Capítulo 10
O inspetor Reynolds convocou Danton para depor sobreo caso de Alfred. Um mensageiro entregou a ele a convocação para que dali atrês dias comparecesse a depor, mas logo após, um senhor bem vestido e portandouma valise de couro bateu à sua porta.-Por favor posso entrar Senhor Danton?-Sim, por favor, entre, mas quem é o senhor?-Isso não importa muito, digamos que eu represento osinteresses de uma pessoa importante e interessada em ter informações sobre oque o senhor sabe a respeito do caso do incêndio da alfaiataria.Danton na sua juventude fora um rapaz que se envolveucom vários tipos de gangues nas periferias de Londres. Sem pai e sem ninguémque o criasse, rapidamente foi seduzido pelo dinheiro fácil e a vida deliberdade. Fora preso várias vezes e a cada vez por delitos mais graves. Eleestava na cadeia quando conheceu Alfred, que fazia a entrega de uma remessa deuniformes para os empregados da prisão. Danton estava trabalhando na limpeza eorganização de uma biblioteca interna constituída pelos presos, quando travaramum dialogo rápido, mas fundamental para a mudança de vida e de comportamento deDanton. -Vejo que a biblioteca está ganhando uma estruturacada vez melhor.-Eu não me importo muito com isso, senhor.-Pois vou dizer uma coisa meu rapaz, você não fazidéia da oportunidade que está desperdiçando. A vida nos coloca momentosúnicos, que devemos agarrar e aproveitar. Você acha que está aqui agora porquê? Cuidando dessa biblioteca?-Só estou aqui porque quero sair logo.Alfred caminhou observando os títulos ordenados -Aposto que você nunca abriu um desses, nem sabe do que falam os autores. Apostoque você que não saberia me dizer sobre o conteúdo deste aqui, depois que olesse e se eu lhe perguntasse. Vou deixar uma libra aqui dentro dele, umalibra. Depois que você conseguir e puder me responder sobre o seu conteúdo,deixarei mais uma libra, e assim o farei com outros, a cada vez que aqui euvier. Quem sabe se você não consegue alcançar uma boa fortuna antes de sairdaqui. Danton pegou o livro, e Alfred se retirou. Depois queterminou a limpeza Danton levou o livro para a cela e o leu em três dias,depois ficou ansioso aguardando o retorno de Alfred, na semana seguinte elevoltou e foi à biblioteca. E lá estava Danton com o livro nas mãos oaguardando.-Pelo que posso deduzir você agarrou a oportunidade,não foi?-Ele não respondeu, era esquivo e desconfiado, osanos de dificuldades o tornou atento e alerta, os olhos vivos e inquietoolhavam rapidamente para as pessoas, mas não se fixavam, só pesquisavam quandonão estava sendo olhado. Alfred percebeu logo isso e não o fixava, deixava-o àvontade, pois sabia que ele o estava observando – Mas vamos nos sentar e ver oprogresso que você fez. -Esse livro fala de oportunidades e conquistas, de comouns percebem os ventos bons e aproveitam para irem muito longe ganhando o mar.-Senhor Alfred.-Sim Danton eu quero ser marinheiro.-Que bom Danton, qualquer que seja a profissãodevemos fazê-la com amor, dedicação, pois a felicidade e satisfação são filhasdessas duas qualidades. Mas por que você deseja ser marinheiro? -O meu pai morreu no mar.-Está certo Danton, mas quem sabe se não estará aqui,agora à oportunidade de você mudar de vida e ser marinheiro como deseja? Opersonagem desse livro foi um homem que nasceu com a visão e que não conseguiase firmar como homem de bem e cidadão, depois ficou cego, mas que só assim podedurante a sua vida conseguir construir uma vida de prazer, realização efelicidade, por que você acha que isso aconteceu Danton?-Porque a cegueira foi a sua oportunidade de mudar devida, Senhor Alfred? Pois só quando perdeu a visão conseguiu enxergar.Alfred ficou por um tempo calado, surpreendido com aresposta dada por Danton. Aquele menino sem oportunidades tinha uma sagacidadee uma percepção muito aguçada. A princípio ele foi apenas intuído que deveriaajudá-lo, agora tinha certeza que ele merecia uma chance. -Muito bem Danton, mas você acha que a vida queconstruímos pode ser de fato, transformada, se quisermos e nos esforçarmos paraisso?-Senhor Alfred, depois que eu li esse livro percebique a gente pode ver a vida sob várias formas, mesmo que a gente não tenha os"olhos para ver". Esses dias eu vi Senhor Alfred, que eu estava apenas olhandoa vida por um ângulo. Isso abriu novas perspectivas para mim. Quero cumprir aminha pena e vou ser sim marinheiro, é isso que eu quero ser.Alfred ficou emocionado e feliz, como disse Danton, avida nos mostra muitas coisas, precisamos apenas ver o que ela deseja dizer. Ofato de que com apenas uma conversa poder ter ajudado uma pessoa a sair daescuridão e ver a luz, era um exemplo disso.-Muito bom Danton, eu prometo que tudo farei paraajudá-lo.-Tome aqui a outra libra que acordei, agora vouescolher outro livro para que você leia e na próxima semana aqui estarei paraque possamos continuar.Assim Alfred fez por vinte e cinco semanas.Depois que Danton saiu da cadeia Alfred foi buscá-loe o alojou no quarto de Wilbert, lá ele morou algumas semanas e ganhou aamizade e a simpatia de Wilbert que o tratou como a um irmão. Logo Alfred oapresentou a um engenheiro naval chamado Anyston, com ele Danton aprendeu muitoe ganhou sustento próprio, porém o seu sonho era ser marinheiro e assim eleconseguiu um emprego em uma das companhias para quem Anyston atendia, depois dealguns meses de trabalho ele comprou uma pequena casa próxima a de Alfred e secasou, mas a relação de reconhecimento e de gratidão jamais deixaria o seucoração.Assim o diálogo entre ele e o representante dosSuterland prosseguiu – O senhor pode me dizer o que viu naquele dia doincêndio?-Eu saía para o meu trabalho, sou marinheiro e quandopassava pela rua da alfaiataria vi um rapaz loiro de cabelos encaracolados,correndo, ele vinha da direção da loja e estava com uma valise de couro. -E o Senhor poderia reconhecer o jovem?-Creio que sim, pois ele esbarrou em mim e por algunssegundos pude olhar o seu rosto. Os primeiros raios de sol já saíam e pude vero eu seu rosto, vi também que sua casaca estava tosquiada no braço esquerdo.-O Senhor já contou isso à polícia?-Contei aos policiais no dia do incêndio que vi umhomem correndo, vindo da direção da casa do senhor Alfred, apenas isso. Eles medisseram que eu seria novamente convocado para esclarecimentos mais detalhados.Inclusive acabei de receber uma intimação.-Senhor Danton, tenho um pedido para fazer e gostariaque pudesse ser atendido, é muito importante que o senhor esqueça que viuaquele rosto.-E por que eu deveria?-Bom Senhor Dalton, por vários motivos, mas prefirofalar apenas de um. Vejo que o senhor é uma pessoa humilde e acredito tenhasonhos e desejos de realizá-los, portanto se nos fizer esse favor poderemos lhefazer outro, qual seja realizar os seus sonhos. Então ele abriu a valise quetrazia recheada de dinheiro e a ofereceu a Danton.-Senhor não sei quem o senhor representa. FalouDanton rispidamente, porém o senhor Alfred era o pai que eu não tive Wilbert omeu irmão, eles me acolheram quando eu nada tinha e me deram um teto eeducação, arranjaram-me um emprego, devolveram-me a dignidade e a auto-estima,e jamais varias valises dessa que o senhor viesse a me oferecer, pagariam o queeles fizeram pela minha vida. Por isso Senhor Desconhecido eu não irei sonegar,nem omitir quaisquer informações a polícia para que ela possa descobrir oassassino do Senhor Alfred.-Senhor Danton, já entendi muito bem o que o senhorestá expressando, mas não posso decidir isso. Terei que falar como o meusuperior sobre o seu desejo de que seja aumentada a proposta.-Senhor Danton seja razoável e pelo menos pense sobreo assunto.