Domínio do medo

Capítulo 9

Bom, é assim que vim parar aqui. Hospício Dr. Grace, simplesmente jogada e deixada de canto, tomando altas doses de drogas que os médicos insistem em chamar de remédios. Minha vida inteira jogada no lixo, já estou nesse lugar a cinco anos, quem sabe quanto tempo mais vou ter que aguentar.
As vezes me pego olhando pro nada imaginando como me deixei chegar até onde estou, como fui tao fraca e burra. Meu pai, meus amigos, minha família, lembro de todos a cada vez que caio por não aguentar as doses do remédio. Só não sei se eles se lembram de mim.

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-Como você se sente Sophia?
Largo o diário e tento conversar com a minha terapeuta, a Doutora Lenie como se isso fosse normal
- Já terminou o diário? Contou a sua historia?
- Por que isso importa? Já falei o motivo de estar aqui. Ninguém acredita, como um monte de coisa escrita poderia me ajudar?
Odeio isso tudo. As sessões, o jeito como ela me trata, essa sala. Qual é a graça em conversar meia hora por dia com uma pessoa em uma sala branca, com duas poltronas e com todas as janelas trancadas? Nenhuma.

-Sophia, largue por favor o seu caderno e converse comigo.
-Olha, eu posso explicar umas cinco vezes e você não ira entender, muito menos acreditar.
Nesse momento o guarda bate na porta e avisa
- Senhorita Diaz, seu horário acabou.
- Tudo bem, só tenho que falar mais uma coisa com ela.
Então foi a minha vez:
- Não tenho nada a falar. Já disse que você nunca vai entender.
E me retiro da sala calmamente, o suficiente para ouvir ela falar
"Talvez eu entenda."

Passei o resto do dia pensando no que a Doutora havia falado. Eu passei os últimos cinco anos sozinha, sem falar com ninguém, apenas escrevendo. Não conseguia achar uma saída para isso tudo, varias teorias passaram pela minha cabeça " Talvez eu esteja realmente louca." "Talvez eu ainda esteja dentro do espelho", na verdade pensar nisso só fazia com que eu me sentisse mais estúpida ainda. Tudo o que eu quero é que isso acabe, que eu entenda o que realmente esta acontecendo.

Passei anos procurando uma saída, uma maneira de sair daqui e provar a minha sanidade, talvez a Doutura realmente entenda, talvez ela possa me ajudar. Decido falar com ela na minha próxima consulta. De um jeito ou de outro eu irei sair daqui.

VIVA OU MORTA

Sou obrigada a parar de escrever quando alguém bate na minha porta. Já são 12:00h, hora do almoço. Uma coisa maravilhosa se eu estivesse em um hotel em vez de um hospício. A comida daqui é pior do que a comida da cantina da minha antiga es...escola.

- Senhorita Diaz, por favor me acompanhe até o refeitório.

Plantão do Marcos. Um dos guardas mais legais, geralmente ele costuma nos olhar nos olhos para falar e não nos trata como animais. Geralmente. Tanto tempo olhando para as mesmas pessoas faz com que percebemos alguns detalhes, como : ele sempre esta mexendo na chave (acho que é algum tipo de TOC), as batidas na porta (são sempre 3) e a fisionomia dele. Branco de olhos pretos. Seria só isso se aqueles olhos não me lembrassem alguem.

-Fala Marcos! Qual é a gororoba que vou ser obrigada a comer hoje?

-Não diga isso ou a cozinheira vai ficar muito chateada... Mentira -Cuspo um pouco enquanto tento segurar a risada - Tome, você vai precisar comer algo que não tenha gosto de comida estragada.http://2.bp.blogspot.com/_HtPe9Tu8GD0/S0sqzRnjwzI/AAAAAAAAB8Y/ScrdjS0b-oc/s400/letras-blog.jpg

Dizendo isso ele me passa um bolinho. Gente um bolinho! A oitava maravilha do mundo quando se esta comendo meia suja por cinco anos, o.k pelo menos eu tenho o que comer, mas isso não muda o fato de que a comida do hospício é ruim.

- Que prova de amor! Um bolinho! Obrigada ninguém nunca fez isso comigo antes!

Mais risadas.

- Agora precisamos ir Sophia.

Saio do quarto com um gosto bom na boca e na cabeça pensamentos de que logo, logo não estarei mais aqui.

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Obrigada pelos 3k!!!! Aguardem o proximo cap :)