𝑬𝒏𝒆𝒎𝒚 𝒍𝒐𝒗𝒆 - 𝑹𝒆𝒏𝒆𝒔𝒍𝒆𝒄

𝟑𝟏

Renesmee

Eu estava sozinha em casa, o silêncio se estendendo ao meu redor, até que meu celular vibrou. A mensagem de Alec apareceu na tela, simples e direta: "Podemos nos encontrar na floresta? Tenho algo importante para te dizer."

O coração deu um salto. Eu sabia que algo estava prestes a acontecer. Sem hesitar, vesti a primeira roupa que encontrei e saí em direção à floresta, o frio cortante da noite fazendo meu rosto arder enquanto eu corria pela trilha que conhecia tão bem. Eu ansiava por vê-lo novamente, mesmo depois de poucas horas desde que ele me deixara em casa, mas algo naquelas palavras de Alec me deixou inquieta.

Quando finalmente cheguei ao nosso local, vi Alec parado de costas para mim, seu corpo tenso e sua postura um tanto distante. Ele olhava fixamente para o horizonte, como se estivesse em profunda reflexão.

— Alec? — minha voz soou mais suave do que eu esperava, mas ainda assim ele virou rapidamente, seus olhos se fixando em mim com uma intensidade que quase me fez parar no lugar.

Ele parecia... diferente. Mais fechado. Seu semblante estava sério, quase pesado, e isso só aumentava a ansiedade que crescia dentro de mim.

— O que aconteceu? — perguntei, minha voz falhando um pouco enquanto eu me aproximava dele. O vento fazia meu cabelo balançar em minha face, mas eu não me importava. Só queria entender o que estava acontecendo.

Ele demorou alguns segundos antes de falar, o olhar ainda fixo em mim.

— Eu tenho que ir. — Ele disse, as palavras tão secas que quase não consegui processá-las. — Aro mandou chamar. O acordo acabou.

Eu congelei, o mundo ao meu redor parecia girar lentamente, e o frio que antes sentia, agora parecia ter tomado conta do meu peito.

— O que você quer dizer com isso? — minha voz estava mais baixa agora, quase um sussurro, enquanto as palavras dele se instalavam na minha mente, mas eu me recusava a acreditar nelas. Ele estava mentindo, não podia ser.

Ele deu um passo à frente, mas não me tocou. Seus olhos, sempre tão seguros, agora estavam carregados de algo que eu não conseguia identificar — um misto de dor e desespero, talvez.

— Não posso mais ficar aqui. Aro tomou uma decisão, e você... você não pode se envolver mais nisso, Renesmee. Eu não quero que você sofra por minha causa.

As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. A dor que eu sentia não era só pela distância que se formava entre nós, mas pela sensação de que ele estava se afastando, não só fisicamente, mas também emocionalmente.

— Você... está me deixando? — Perguntei, as palavras saindo com dificuldade, como se uma parte de mim não quisesse acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

Ele balançou a cabeça lentamente, seu rosto marcado por um conflito interno que eu nunca imaginei que veria.

— Eu não tenho escolha, Renesmee. Eu queria que fosse diferente, mas o que Aro quer... é mais forte do que eu.

Eu dei um passo atrás, meu coração batendo descompassado. A raiva e a dor se misturavam dentro de mim, e a última coisa que eu queria fazer era chorar na frente dele. Mas não consegui conter a dor que se espalhou pelo meu peito.

— Então isso é tudo? Depois de tudo o que vivemos... você vai simplesmente embora?

Ele ficou em silêncio por um momento, a luta interna visível em cada linha de seu rosto. Então, com um suspiro, ele deu um passo na minha direção, como se quisesse me alcançar, mas parou antes que pudesse me tocar.

— Eu nunca quis te machucar, Renesmee. Mas se eu ficar, você vai estar em perigo. Eu não posso deixar isso acontecer.

Eu olhei para ele, o medo começando a me consumir. Se ele fosse embora, o que aconteceria comigo? E o que ele significava para mim?

— E o que você quer que eu faça? — perguntei, a voz quase um grito, sem saber como lidar com aquela dor avassaladora. — Você está me dizendo que deve me deixar... por minha segurança?

Ele fechou os olhos por um momento, como se fosse mais fácil lidar com a situação de olhos fechados. Quando os abriu novamente, havia uma tristeza imensa neles.

— Sim, Renesmee. Isso é o melhor para você. Eu tenho que ir, e você precisa ficar aqui.

As palavras dele cortaram meu coração, e uma parte de mim sabia que ele estava certo, mas outra, a maior parte de mim, queria apenas gritar e correr atrás dele, pedir para ele não ir.

— Então, isso é um adeus? — minha voz mal saiu, e eu vi ele hesitar por um segundo. Mas então ele se virou, caminhando lentamente para longe de mim.

— Até logo, Renesmee. — E com essas palavras, ele desapareceu na escuridão da floresta, deixando-me ali, com o coração partido e o futuro incerto diante de mim.

Quando Alec se foi, eu fiquei ali, parada no meio do campo, sem conseguir me mover. Tudo ao meu redor parecia desmoronar, como se o mundo tivesse parado de girar. Eu não conseguia processar o que acabara de acontecer, como se a realidade tivesse se distorcido de uma forma que eu não conseguisse mais compreender. Alec havia ido embora, e eu... eu não sabia como lidar com aquilo.

O vazio em meu peito parecia me engolir por completo. A dor era insuportável, como se uma parte de mim tivesse sido arrancada e levada para longe. O que eu mais temia estava acontecendo: ele havia se afastado, e nada poderia mudar isso.

Quando senti que ele estava longe o suficiente para não me ouvir, eu finalmente me permiti desabar. Meu corpo tremeu com os soluços, e eu chorei sem parar. Gritei com toda a força que ainda restava em mim, como se aquela dor pudesse ser expulsa através de cada grito. Eu queria que o mundo voltasse ao normal, queria que tudo aquilo fosse um pesadelo, que ao acordar ele estivesse ali, como sempre esteve. Mas isso não aconteceria. Alec não voltaria.

Eu caí deitada na grama, sentindo o frio da terra gelada atravessar a minha pele, mas nem isso era capaz de me afastar da dor. Tudo parecia tão vazio, tão sem sentido agora. Eu sentia como se a vida tivesse perdido o brilho, como se cada passo que eu desse daqui em diante fosse em direção ao desconhecido, sem a certeza de nada.

Eu queria poder voltar no tempo, impedir que ele fosse embora, que tudo tivesse acontecido daquela maneira. Queria voltar ao momento em que ele me olhou pela última vez, e dizer que eu não queria que ele fosse embora. Mas já era tarde. Ele havia tomado sua decisão, e eu estava sozinha.

Meus olhos se fecharam, e eu continuei a chorar, esperando que talvez, quando abrisse os olhos, ele estivesse ali novamente. Eu sabia que era tolice. Não havia mais nada ali. Só a imensidão da noite e o som do vento, que parecia zombar da minha dor.

Mas no meio daquele desespero, algo dentro de mim despertou. Algo que eu ainda não entendia completamente, mas que se fez presente como uma chama tímida, acesa no fundo do meu ser. Era como se Alec tivesse deixado uma parte dele comigo, algo que me fazia sentir que, apesar de tudo, ele ainda estaria ali, de alguma forma.

Eu não sabia quanto tempo passei ali, mas quando finalmente me levantei, o céu começava a clarear.