-Nada mais temos a falar, por favor, retire-se. -Escute Senhor Danton não sei como conseguiuatestados de conduta para ter acesso ao quadro de empregados na empresa ondetrabalha, mas sei que o senhor terá grandes dificuldades para viver sem esseemprego tendo uma esposa grávida. Se o senhor puder ser razoável ...Ele não conseguiu terminar a frase, pois aosempurrões Danton o pôs para fora e bateu a porta.Julia esposa de Danton veio ter até ele e o abraçou. -Temo querida que esse caso venha a nos dar muitosproblemas, mas vou até o fim. ********* Reynolds foi até a casa de Jacoob e lá conversou comele e Rosenberg. -Senhores, eu soube que o Senhor Rosenberg é o melhoramigo de Wilbert, creio que por isso ele está aqui com vocês.-Sim senhor Reynolds, Wilbert é o meu grande amigo equase irmão.-Acredito que ele sendo o seu melhor amigo e quaseirmão o senhor saiba muitas coisas sobre ele, portanto me diga se ele têminimigos. -Wilbert? Que eu saiba ele é uma pessoa bem quista equerida por todos.-Pense bem Senhor Rosenberg, isso pode ser adiferença para uma solução.-Bem, inimigo mesmo não, tem apenas alguns desafetos,por questões acadêmicas.-Bem isso já é uma diferença, não é mesmo. Para nósda polícia qualquer informação é importante. Neste momento estou apenascolhendo informações, é uma etapa onde qualquer detalhe pode compor uma linhade pensamentos e interligá-los. Mas me diga quem são esses desafetos.-Bem o mais operante é Bernard Suterland, ele lideraum grupelho de ciumentos e frustrados na Universidade.-O senhor falando assim não me parece se tratarapenas de desafetos.-Senhor Reynolds estamos falando de um assassinato,como disse, isso são rusgas de colégio.-Como lhe disse Senhor Rosenberg um fato leva a outroque leva a outro, essa é a segunda vez que ouço o nome de um Suterland ligado aesse caso, como vê pode ser apenas rusgas de colegiais, mas essa é a primeiraassociação que temos das informações colhidas.-Mas quais as outras ligações?-Senhor Jacoob, esse é um caso policial e como taldevo manter certos sigilos.-Com certeza Senhor Reynolds, porém creio que estejase referindo a herança e ao litígio das terras recebidas por Alfred.-Sim Senhor Jacoob, sabe algo sobre isso?-Soube que Suterland foi pedir a Alfred parafacilitar um acordo.-Interessante essa informação, mas o que disse oSenhor Alfred?-Que ele fosse conversar com os procuradores.-Senhor Rosenberg, como se comportou o senhorBernard, após saber sobre o que aconteceu ao Senhor Alfred?-Ele não apareceu mais na Universidade. -Estranho? Alguém sabe sobre o que ele anda fazendo.-Um dos amigos dele andou dizendo que ele bebeudemais durante o casamento do primo, e que depois de criar uma confusão com umamigo saiu sem rumo e que só chegou no dia seguinte em casa, mas depois dissoninguém mais o viu.-Obrigado, os senhores foram de muita valia, passarbem. Capítulo 11 Catherine depois que viu o interesse de Yonah porWilbert passou a visitá-lo diariamente e tudo fez para mantê-la afastada dele.Usou todos os seus recursos, os físicos, o poder econômico e social. Impôs-sepor sua posição e tentou influenciar Rosenberg a afastar Yonah. Rosenberg quejá tinha percebido tudo o que vinha acontecendo, não se esforçou para atender aCatherine e deu algumas desculpas para desestimulá-la. No fundo ele queriadeixar tudo como estava, ele sabia que Wilbert não tinha nenhum interesse emCatherine e assim isso só facilitaria o caminho para ele próprio tentar algumacoisa junto a ela. Ele não queria demonstrar interesses por Catherine, emboraos tivesse sim, pois de alguma forma ela e Wilbert ainda tinham umrelacionamento e mesmo que para Catherine fosse muito mais do que uma simplesamizade. Ele não achava correto e ético manifestar o seu sentimento por elaenquanto isso não estivesse definitivamente resolvido entre eles.Por sua vez Catherine vendoque nada conseguira por intermédio dele, partiu para ação direta. Acuou Yonahno corredor e disse a ela o que sentia por Wilbert.-Quero lhe fazer uma oferta de emprego.-Eu já tenho um emprego Senhora Catherine.-Mas é um emprego onde vocêirá ganhar o triplo do que ganha aqui por um ano, e sem precisar ir ao emprego.Basta que você não venha mais aqui.-Senhora, fui contratada pelo Senhor Jacoob e nãotenho nenhuma pretensão de abandonar o contrato.-Veja se você se coloca em seu lugar e não tente sero que você não pode. Eu conheço Wilbert há muito tempo e temos uma afeição pelooutro e não quero nenhuma aproveitadora por perto.-Escute, a Senhora está passando dos limites, nuncaprovoquei o Senhor Wilbert, se ele sente alguma coisa pela senhora, não vejo oporquê dessa insegurança e se ele sente alguma coisa por mim isso é iniciativadele. Não sou aproveitadora nem oportunista. -Como ousa me desafiar?-Não é desafio, são os fatos. Se alguém aqui estáfora do seu lugar esse alguém é a Senhora, pois o seu nível não é o do Senhor Wilbert.Com licença agora Senhora, tenho muito que fazer.-Você irá se arrepender por isso ********* Reynolds tendo todas aquelas informações em mãosachou que o melhor seria visitar os Suterlands.-Senhor Suterlands, desculpe chegar cedo e semavisar, porém o assunto e deveras importante e não tomarei demais o seu tempo.Suterland convidou Reynolds a se sentar.-Obrigado, mas prefiro ficar de pé.-Pois então diga Inspetor.-Primeiro gostaria de falar com o seu filho Bernard.-Lamento inspetor, mas o meu filho está fora.-E quando volta então?-Não sabemos ao certo.-Como assim Senhor Suterland?-O meu filho está doente e foi para fora se tratar.-E foi uma doença repentina? Desde quando ele está fora?-Desde terça-feira, a doença foi diagnosticada peloDoutor Anton Gordon, é uma doença pulmonar séria e grave e foi urgente mandá-loa Viena tratar-se numa clinica especializada.-E posso saber qual Senhor Suterland?A essa altura da conversa o tom já não era ameno e asperguntas e respostas já eram rápidas e ríspidas. Suterland levantou-se –Senhor Reynolds não responderei a mais nada se não me disser porquê deseja vero meu filho.-Senhor tenho muitas evidências que colocam o seufilho no centro dos acontecimentos.-Explique-se melhor Inspetor. – Disse Suterlandtentando colher informações.-Soube que o seu filho era um dos desafetos do filhode Alfred Cullingans, e que ele saiu na noite do casamento de seu sobrinho e sóretornou pela manhã. Sabemos que o senhor tem um desentendimento jurídico comos Cullingans e que foi procurá-lo acompanhado de Bernard, soube ainda que umrapaz com as mesmas características dele fugiu do local do incêndio carregandouma valise.-Senhor inspetor isso é uma conjectura sua ou posiçãooficial?-Senhor Suterland, não são provas contundentes, masno momento as evidencias reunidas dão conta de que seria interessante conversarcom o seu filho e esclarecermos quaisquer duvidas, acho que isso seria o maissensato.-Pois vou lhe dizer uma coisa Inspetor, o maissensato que o Senhor faria seria voltar à sua central e reunir provas, se é queas têm, antes de tentar incriminar o meu filho. Só assim talvez possamosconversar. Até então não temos mais nada a dizer um ao outro.-Senhor Suterland, ainda não me disse em qual clínicaBernard está.-Bom dia Senhor Reynolds. James o acompanhe até osportões.Suterland ficou pensativo, sabia que precisava tomarprovidências imediatas ou as coisas tomariam rumos perigosos, o tal do Danton,era a principal testemunha, pois tinha visto o rosto de Bernard, se fosseapresentado à foto de Bernard poderia identificá-lo ou mesmo se fizesse umretrato-falado, daria no mesmo, já que o inspetor estava muito próximo deassociar definitivamente os fatos e uma foto de Bernard seria o último elo paraisso acontecesse. Afastar do cargo o inspetor Reynolds e calar Danton seriam asúnicas maneiras de deter esse desfecho do caso. Precisava agir de imediato.-James prepare o carro, vamos sair! ********* -Wilbert como você está hoje? Perguntou Yonah.-Você mesma pode me dizer como estou, não acha? Nãome olho faz muito tempo, mas, acho que estou mais preparado para enfrentar asituação. A aparência deve estar feia, mas as dores cessaram e eu já possodeitar sobre as costas agora.