primeira vez que fui à mansão dos Parks. Agora, ela preparava refeições leves e deliciosas, cuidando de mim com zelo e proteção.
Lizzie a ajudava em praticamente tudo, enquanto vovó, mais tranquila com minha recuperação, voltou a se dedicar à livraria. Josh assumira todas as responsabilidades durante o período em que estive hospitalizada. Ao anoitecer, Elliot levava Maria de volta à mansão, e Penelope dormia comigo.
— Não adianta discutir — ela dizia todas as noites, ajeitando um travesseiro ao meu lado. — Não vou te deixar sozinha.
Maria dava a ela todas as instruções sobre os medicamentos, caso eu sentisse dor. Eu me sentia tão amada por todos eles. Estavam ali por mim, pelo que viesse.
Véspera de Natal
À medida que o Natal se aproximava, as ruas e casas ficavam cada vez mais iluminadas. Parecia uma competição para ver quem enfeitava melhor. O frio se intensificava, anunciando a chegada do inverno.
Minha recuperação estava progredindo bem. Já conseguia caminhar e passar longos momentos sentada na varanda, sentindo a brisa gelada tocar meu rosto. As aulas haviam sido encerradas, e todos estavam aproveitando as férias.
Um dia antes da véspera de Natal, a casa estava aconchegante. O cheiro de biscoitos e chocolate quente se espalhava pelo ar. Maria e Lizzie decidiam como iriam decorar a mesa da ceia, enquanto vovó e Josh estavam na rua comprando alguns mantimentos que faltaram. O clima festivo era tão bom. Eu estava no meu quarto quando Penelope apareceu na varanda, vestindo um casaco longo de lã, suas bochechas levemente coradas pelo frio. Ela se aproximou e sentou ao meu lado, cobrindo-nos com uma manta.
— Está confortável? — perguntou, sua voz suave.
Assenti, observando a rua iluminada.
— Nunca pensei que passaria esse Natal assim — murmurei. — Depois de tudo o que aconteceu... eu achei que talvez não tivesse essa chance.
Penelope virou o rosto para me encarar, seus olhos carregados de sentimentos.
— Você tem ideia do quanto eu tive medo? — Sua voz estava embargada. — Eu nunca me senti tão impotente quanto naquele hospital.
Segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos.
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Incapaz de Esquecer / EM REVISÃO
FanfictionDuas irmãs marcadas por um passado terrível encontram a chance de recomeçar. O destino as leva para a cidade de Manassas, Virgínia, onde passam a morar com sua avó, Elizabeth, uma senhora simpática e proprietária de uma charmosa livraria-café. Joset...