Capítulo 3 - Meeting

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--Sophie White--

Passamos a maior parte do trajeto conversando sobre futilidades e nossos gostos. Ele mencionava mamãe algumas vezes, mas logo muda o assunto. Contando o tempo que levamos, casa dele fica longe da cidade. Estamos passando por uma estrada que leva a um imenso portão dourado abrindo caminho à outra estrada. Porem, essa é menor que a outra e chega até a porta da casa. Se isso pode se chamar casa. Eu nunca vi um lugar tão bonito. Provavelmente o motorista errou o caminho e nós estamos no Palácio de Buckingham.

Robert me guia até porta da mansão, que se abre sozinha. E aparece um mordomo do outro lado da porta.

-Boa noite Sr. Watson - disse o mordomo.

-Boa noite Lucius - disse Robert. - Avise Martin que teremos uma convidada para o jantar.

O mordomo seguiu pelo corredor. Robert me levou até a sala e falou que eu poderia esperar lá, pois ele iria largar suas coisas no escritório. A sala era o cômodo mais bonito até agora. Com um candelabro imenso, uma lareira com a moldura dourada, dois sofás que parecem mais confortáveis que a minha cama, e um piano branco ao lado da janela. O piano foi o que mais me chamou atenção.

Quando eu era criança eu fazia aulas de piano, sempre gostei de ir. Um dos meus maiores sonhos de consumo estava bem na minha frente. Um piano de cauda Steinway & Sons. Na sala da casa do meu pai. É estranho pensar que eu tenho um pai. Há uns meses atrás eu nunca pensaria que estaria em uma mansão na Inglaterra para jantar com meu pai. Mas isso é real.

Um pigarreio me tira dos devaneios. Olho para o lado e tem um garotinho encostado na porta da sala. Ele tem cabelos castanhos quase ruivos, e olhos verdes e brilhantes. Ele segura um controle de videogame na mão e me olha com os olhos serrados.

- Quem é você?- pergunta com desconfiança.

E, antes que eu possa responder, entra uma senhora na sala na minha direção com os braços abertos.

- Você é a Sophie? - ela pergunta - Claro que é você tem o rosto igual o da Lauren. E os olhos de Robert. Eu sou a Violet, mãe do James.

A menção à minha mãe me fez sorrir. Sempre gostei quando diziam que me pareço com ela. Eu sempre admirei minha mãe, e sempre tive orgulho dela.

-Obrigada, Violet. - respondi.

O garotinho continuava a me observar de soslaio.

- Eu sou o Henry. - ele se manifestou. - Você é amiga do papai?- perguntou.

Eu não sabia o que responder. O menino provavelmente não sabe que eu sou a meia-irmã dele. Mas felizmente Robert chegou antes de eu poder me pronunciar.

- Vamos jantar? - Ele disse chegando à sala. Robert já havia tirado seu paletó. - Creio que já tenham se conhecido. - falou.

- Quem é ela papai?- indagou Henry.

- É a Sophie, filha de uma amiga minha. – Ele disse olhando diretamente para o menino. –Bom, vamos jantar?

Dirigimos-nos à sala de jantar, e a mesa estava cheia dos mais variados tipos de comida. Eu não estava preparada para isso. Tem no mínimo quatro garfos diferentes na minha frente. Ok, respira fundo e observa os outros. Repeti o meu mantra por um tempo e funcionou. Não é tão difícil, é só me acostumar.

- Queria que conhecesse Samantha, a minha mulher. - disse Robert – Ela está em Paris, e só volta no sábado.

- Ah, eu volto para Boston na quarta-feira. – falei

A verdade, é que eu não queria me envolver muito com eles. Bem, não era culpa dele eu não ter o conhecido quando era criança, mas as coisas deveriam ir com calma. Eu mal o conheço. Não é que eu vá fazer uma viagem de família com pessoas que eu conheci hoje.

- Então Sophie, como é a vida em Boston?- perguntou Violet

- É um lugar muito bom, mas talvez eu vá para a Califórnia, onde meu tio mora. – respondi.

E o resto do jantar fluiu assim, assuntos para conhecermos uns aos outros. Ou melhor, eles me conhecerem. Respondi a um imenso questionário de Henry, conversei com Violet. Diverti-me como não fazia há muito tempo. Depois do jantar fomos jogar detetive com Henry. Violet ganhou quase todas as partidas. Já estava ficando tarde, então Robert pediu ao motorista para me levar até a casa de Gabriela. Por mais que tenha pedido para voltar de táxi, tive que aceitar.

Quando cheguei, Gabriela estava olhando um filme e me chamou para me juntar a ela. Tomei um banho e voltei para a sala. Era um filme de ação sobre uma menina sequestrada, mas eu não prestei atenção. Tinha muita coisa correndo pela minha cabeça. O encontro com o meu pai, o garoto do táxi, o jantar. E principalmente o que acontecerá amanhã. Pedi licença para Gabriela e fui me deitar. Foi um dia intenso e eu precisava de um descanso.

Enquanto o meu sono não vem, fico imaginando como seria se Robert tivesse me criado. E penso que é melhor do jeito que está agora. Por mais que eu tenha tido problemas no passado, eu não seria como sou agora. Talvez a minha vida esteja indo para o caminho certo.

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