-Wilbert as dores que precisam cessar são as da suacabeça e do coração, não macule sua bela alma se preocupando com a aparência,você está saudável e continua um homem bonito. -Obrigado, Yonah, você tem sido uma enfermeiraespecial e uma mulher sensível que me tem dado ânimo para superar esse momentodifícil. Vejo que alguma coisa está deixando você preocupada. É algo que eupossa saber?-Nada a se preocupar Wilbert, fique tranqüilo.-Yonah, você fala de coração quando fala que asmarcas das queimaduras não afetarão a visão que você tem de mim?-Sim Wilbert para mim você será sempre o mesmo.-Yonah quero que você me fale a verdade, não queroque fale apenas para me agradar, é importante que você me diga, pois disso irádepender o que vou dizer a você depois.-Wilbert não quero acreditar que isso sejainsegurança. Você sabe que falo mais como uma amiga do que uma profissional desaúde. Quando olho para você vejo um homem integro, integral, são. O que vejoem você é o que você representa. -E o que eu represento para você?Yonah corou e baixou os olhos, algumas lágrimascorreram e Wilbert a segurou pela mão, depois a puxou e os seus lábios seuniram. Por um tempo que para os dois parecia infinito ficaram ali, os lábioscolados e os peitos pulsando acelerados, os braços enlaçando os corposesquecidos do mundo e do arredor, assim não viram quando Catherine entrou.-Wilbert! – Gritou ela.Como que saídos de um transe Yonah e Wilbert voltaramà realidade, e depararam com o rosto lívido e choroso de Catherine.Os três ficaram por alguns segundos entreolhando-sesem que ninguém tivesse a iniciativa de romper aquela situação. Quem teve acondição para isso foi Rosenberg, que chegou logo a seguir a Catherine e ficousem entender o que se passava.-O que está acontecendo? Posso saber?Quebrado o encanto Catherine correu aos prantos.Wilbert chamou por ela, mas ela nada ouvia e só queria estar longe de tudoaquilo. Yonah pediu licença e saiu também.-Meu caro Wilbert posso saber que cenário foi esse?Qual drama estava sendo encenado?-Antes fosse um drama encenado Rosenberg. Catherinechegou de surpresa e nos encontrou trocando um beijo.-Salve meu caro Wilbert, você não perde tempo! Quemme dera ter duas belas mulheres apaixonadas por mim, assim como Yonah eCatherine.-Não brinque Rosenberg a coisa é séria.-Ah muito boa essa. A coisa é séria e você acha queeu estou de brincadeira? Pois eu falei muito sério, quem me dera ter duas belasmulheres como ela se conflitando por mim.-Eu não falei nesse sentido Rosenberg. Não queriamagoar Catherine, foi uma situação desagradável, também não foi uma situaçãoprovocada, simplesmente aconteceu. Estou apaixonado por Yonah, definitivamentee irremediavelmente perdido. -Você é um galanteador, brincou com Catherine, eagora como vai fazer?-Não sou um galanteador, nem nunca brinquei com ossentimentos dela, afinal nunca lhe dei nenhuma esperança de nada. Hoje mesmo euiria pedir a Yonah que aceitasse se casar comigo.-Ufa! Mas o que é isso? É serio mesmo?-É serio mesmo, Rosenberg. Muito sério. Mas precisofalar com Catherine.-Ouça o meu conselho, fique quieto e deixe a poeiracessar.-Não mexa com a fera que está atordoada.Wilbert colocou as pernas para baixo vagarosamente eapoiou um dos pés no chão.-Espere que eu vou ajudá-lo.-Não Rosenberg, preciso avaliar a minha realsituação. Wilbert sentou e depois pôs o pé ferido pelo fogo no chão e apoiousuavemente. Deu um passo vacilante e depois mais outros. Foi até a parede nooutro extremo do quarto. Encostou e respirou ofegante, fechou os olhos eagradeceu a Deus, aquele momento. Voltou para a cama e falou - A partir deamanhã farei isso regularmente e quero sair um pouco, sair, sentir o sol e ovento, recuperar o tempo em que vivi esse tormento.O Jacoob entrou no quarto e cumprimentou Wilbert pelarecuperação.-Vejo que você está com um ar bem melhor Wilbert.-Estou mesmo Senhor Jacoob e quero agradecer aoSenhor e a sua família o carinho e a dedicação dispensados a mim.-Faço por você como se fosse pelo meu filho, mas vimaqui chamar Rosenberg para almoçar. Yonah irá trazer a sua refeição.-Hoje Senhor gostaria de almoçar com vocês na mesa derefeição, isso se o senhor não se incomodar.-Incomodar-me? Ora Wilbert esse é mais que um prazer,é um presente! -Rosenberg, por favor, pegue as minhas vestimentas,quero estar elegante e de acordo com o momento. ********** O assessor de Suterland foi procurar Danton, e não oencontrou. Falou então com a sua mulher Julia.-Senhora gostaria que conversasse com o seu marido eo convencesse que não é uma boa idéia ele depor sobre o que viu no dia doincêndio. Pelo que vejo a Senhora espera um bebê, por que seu marido quer semeter em confusão e prejudicar o seu filho?-Senhor, peço que se vá agora, não tenho passado bemcom a gravidez e o melhor é o senhor conversar com Danton e não comigo.-Eu creio que sim, porém quero que todos vocês, que asua família tenha muita saúde e vida longa. Seria de muita tristeza saber quealgo de mal aconteceu com vocês. Recomendações ao Senhor seu marido.Julia sentou na cadeira e sentiu as contrações forteschegarem e sentiu um suor frio escorrer pela testa, abraçou a barriga como querendoproteger o bebê. Aqueles dias depois da morte de Alfred foram particularmentedifíceis para eles. As ameaças veladas, e por vezes diretas daquele homemtinham tirado a sua vida do prumo. Danton andava calado e nervoso. Quandoestava em casa não sossegava, andava sem parar entrando e saindo de cada cômodoe pelo quintal, mexe aqui e ali e não terminava coisa alguma que iniciava.Tinham conversado e no íntimo ela temia que as ameaças levadas até ela poraquele homem pudessem ser cumpridas, mas apesar disso sabia que o seu maridonão era homem de se intimidar com nada, o conhecia muito bem e sabia que eleiria até o fim, era um homem determinado, decidido e que embora jovem já traziauma experiência de vida muito grande. Sabia ainda que Danton tinha pelo senhorAlfred consideração e estima imensa e que sofreu muito com a morte dele. Elecom certeza iria até o fim e não deixaria de prestar o depoimento para que foraconvocado, mas temia que isso viesse a lhes trazer conseqüências danosas. ********* Suterland agiu rápido e procurou os seuscorreligionários e pares na câmara e dentre estes aqueles que mais lhes deviamfavores e dos quais detinha informações comprometedoras. Assim começou a sedelinear as ações de bloqueio às investigações sobre o caso Alfred.O Inspetor Reynolds foi convocado pelos seussuperiores e foi obrigado a transferir o caso para outro colega. Sua reação foitotalmente de indignação, porém o seu chefe se colocou irredutível e proibiuque ele sequer tocasse mais naquele assunto sob a ameaça de puni-lo com umafastamento sumário e definitivo. Intimamente Reynolds sabia que havia o dedodos Suterland no seu afastamento, mas disse para si mesmo que continuariaparticularmente investigando.A empresa onde Danton trabalhava o avisou que eleseria transferido para o escritório do norte do país e deu duas semanas paraque ele organizasse sua partida. Danton alegou que não poderia ir de pronto,pois a sua esposa estava grávida e teria o bebê logo nas próximas quatrosemanas, porém o seu imediato colocou a situação da seguinte forma, ou elepartiria conforme determinado ou perderia o emprego.Danton chorou sozinho e calado engoliu as lágrimas eprometeu que não deixaria aquilo assim sem uma atitude, ponderou apenas que nãoera o momento para tomar atitudes drásticas ou impensadas, mas faria algo comcerteza, não deixaria a situação simplesmente sem uma resposta. Capítulo 12 Danton foi se despedir de Wilbert, e contou queestava de partida. Wilbert quis saber o que havia contribuído para a suapartida inesperada e ele não soube explicar. Achou que havia algo de estranhono fato, mas não quis constranger Wilbert levantando suspeitas ou suposiçõesque