O palácio do medo

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     Parece um ponto turístico, um lugar lindo por fora...por fora. A arquitetura é gótica, lembra as antigas catedrais com torres enormes, quando acreditavam que quanto mais altas mais perto estavam de Deus. Há um grande portão e um pedaço imenso do terreno coberto por uma grama tão verde que me fazia esquecer onde eu estava, era possível ver uma floresta escondida atrás das torres. Vi uma macieira e corri para pegar uma maçã e guardar na minha mochila, meu tio fez uma cara de reprovação mas eu não liguei.

    Havia um canto com um violoncelo e um piano enorme. Lá também havia um jardim com muitas flores diferentes que deviam formar alguma imagem vistas de cima, mas levei um susto, também tinha um homem cuidando das flores que acenou para mim. Foquei minha visão em seus olhos para confirmar de que espécie ele era, humano. Os mantrikas têm os olhos das mais variadas cores, alguns usam lentes para os humanos não estranharem os olhos vermelhos, laranjas, amarelos... Porém todos mantrikas têm a pupila contornada por um pequeno "arco branco" tão fino que é imperceptível aos olhos humanos, quando estamos usando nossos dotes, esse "arco" aumenta e cobre quase toda íris,mas logo volta ao normal.

    Subimos as escadarias que davam para a entrada e dois homens de terno que pareciam seguranças nos impediram de passar pela porta.

    — Senhor Collins, é um prazer vê-lo. — não senti a sinceridade.

    — Cameron, também é um prazer, pode me chamar pelo primeiro nome — respondeu meu tio.

    — Lamento, não posso deixar a senhorita entrar.

    — Quem? Sophie?

    — Não, a falecida.

    Ele era mantrika, nunca vi um que não fosse meu tio ou minha mãe, apesar de eu estar curiosa para saber seu dote, algo tomou minha mente, mamãe não poderia me ver.

    Minha mãe ia argumentar quando o outro homem interrompe:

    — Você poderá visitá-la, mas apenas no quarto dela, por aqui não pode entrar.

    Ela olhou para mim, deu um triste sorriso e foi embora, então entramos.

    O lugar era incrível, havia muitos quadros e uma decoração que parecia ter saído de um museu, mas muito sombrio.

    — Lewis, que honra em vê-lo depois de tanto tempo — falou alto um homem que caminhava à nossa direção, era muito pálido, tinha cabelos bem curtos e negros, com olhos vermelhos.

    — Igualmente,Sean — respondeu meu tio.

    — Espero que a próxima vez que nos encontrarmos não seja tão triste — disse e depois se aproximou de mim e se abaixou para olhar em meus olhos — qual é o seu nome?

     — Esta é Sophie — apresentou meu tio antes que eu tivesse a chance.

     — Lewis — disse para meu tio mas não desviava os olhos de mim, era constrangedor — meu Deus ela é a cara de Charlie — ele disse quase sussurrando, fascinado, (era meu pai que eles mataram) — espero que os dotes sejam os mesmos também.

    O meu dote, curar, é o que me mantém viva, todos os mantrikas devem se completarem assim que nascem, mas é necessário tirar uma aura humana para isso. A lei que provavelmente o homem que está na minha frente criou, diz que mantrikas não podem ser incompletos, estes seriam mortos.

    Meu pai foi morto por não me completar ao nascer, minha mãe conseguiu fugir comigo, mas logo a encontraram, e eu fugi para morar com meu tio, o único contato no telefone dela.

    Descobriram que meu pai tinha o dote de healer, podia curar, e para uma "ditadura" foi um desperdício eliminá-lo. Eu herdei esse dom e quando encontraram a mim e ao meu tio, a única chance de não cumprirmos a pena seria se eu viesse "estudar" aqui e "aprimorar" meu dote.

    — Os olhos verdes são idênticos aos de Charlie — continuou.

    Então vi uma menina baixinha que tinha olhos cor de mel,cabelos lisos e castanhos que por pouco não estavam à altura dos ombros, me observando escondida. O homem cujo nome meu tio disse ser Sean percebeu quando meus olhos mudaram de direção e notou a presença da garotinha, abriu um sorriso para ela, que parecia falso, e à chamou:

    — Venha cá — disse estendendo a mão, ela caminhou até nós e tocou a mão dele, foi quando os olhos vermelhos de Sean ficaram brancos deixando apenas as pupilas e um fino "aro negro" separando o que seria a íris da esclerótica. Ele abriu outro sorriso, parecia mais sincero, e continuou_ leve Sophie até o novo quarto dela, fica na Segunda Ala, o único desocupado de lá.

    A menina balançou a cabeça para cima e para baixo concordando, olhou para mim e fez um sinal com a mão para segui-la.

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⏰ Última atualização: Jul 29, 2015 ⏰

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