Capítulo 09

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— Devolva minha luva! — exigi, enquanto a tensão entre nós crescia.

— Elsa, eu não consigo mais viver assim! — Anna estava claramente angustiada.

Como eu desejava que Jack estivesse ao meu lado naquele momento, para me dar força e conselho.

— Está livre para ir! — disse, sentindo-me acuada.

— O que foi que eu fiz para você? — Anna perguntou, confusa e magoada.

— Já chega, Anna!

— Não, por que você me abandonou? Por que se isolou do resto do mundo? Do que você tem tanto medo? — Sua voz estava cheia de dor e incompreensão.

— Eu disse, já chega! — Minha voz ecoou mais alto do que pretendia, e num gesto involuntário, faíscas de gelo emanaram de minha mão, congelando parte do salão.

Os murmúrios de "Monstro" e "Feiticeira" cortaram o ar, atingindo-me como flechas envenenadas. O pânico tomou conta de mim, e, sem pensar, fugi daquele lugar que, até então, chamava de lar.

Lá fora, os plebeus me cumprimentavam com reverência, sem saber do caos que se instalara dentro de mim. Ao congelar uma poça d'água acidentalmente, e quase atingir o comerciante com uma bola de gelo, minha decisão de fugir se solidificou.

Anna correu atrás de mim, mas meu desespero só aumentava. Diante de um rio, pisei em suas margens, e, sob o impulso do medo, congelei a superfície com meus passos. Enquanto Anna gritava meu nome, continuei correndo, sem olhar para trás.

Chegando à margem oposta, vi que havia congelado o rio inteiro. Naquele momento, o peso de ser considerada um monstro era insuportável.

Eu tinha que fugir daquele lugar, fugir de quem eu era, porque lá, cercada por medo e incompreensão, eu era um monstro aos olhos de todos. A única opção que me restava era o exílio, longe de Arendelle, longe de Anna, longe de uma vida que eu não podia mais chamar de minha.

Sentimentos CongeladosOnde histórias criam vida. Descubra agora