levassem a atribuir sua partida ao caso do seu pai. Wilbert abraçou o amigoe desejou sorte e felicidades a ele. ********** Suterland ficou mais tranqüilo quando soube dosresultados de suas ações em relação a Reynolds e Danton e satisfeito por nãoter que desembolsar nada. Danton compareceu no dia determinado pela petiçãopolicial, mas dispensaram-no sem nem mesmo tomarem o seu depoimento. O caso Alfredfoi arquivado como incêndio acidental. Bernard escreveu uma carta chorosa para a sua mãedizendo da sua solidão e das dificuldades que estava encontrando, com a línguae com os costumes. A mãe respondeu que o caso estava arquivado e que ela iriajunto ao seu pai fazer carga para o seu retorno, já que nada havia mais atemer. E assim ela o fez, influenciou o marido, impondo-se como mãe e pelascircunstâncias que eram novas. Suterland não queria ceder, achava que o filhomerecia passar por tudo aquilo para que não tornasse a repetir uma situação tãodesastrosa como aquela. Emily era uma mulher persistente e que tinha muitascartas nas mangas. Primeiro porque ela tinha conhecimento de muitas dasinfluências perniciosas de seu marido na vida pública, de muitas de suasatividades ilegais e assim ele acabou por ceder a ela, e deixou que o filhovoltasse. *********** A esposa de Danton quando soube que eles iriam paraoutra região do país teve uma crise nervosa e foi levada às pressas para ohospital. O bebê nasceu espontaneamente e antes do prazo previsto. Nasceumenina e pequena, assim Danton conseguiu adiar a sua partida. A criança lutoupela vida por duas semanas, mas dificuldades respiratórias a levaram. Elamorreu com dezoito dias apenas nesse planeta. Danton se exasperou, já que depois da paixão pelo mare de ter realizado o sonho de ser marinheiro, tinha um segundo sonho tãointenso e tão importante quanto o outro, que era o ser pai. Queria poderdedicar parte da sua vida a um ser que fosse criado e educado por ele, quandoele daria tudo o que nunca tivera de carinho, de cuidados e amor. Saiu dohospital e caminhou pelas ruas sem destino, pensou que as dificuldades quetivera na vida tivessem terminado, mas não, de repente a sua vida o virara decabeça para baixo. Quanto mais Danton caminhava, mais as idéias iam seaclarando e passou a ver a sua dor de outra maneira, o caso do Senhor Alfredparecia ter sido colocado em seu caminho para que ele, Danton, fosse avaliado.Pensou no homem que fora a sua casa tentar corrompê-lo, na sua transferênciapara outra cidade e agora a morte de sua pequenina filha, pensando assim não seexasperou, mas decidiu que tinha um compromisso com a vida, tinha umcompromisso com o Senhor Alfred, ele foi o único amigo leal que encontrara,depois dele tantas coisas boas aconteceram, se a vida estava ruim, não fora porele mas por quem de uma forma covarde tirara a sua vida, sim o seu compromissoera com a vida, iria viver para poder ver trás das grades quem fizera mal aoseu amigo Alfred. Resolveu então ir até a Chefatura de Polícia e procurou oinspetor Reynolds.-Senhor Reynolds quero lhe falar sobre o caso Alfred.-Não posso falar sobre isso, fui afastado e proibidode qualquer ação no tocante.-Eu sei disso, mas acredito que fomos afastados porsermos os responsáveis pelas condições de riscos em que colocávamos a famíliaSuterland.-Vamos sair e conversamos fora daqui.Assim saíram e enquanto caminhava Danton falou sobreo que pensava que acontecera, disse que não desistiria de buscar quem fora oculpado pela morte de Alfred. Reynolds disse que informalmente continuava aaveriguar e que poderiam fazer o retrato falado do homem que ele vira, issoajudaria a seguir uma linha de pista que tinha quase certeza poderia elucidar ocaso.-Mas como o Senhor irá fazer isso?-Tenho um amigo na central que poderá fazer o retratofalado do suspeito com sua ajuda Quando você poderá ir lá?-Agora mesmo.-Agora não poderei ir, ele não está aqui em de folga.Espere-me sair e depois vamos juntos.Assim foi feito. No final da tarde os dois saíram ejuntos foram ter com Thomas. Ele além de Investigador era o desenhista dacentral. Depois das apresentações Thomas pegou a prancheta e começou a fazer osesboços de acordo com as orientações de Danton. Depois de duas horas Danton sedeu por satisfeito. Reynolds que permaneceu sentado sem interferir nem olhar odesenho antes de terminado, levantou-se e logo que pode vê-lo ficouvisivelmente impressionado com a semelhança do desenho com o filho deSuterland, Bernard.-Você o reconhece como alguém Reynolds? -Sim, sim eu diria que seria Bernard, aliás, eu jávinha seguindo todas as evidências e elas conduziam para a casa dos Suterland,mais precisamente para o filho Bernard. -E agora o que você pretende fazer?-Pouco posso fazer, mas vamos guardar mais essaevidência e esperar.-Esperar? Mas se ele foi o responsável pela morte doSenhor Alfred, ele não pode ficar impune. Só porque ele é filho de um rico, deuma família poderosa não irá responder pelo que fez? Por muito pouco fui preso,muitas vezes fui parar na cadeia por pegar comida para saciar a minha fome, masnunca matei ninguém, isso é muito grave Reynolds.-Calma Danton a minha experiência me diz que temosque ter tudo muito bem definido, não temos ainda provas para afirmar comcerteza. As precipitações nesses casos só dão chances aos culpados deescaparem. Eles não sabem que estamos juntos nessa empreitada. Vou segui-lo,vou descobrir essa história da doença dele. Vou apertar o médico, fazê-lofalar, descobrir algum podre, envolvê-lo, vou tornar a vida dele um inferno atéele fraquejar, se comprometer, deixar alguma brecha para que possamosincriminá-lo definitivamente.-Está bem Reynolds acho que você sabe o que fazer.Desculpe-me.-Sim Danton, Thomas também irá nos ajudar, estamoslidando com gente poderosa, astuta e perigosa. Temos que ser inteligentes efrios, agir com cautela e precisão. Só temos uma única chance, portanto nãodevemos falhar.-Você pode me dar uma cópia desse retrato falado?-Posso sim, vamos fazer as impressões no jornal doProud, ele é nosso amigo já fez outros serviços desse tipo para nós. ********* Wilbert soube que Danton havia perdido a filha, pediua Rosenberg que o ajudasse a ir ao hospital onde estava Liza. Quando chegaramlá, ela estava só. Wilbert ainda mancando devido ao ferimento nos pés foi atépróximo ao leito e a confortou. Liza chorou. Wilbert quis saber o que aconteceupara que a gestação que vinha dentro da normalidade, houvesse resultadonaquelas circunstâncias. Liza ainda descontrolada pela situação que vivia,falou sobre o homem que foi duas vezes à sua casa e os ameaçou. Disse daresistência de Danton e do medo que ela sentia de ter que conviver com daquela forma.Disse que ele saíra cedo e que ainda não tinha voltado, ela temia que ele semetesse em confusão.Wilbert ficou surpreso porque ele não lhe contaranada sobre aquilo-Porque ele não me falou sobre isso?Liza com os nervos abalados desandou a falar rápida eatabalhoadamente.-Calma Liza. Pediu Wilbert – Fale, por favor devagar,só queremos ajudar, não fique assim, queremos o bem e o melhor para vocês.As palavras tranqüilizadoras de Wilbert causaram umalento e tiveram um efeito tranqüilizador para ela.-Desculpe Wilbert eu sei que você e o seu pai sempreajudaram a nós, principalmente a Danton. Ele não queria incomodá-lo, mas um homemveio a nossa casa e nos disse que se Danton insistíssemos em contar tudo o queele viu naquele dia trágico, que nós nos arrependeríamos, que a nossa famíliaestaria em risco.-Continue Liza , pode nos contar tudo.-Depois Danton foi chamado ao escritório danavegadora e foi transferido para o norte do país, porém devido à minha situaçãode gravidez, ele conseguiu adiar a partida. Meu Deus não entendo essa atitudede Danton. Disse Liza. -Mas quem foi o homem que visitou vocês? -Não sabemos Senhor Wilbert, ele nos disse que estavaa mando de um homem rico e poderoso. Veio com uma valise de dinheiro e ofereceua Danton, que quase o pôs para fora a pontapés. Enquanto conversavam Dantonchegou. Wilbert o questionou sobre o que Liza havia contado. Ele argumentou quenão queria dar mais motivos para mais dores a ele que tinha perdido o pai e queestivera hospitalizado. -Mas eu sei me proteger perfeitamente bem e o SenhorAlfred era um homem bom, honesto, humano e a quem eu devo a mudança da minhavida, jamais eu negociaria esses valores. Falou ele.-Agradeço de fato a sua atitude de homem decente ecorreto, mas não se iluda com as aparências. Você foi um homem que trouxe aexperiência das ruas, mas não conhece o modo de agir dessa classe de bandido.Os ricos e intitulados, os nobres de baixa índole e caráter utilizam métodosque não são diretos, eles vão minando, sufocando e subjugando os seus alvoscomo se fossem uma serpente. Agem ocultos e não se mostram, usam terceiros parafazer as partes sujas, manipulam e corrompem autoridades e a quem estiver nocaminho dos seus interesses e quando não conseguem por esses métodos então usamos que você já conhece. Danton me diga quando você terá que viajar devido a suatransferência?-Não sei bem, agora, depois do problema de Liza,talvez eles me concedam mais uma semana, mas não creio que seja mais do queisso. Talvez eu tenha que deixar Liza por aqui, não poderei levá-la assim deresguardo.-Danton eu vou pensar o que poderemos fazer, talvezamanhã mesmo volte aqui e traga uma posição para vocês. A princípio se vocêtiver que se transferir de fato deixe que eu cuidarei de Liza.Nesse momento Rosenberg disse – Ela poderá ficarconosco, em minha casa, até tudo se resolver.-Obrigado amigo, de você só poderia esperar isso, masvocê já está fazendo muito por mim, me hospedando, me acolhendo, não queremosdar mais trabalho. -Danton não se preocupe tudo ficará bem, eu prometo.Liza ainda chorosa disse – Senhor Wilbert eu nãoquero ir, não quero sair de Londres. -Liza, mais cedo ou mais tarde teríamos que sairmesmo de Londres. Perco sempre uma boa parte das minhas folgas tendo que medeslocar de Dover até Londres. FalouDanton.-Calma Liza. Não se desespere. Vamos conversar e vero que seja melhor para vocês, já prometi que buscarei uma solução. FalouWilbert. Nós vamos agora, mas voltaremos logo. ********* À noite Wilbert adormeceu e durante a madrugadasonhou. Estava montando um cavalo e acompanhava um grupo que seguia em silênciopor um bosque. À sua frente ia uma mulher com a cabeça coberta por um capuz deuma capa longa que lhe cobria todo o corpo e deixava apenas o rosto de fora.Cavalgavam devagar, ela fez praticamente todo o percurso cabisbaixa e calada.Num determinado ponto da estrada apearam e se acomodaram em uma clareira, iriampassar a noite e seguir pela manhã. Um dos componentes da caravana era Severoque organizou o acampamento e o outro era Murdock que tomou para si a defesa dogrupamento durante aquela noite. A mulher que era uma prisioneira sentou-sesobre uma pedra e olhou nesse momento para ele Wilbert, que no sonho se chamavaArmitage, os seus olhos estavam tristes, tanto pela sua situação deprisioneira, tanto porque ela alimentava um amor por ele que não eracorrespondido. Embora ele não a visse como hoje ela é, Wilbert soube que aquelamulher era Catherine. Ele estava ali acompanhando o grupo como um membro decomitiva de Sir Starton, porém ele se infiltrara no castelo para levantarinformações e tentar repassá-las para o grupo liderado por Alfred, que iria tentarresgatá-la. Os dois conversavam enquanto comiam uma refeição frugal própriapara quem viajava. Wilbert a chamou de Aubrey e falou com ela.- Esteja preparada porque logo ao amanhecer vocêestará libertada.-Deveria o meu coração estar feliz por isso, mas aatenção dele está presa a um sentimento mais importante do que a minhaliberdade, de que me adianta estar livre se ele continuará preso?Wilbert responde: -Não podemos dizer para o coraçãoos caminhos que ele deve tomar, assim como o seu, o meu também tomou o rumo queachou ao seu gosto. Falo daquilo que você deve entender, pois se o seu seinteressou por quem não poderia, o resultado será a frustração. Por certo quedevemos ter admirações, e eu as tenho por você sim, qual homem não teria? Masos rumos do amor, pelos quais ele escolheu trilhar seguem em direção a outrasparagens. Não me queira mal, se não posso corresponder aos seus sentimentos. Naquela noite Wilbert dormiu na tenda ao lado dadela, as inquietudes não a deixaram conciliar o sono. A dor e as lágrimas eramde fato o resultado correspondente às palavras que ele dissera a ela, o dafrustração. No coração de Catherine estava plantada uma semente que ela nãoqueria arrancar e que seguiria com ela por outras vidas.Muitas outras ações que por serem frutos dainsatisfação da alma e tomadas sob o envolvimento das circunstâncias nos levama ir deformando os nossos destinos. Tomada assim pela infelicidade que elaentendia ser uma trama da vida para feri-la, ela assim abandonava os caminhosque poderiam sarar as suas mágoas e fazê-la feliz, e seguia vivendo e agindobaseada nessa falsa premissa, tomando decisões que somente aumentava a suaamargura. No sonho de Wilbert havia uma batalha sangrenta emque ela Aubrey foi libertada, e após o grupo se dispersou, a decisão foi tomadaporque não haveria mais união e confiança entre eles para seguirem lutando porum mesmo objetivo, as imagens do massacre dominaram a Alfred e Wilbert elesdecidiram partir daquelas terras. Foram seguidos por Rosenberg, que se chamavaDickens e que já tinha naquela época a mesma admiração que teve hoje porCatherine e deseja tomá-la como esposa. Fez-lhe um pedido de casamento, o qualela recusou. Ela não quis segui-los, já que ele iria partir com Alfred eWilbert e o convívio com ele só aumentaria a sua dor.Os que ficaram foram sendo dizimados um a um pelavingança de Sir Starton ou pelas doenças da alma e do corpo, lembranças do massacredominaram a Alfred e a Wilbert. Catherine, sem ter mais a estrutura e apoio de umafamília e dos seus antigos companheiros decidiu voltar a viver no castelo deStarton, onde foi servi-lo como cortesã. Toda a jornada empreendida pelo grupofora vã então, todos os esforços e mortes, não foram consideradas por elaquando dessa decisão. Catherine envolvida por seus sentimentos negativos, semcondições de ver o mal que causava a si mesma, capitulou àquele que liquidoutanto dos seus amigos e companheiros. No sonho de Wilbert ela veio a morrercedo vitimada por doenças da alma e do corpo, a frustração, o arrependimento ea sífilis.Bernard desmascarado foi deixado só, não sofrendosanção por ordem de Alfred, mas ele partiu também, tinha medo das possíveisrepresálias de Starton e foi para as terras da Escócia, por lá viveu poucotempo sendo assassinado de forma covarde e dolorosa, foi espancado por um grupode salteadores e atirado a um rio , cujas águas se mancharam com o seu sangue. Capítulo 13 Catherine chegou a casa e se trancou no quarto.Chorou por muito tempo e só saiu no dia seguinte, quando a criada foi chamá-lapara o café da manhã. -Catherine bom dia. Disse Norma, a criada mais antigada casa, enquanto abria as pesadas cortinas. Catherine continuou deitada, a luzentrou forte e ela escondeu o rosto. -Menina o que está acontecendo com você? Nunca a vidormir tanto assim. Por que não responde?Como Catherine continuasse sem se virar e semresponder Norma foi sentar-se ao leito ao seu lado, quando então ela se virou.-Mas menina que rosto é esse? Os olhos inchados?Andou chorando? E chorando muito, não foi? Agora só resta a você me dizer oporquê?-Não quero falar sobre isso.-Ora Catherine você acha que pode esconder algumacoisa de mim? Depois os seus pais a esperam para o desjejum. Fale logo, poisentão eu poderei achar uma justificativa para que você não precise descer.-Foi o Wilbert, ele estava aos beijos e abraços comuma, uma, uma mulher qualquer. -Ora minha querida Catherine, o senhor Wilbert é umhomem livre e pode beijar quem bem lhe aprouver.-Mas Norma eu o amo. Essas três semanas eu passei lheapoiando nos momentos difíceis em que esteve doente, e dele recebo isso, umatraição. Uma desconsideração total, um desrespeito comigo.-Vocês os jovens são sempre assim tão dramáticos eexagerados no seu sentir. -Norma eu falo sério Wilbert é o amor da minha vida,sinto isso, aqui em meu peito, não sei por que não consigo olhar para ninguém,nenhum outro homem me interessa ou me desperta sensações e emoções, a não serele. A vida fica mais alegre e colorida ao lado dele, as cores se modificam e oar fica mais puro. Sem ele tudo é nublado e triste. Norma eu não saberia viversem ele ou longe dele, sem ele eu não resistiria, seria a morte.-Isso não é motivo para esse desespero. Vá conversarcom ele e esclareça tudo primeiro, depois se for o caso chore, mas antes vamosao café porque sem energia você já sai perdendo essa luta. Falou Norma aabraçando com carinho e preocupação.Amigos leitores falamos aqui nesse livro sobre opoder das nossas palavras e pensamentos, assim o que Catherine dizia iaimpregnando a sua alma e os seus sentimentos ganhando força e poder. ********* À mesa estavam os pais de Catherine e o seu irmãoDonny, grande amigo de Bernard.-Por que nos deixou esperando Catherine? -Desculpe mamãe acordei indisposta.-Indisposta ou chorosa? Falou Donny.-Chorosa por quê? Explique-se pediu o pai Albert. -Chegou ontem chorando e se trancou no quarto, sósaiu agora. Instigou Donny.-O que aconteceu Catherine.-Não quero falar sobre isso mamãe e, por favor, nãome forcem, pois não falarei.-Mamãe ela esta apaixonada pelo tal do Wilbert.-Aquele filho do alfaiate?-Esse mesmo mamãe, ela andou visitando ele nohospital e na casa dos judeus.-Filha isso é verdade?-É sim mamãe. Eu estou sim apaixonada por Wilbert.-Você pode até estar apaixonada, mas isso terminarápor aí. Falou o pai de Catherine.-Veja se isso tem cabimento, a minha filha apaixonadapor um alfaiate?-Ele não é um alfaiate, o pai dele era.-Chega Catherine, a sua mãe está certa, com certezanão será com o filho de um alfaiate que você se casará.-Não foi esse rapaz que está queimado devido aoincêndio na alfaiataria?-Ele mesmo mamãe. Ele estava hospitalizado e agoraestá na casa dos judeus. O Rosenberg e ele são inimigos de Bernard, nauniversidade eles estão sempre se contrapondo a ele. -Ora não exagere Donny, Wilbert é um aluno brilhantee Bernard um invejoso medíocre.-Não vejo como você pode se interessar por umpé-de-chinelo e não por Bernard. -Mas que história é essa Donny.Catherine corou e reagiu indignada – Não é nadamamãe. -Vamos me fale Donny.-É mamãe, Bernard está interessado por Catherine eela não.-Chega Donny, pare com isso nunca dei nenhumamotivação a ele para isso.-Bernard até chegou a brigar por causa dela mamãe,foi na festa de casamento dos Suterland, ele brigou com Owein só porque eleconversava com ela.-Vamos parar com esses assuntos e me dêem licença –Falou Albert. Você tem aulas Donny? Então venha comigo, vou levá-lo e vocêCatherine juízo. ******** Wilbert foi procurar os irmãos Greenwall, queriasaber sobre a situação da herança, ele tinha um projeto e dependia da liberaçãodo dinheiro. Os irmãos disseram que estavam tentando separar o inventário empartes, pois assim poderiam liberar todo o resto que não fossem as terras queestavam em litígio com Sutherland. Disseram que se eles conseguissem isso nãodemoraria muito, talvez mais uns quarenta dias. Wilbert quis saber se ele conseguiria um novoadiantamento considerando a situação que estava vivendo. Eles disseram queiriam fazer uma petição ao juiz, mas achavam que seria facilmente concedido umadiantamento, pois a difícil situação de Wilbert era evidente. Assim foi feitoe quatro dias depois Wilbert já tinha uma boa soma depositada no banco.Ele voltou então ao hospital onde Liza estava eencontrou o casal reunido.-Bom dia amigos! Que bom ver que você Liza estámelhor, pelo menos está sorrindo, mas espero que isso seja um fato, a partir dehoje, freqüente. -Wilbert você sempre presente e atencioso, fazendotudo para melhorar a vidas dos outros.-Bobagem Danton, sabe que eu ia dar uma notícia? Masesse seu comentário me fez repensar se devo contar ou não, você me deixouconstrangido.-Wilbert você sabe que as mulheres são curiosas? Vocênão irá me deixar assim ansiosa não é? Ainda mais uma mulher em estado derecuperação. Disse a esposa de Danton.Todos riram e Wilbert contou.-Meu caro Danton, considero você um verdadeiro irmãoe sei que se o meu pai estivesse vivo faria o mesmo que estou fazendo.-Fale logo Wilbert.-Claro, claro, não vou deixá-los mais neste estado desuspensão. Danton, quero passar a você hoje uma parte do que meu pai herdou,isso porque o total da herança não foi liberado, depois que isso acontecerpassarei a você a metade do for recebido.-Meu Jesus, você está brincando conosco Wilbert?Perguntou Liza, colocando as mãos sobre o rosto, como se não acreditasse.-Não Liza estou falando seriamente.-Não posso aceitar Wilbert, não é justo depois detudo o que vocês sofreram por essa herança. Soubemos que é muito dinheiro, masque é seu por ser justo. Retrucou Danton.-Por isso também Danton, é muito dinheiro para umhomem só, muito mais dinheiro do que eu mesmo haverei de precisar. Embora nãome tenha dito, tenho certeza que seria isso que o meu pai faria e acredito queele esteja feliz onde estiver, sabendo que o estou dividindo com você. ********* Bernard voltou e modificou seu modo de se comportar,o seu relacionamento como o pai piorou e ele pouco era visto pela casa.Trocavam poucas e necessárias frases, mal se cumprimentavam. O pai não operdoara e ele também guardava rancor pelo tempo passado fora devido a decisãodo pai. Bernard não voltou a Universidade para concluir o curso e se escusavade participar de qualquer evento social. Passou a conversar mais com a mãe quesempre o mimava e dele tudo desculpava. Para ela o filho único era apenas ummenino que precisava de carinho e atenção, e para ele a mãe era um canal deobtenção de recursos para satisfação de seus desejos pessoais e era atravésdela que ele conseguia dinheiro, para os seus vícios: mulheres e jogo.A lembrança de Catherine ainda estava viva em seuspensamentos. Enquanto esteve fora parecia que o desejo por ela mais seconfigurava. Na sua mente ter Catherine era o primordial, depois vinham àsdemais coisas por conseqüência. Imaginava que ela poderia ser sua esposa e quea tendo realizaria dois desejos manifestos, o de poder desfrutar a vida ao ladodela e da sua beleza, do seu amor e depois o de poder dar uma resposta aWilbert, que para ele também amava Catherine. Assim ele passava a maior partedo seu tempo a pensar nela, a família dele era rica, tinha um nome nobre einfluências no reino e a dela também, portanto o que havia de errado emalmejar? Por que ele não poderia concretizar essa união? Um dia enquanto pensava sobre isso chegou Donny, oirmão de Catherine. Bernard foi avisado e mandou que ele subisse ao seu quarto.-Então Bernard porque não quer rever os amigos?-Não se trata disso Donny, eu apenas estava merecuperando de um problema, mas logo poderei estar com vocês novamente, aliás,estou já sentindo falta de um bom divertimento, uma boa mesa regada a vinhos edas meninas da taverna. Acho que uma noite por lá me reanimaria para a vida.-Por que não vamos lá então esta noite?-Não sei Donny.-Vamos sim, vamos sim, isso fará muito bem a você, ea mim. Disse rindo. -Está certo, mais tarde então.Conversaram mais um pouco e Donny se despediu.-Nos encontramos então.-Está combinado, à noite. ********** À noite os dois tomavam cerveja e uísque, envolvidospelos braços e beijos das moças que ganhavam a vida alegrando as noites dosfregueses de Dona Ambroise, e conversavam. Sobre a Universidade, Donny quis saber o porquê dele, Bernard, nãoretornar às aulas assim que chegou a Londres. Ele explicou que devido aoesforço da recuperação da saúde, não se sentira bem para retornar aos estudos,mas que no ano seguinte reiniciaria e terminaria o curso. Bernard quis saber deCatherine. Donny lhe falou dela e já depois de algumas bebidas se excedeu econtou a ele sobre a discussão à mesa do café e também do debate sobre ointeresse de Catherine por Wilbert. -Aquele maldito! Ainda teremos contas a acertar. Porcausa dele perdi o ano da faculdade e tive que sair do país.-Mas Bernard você não me disse que foi viajar para serecuperar de uma doença?-Foi o que eu disse não foi? -Sim foi.-Esqueça então. O que quero dizer é que por causa deum desentendimento com Wilbert por causa de sua irmã, fiquei infeliz e issocontribuiu para a minha doença, mas como disse esqueça e me fale mais sobreela.-Os meus pais ficaram muito chateados por saber queela estava interessada nele.-Mas como você queira que eles ficassem? Um pobretão,desclassificado, que vivia as custa de uma bolsa de estudos, filho de umjoão-ninguém, com aspirações por uma moça de boa estirpe e de brasão.-Você a ama? -Sim Donny, a amo, e tudo faria para ter uma vida emcomum com ela, uma relação estável, filhos e uma casa onde pudéssemos viver emfamília.-Quem diria! O Senhor Bernard falando em vidaestável, filhos e coisa e tal.-Ora Donny por Catherine eu faria esse sacrifício deme casar.Os dois riram e se abraçaram. -Mas eu posso ajudar você.-Pode como?-Posso tentar influenciar o meu pai, falando de você,assim como se fosse acidentalmente, inserindo o seu nome nas conversar emostrando o quanto você estima Catherine e o quanto é um bom partido para aminha irmã.-Faça isso amigo e prometo que lhe darei um belopresente.-Qual seria esse presente Bernard?-Digamos que seja um belo animal, um animal especiale desejado, um garanhão árabe. -O Vento do Deserto?Bernard riu e ficou satisfeito ao ver o brilho nosolhos de Donny.-Você ama aquele animal e ele será seu se conseguir ocombinado. O Vento do Deserto me foi dado por minha avó e se sua famíliaaceitar o meu pedido, no dia seguinte ao casamento ele estará com você. Os dois abraçaram as suas companheiras e comemoraramo trato. Capítulo 14 A vida corria e poucos meses depois, já no anoseguinte, Wilbert recuperado das queimaduras trabalhava normalmente. Eleprestou as provas necessárias, por uma deferência do corpo docente e se formoucom louvor. Então ele achou que já era hora de conversar com Yonah sobre osseus sentimentos e naturalmente a efetivação de uma relação estabelecida. Wilbert e Yonah se amavam e tinham um mútuo eprofundo respeito, onde observavam o espaço e a liberdade individual de cadaum, o carinho, a atenção e o interesse pelas coisas profissionais e diáriaseram modelar e davam o tamanho do quanto eram feitos um para o outro. O amorque tinham era a cada dia maior, o tanto que representava não os sufocava nemabafava a vida de ambos era um complemento e um saudável alimento das almas.Não havia ciúmes onde florescia apenas o bem. O respeito era fator de confiançae o resultado era uma compreensão perfeita. Quando estavam juntos emanavam oque era da natureza explícita deles, sentimentos que fluíam como uma energiapura e bela, quando estavam distantes um do outro esse sentimento os ligavam eos mantinham unidos como se estivessem próximos mesmo quando afastado. Elesmantinham um namoro onde se viam regularmente poucas vezes por semana, pois elamorava em um bairro retirado e distante do centro nervoso e comercial deLondres. Ela não tinha pai e sustentava a família, a mãe e um irmão menor.Assim que efetivaram o noivado, Wilbert que já havia recebido a herança comprouuma casa de dois andares, toda em madeira e a fez se mudar para lá, enquantoele continuou a mora com Rosenberg até se casarem. Isso aconteceria semanasdepois quando ela foi morar na simpática casa no meio de um terreno gramado comcercas e jardins a idéia era dar uma qualidade de vida melhor a família da suaamada, conforto e estudo para o irmão dela. Catherine que mesmo sabendo do noivado dos dois aindanão perdera as esperanças de ter Wilbert para si tramava com os seus botões umaforma de separá-los. Carosleitores, pobre dos seres que não compreendem o mal que causam a si mesmoquando cegos e infelizes tramam para destruir aquilo que é da natureza, dodesejo de Deus. Pobres dos surdos que não ouvem as orientações dos bonsespíritos dando-lhes os avisos dos danos que estão prestes a causar aos outrose a si mesmo. Não afinados com as energias superiores fecham os canais decomunicação entre si, seus mentores e os seus anjos protetores, espíritos quepor afinidades buscam auxiliar os seus tutelados. Quantas vezes durante os diasda nossa existência carnal nos chegam avisos e orientações em forma depensamentos e intuições, que a nós parecem originadas de nós mesmos? Mas muitasvezes não damos as devidas atenções e perdemos as oportunidades de avançarmosno caminho do crescimento pelo bem. Quantos dos nossos atos impensados, açõestomadas em momentos de imprevidências, desespero e de despreparo nos causamséculos de repetições de sofrimentos desnecessários? O quê faz pensar um espírito que destruindo um amorperfeito e puro unido pelo bem e programação espiritual, possa trazer para si afelicidade?Quem pode imaginar que causando dor e sofrimento aoutrem que esteja construindo para si um alicerce de alegrias e benessesdivinas?A vida é uma fórmula perfeita e divina, nada nemninguém pode ludibriá-la, enganá-la. Acreditar que podemos causar mal, dor,destruição e escapar impunes e tentar crer que Deus é cego ou injusto, que iráprivilegiar o mal em detrimento do bem.Muitas vezes envolvidos pelo nosso ego e vaidades nãonos damos conta de que nem tudo que em alguns momentos nos parece deimportância, não passaria de algo irrelevante se déssemos o tempo deamadurecimento e o desenrolar dos fatos que os envolvem. As circunstânciasenvolvidas na maioria das vezes é o encaminhamento de fatos que atuam em nossofavor, considerando que Deus tudo vê e tudo sabe, opta pelo que seja o melhorpara o nosso desenvolvimento e crescimento. Catherine se enquadrava naquele grupodos que se deixam envolver pelas circunstâncias e pelo ego.Mesmo sendo evidente para todos o amor que envolviaWilbert e Yonah, Catherine não se satisfazia com o que para ela seria apenasaparência e um interesse momentâneo de Wilbert e resolveu atacar com as armasque possuía. Aparecia sem aviso prévio, estava sempre nos mesmosambientes e seguia o casal se tornando inconveniente e usando uma práticacensurável e persistente.Assim ela repetia o mesmo padrão de atitudes deencarnações anteriores. Nós embora trazendo sob o véu do esquecimento osnossos passados, o que é uma benesse dada pelo nosso Pai Maior, temos guardadasem nosso subconsciente ou ainda melhor dizendo, impressas em nossos perispíritotodas as vivenciações que tivemos. O esquecimento é temporário, principalmentequando estamos revestidos de corpo carnal, pois é útil para o nosso convíviocom aqueles que em outras vidas nos causou mal, ou a quem nós tenhamos causadomal também. Imaginemos que nesta vida tenhamos escolhido conviver com alguémque matamos ou com alguém que nos tenha assassinado, e que estejamos agora comopai e filhos ou vice-versa, que bem poderia nos trazer esse conhecimento? Assimembora não saibamos das causas que nos uniu podemos ter em vários momentos dasnossas vidas a intuição de que temos um compromisso a cumprir, um resgate atransformar pela prática da convivência, pela proximidade que nos dá aoportunidade de conhecer o caráter e índole de cada um, e por meio dos laçosfamiliares ajudar aquele que por qualquer motivo seja mais frágil ou maistardio nas práticas do bem. Essa oportunidade é uma dádiva de Deus, uma chancede beneficiar a nossa evolução, de podermos perdoar e sermos perdoados, masainda assim quantos de nós negamos esses sentimentos, que nos chegam pelaintuição, avisos ou mensagens que nos são dadas todos os dias e todas as horas. ********* Donny começou a incutir no pai que Bernard seria umbom partido para Catherine, como a situação financeira da família não ia bem,Albert passou a pensar sobre o assunto, porém disse a Donny que nada havia deformal, portanto nada poderia também fazer a respeito. Para Donny era o quebastava, para ele a resposta do pai era uma aceitação e logo foi procurarBernard para dar a notícia.-Que notícia feliz, essa alegria eu não tinha hámuito tempo, mas preciso conversar com o meu pai agora. Para que possamosformalizar a situação. ********** Passados os meses, para a maioria dos envolvidos oesquecimento caiu sobre o caso do incêndio da alfaiataria, mas para três delesainda havia muitas lembranças, Wilbert, Reynolds e Danton, e para os doisúltimos muito ainda precisavam ser resolvido.Reynolds ainda investigou por conta própria edescobriu com os empregados da casa que Bernard chegara à casa pela manhã dodia seguinte a do casamento do primo, descobriu que o seu paletó tinha sidoqueimado em um dos braços, soube ainda da discussão e da repentina viagem deBernard para justificar uma doença que ninguém sabia que ele tinha, nem qualera.Ele forçou uma reunião com o chefe de polícia ecolocou tudo o que havia descoberto. Havia provas suficientes para levantar umaconvocação do pai e do filho, porem essa não era a intenção do seu chefe,premido que era por interesses políticos e pessoais, endividando e comprometidocom Suterland, ele era peça de um esquema destinado a abafar o caso da morte deAlfred. Depois da conversa com Reynolds ele pediu o seu afastamento por tempoindeterminado.Para Danton, o pensamento obstinado, ganhava formas econtornos de obsessão, a sua vida estava alterada e seus pensamentosinvariavelmente o levavam a Alfred e este do plano espiritual tentava trabalhare conter esse ímpeto de Danton, pois que ele sabia onde isso poderia levá-lo,via que essa persistência sem equilíbrio o estava afastando da esposa eperturbando o convívio e a tranqüilidade do seu lar, mas devido a teimosia eenergia condensada nesse objetivo pouco Alfred pode ajudar o seu protegido e omais improvável aconteceu. Depois damorte de seu bebê ele conseguiu uma licença especial e pôde ficar alguns diasna cidade e com o tempo e o esfriamento do caso policial de Alfred eleconseguiu prorrogar sua transferência ainda mais, e assim quando um dia saiu muitocedo, pela madrugada para trabalhar encontrou Bernard e Donny retornando dassuas noitadas, fartos de fumo, álcool e sexo, e ao se cruzarem, em sua mentecomo um flash retornou a imagem que ele vira no dia do incêndio, a do rosto deBernard. Ele estacou por um momento, depois tomado por uma fúria e revoltacorreu e agarrou Bernard pelos ombros.-O que você quer comigo? Solte-me!-Foi você quem eu vi correndo no dia do incêndio daalfaiataria.-O rosto de Bernard foi tomado por uma palidezinstantânea, os músculos da face se enrijeceram e a sua voz tornou-se trêmulaao reagir.-Está louco homem? Eu nunca o vi.-Você pode não me ter visto, mas eu sim, eu o vifugindo naquela madrugada. Eu sei que foi você quem matou o senhor Alfred.-Solte-me já disse. Gritou Bernard tentando sedesvencilhar de Danton, que sendo um homem acostumado aos rigores da profissãotinha uma estrutura física diversa da de Bernard, mas musculosa e atlética.-Nada disso! Só vou soltá-lo quando estiver nas mãosda polícia e é para lá que eu vou levá-lo agora mesmo seu assassino. Dito issoDanton arrastou Bernard, e o tinha dominado quando então sentiu a pancada nacabeça e a visão escurecer. Caiu. Donnycom uma pedra o atingira de forma violenta na nuca. Depois ele ajudou Bernard ase levantar e correram.Danton ficou caído, e mais de uma hora depois umtranseunte parou para ver o que havia acontecido e chamou ajuda parasocorrê-lo. Danton foi levado para ohospital desfalecido, com um ferimento grande e com muita perda de sangue emassa encefálica.Bernard e Donny foram para suas casas e só voltaram aser ver dias depois. ********* Reynolds que era um policial admirado por muitos foiprocurar ajuda para reverter a sua situação. Tinha também amigos influentes aquem servira e que muito lhes deviam. Dois deles serviam no palácio real, eeram assessores diretos para negócios de política e economia, respectivamenteda Rainha Vitória. Os pais de Reynolds serviram além da rainha aos seusantecessores e tios Jorge e Guilherme. Ele nasceu e foi criado neste ambientereal, recebeu educação esmerada, mas logo cedo quis tomar as rédeas de suavida, por influência de um dos seus primos acabou tomando admiração pelotrabalho policial e candidatou-se às fileiras da corporação. Devido a suaproximidade com a família que ainda servia à casa real, ele pôde prestarserviços especializados a alguns dos seus membros e funcionários de altoescalão, assim ainda neste tempo ele possuía uma facilidade de acesso aopalácio e àqueles a quem servira. Reynolds inconformado com os constantesdesmandos dos seus superiores e com a impossibilidade de exercer plenamente assuas funções se viu sem saída e por tal buscou as mesmas armas políticas einfluências que eram usadas contra si. Para esse efeito semanas depois elereassumiu o seu posto com recomendações diretas de poder desempenhar as suasatividades. Pouco tempo depois seus contatos se mostraram eficazes e o chefe doposto policial foi substituído e Reynolds alçado a um posto de subchefia. *********** Danton não resistiu ao ferimento provocado pelo golpede Donny, e veio há morrer dois dias depois. O que para muitos pareceu apenasuma fatalidade ou a conseqüência de um delito marginal, para Reynolds ficava asuspeita de que havia uma ligação entre aquele fato e os anteriores e passou ainvestigá-lo dentro dessa possibilidade. ********* Bernard conversou com Donny que não iria pedir a mãode Catherine, ele alegou que aquele encontro com Danton o havia esgotado, disseque deveria ter permanecido na Bélgica e que a sua volta fora prematura. Tinhamedo que a polícia associasse a morte de Danton a ele, e também que issopudesse causar malefícios indiretamente a Catherine. Donny quis mostrar a ele que o melhor seria eleformalizar o pedido, pois isso só viria a melhorar as suas condições emocionaise que traria uma nova página à sua vida e que fugir nesse momento somenteatraia suspeição maior , e que contrariamente o fato de alguém estar casandonão criaria a suposição de culpa, uma vez que o casamento subtende vinculo elaços de fixação. Os argumentos de Donny surtiram efeito e ele prometeu aBernard que faria uma carga mais forte e efetiva sobre seu pai Albert de modo adar o aval ao enlace. Bernard por sua vez pediu então a seu pai queformalizasse o pedido junto à família de Catherine. Para surpresa de Suterlandalgo de bom estava vindo da cabeça do seu filho desmiolado, e ele até com certoalívio nada objetou.O pedido formal aconteceu para desgosto de Catherine,que ainda mantinha esperanças veladas de que o caso de Wilbert com Yonah nãopassasse de um flerte sem conseqüências.As famílias acordaram que seis meses após aquela dataseriam as núpcias, combinaram uma grande festa para a ocasião. Wilbert e Yonah casaram-se numa festa simples e compoucos convidados, a cerimônia ocorreu nos jardins de uma casa de campo deJacoob, que estava presente com a família e entre os poucos convidados, estavamainda os irmãos Greenwall. ���8�^>ȋ�
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O Rio do Destino
RomanceWilbert e Yonah, personagens do bem, protagonizam uma história de amor no passado e que se repete pelas pontes do tempo, unindo o desejo de transformar as antigas dores de várias encarnações em oportunidades de crescimento e evolução. Os dois enfren...