Capítulo 2

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- Vamos lá rapazes, se apresentem para a turma. - disse a professora aos dois novatos.
Nenhum dos dois falou nada, não sei se eram tímidos ou se só não estavam afim de falar.
- Você primeiro rapazinho. - disse ela novamente apontando para o que me derrubou.
Agora eu olhava melhor para ele, se você olhasse rápido ele facilmente sumiria no meio de uma multidão, não tinha nada de tão especial nele, parecia só um garoto comum. Cabelos e olhos castanhos, roupas normais, só mais um aluno numa sala, talvez, mas não é bom julgar um livro pela capa.
- Ola meu nome é Watson, o resto vocês não se importam e não precisam fingir o contrário. - ele disse, parece que temos algo em comum, nos dois sabemos que não nos querem aqui.
- Esta bem... - disse a professora, talvez ela não tenha gostado muito da apresentação dele. - E você meu jovem?
Disse ela apontando para o outro. O outro parecia mais que simplesmente caiu da cama se levantou e veio, sem fazer mais nada. Ele tinha os cabelos pretos bagunçado, seus olhos eram um castanho bem claro, se vestia como se não se importasse tanto com sua aparência, tinha um resto de barba por fazer, provavelmente era mais velho, talvez estivesse repetindo de ano, não sei.
Outra coisa que não sei é o porque de eu repara tanto nele, talvez só seja curiosidade.
- Meu nome é John, estou mudando de cidade e acabei vindo parar aqui, incrível esse destino não? - ele disse sorrindo e piscando para Carla, uma menina loira de olhos azuis que ama se aparecer, quando ele pisca, ela abafa uma risadinha com a mão.
Eu só faço revirar os olhos, por alguma razão não gostei nada disso.
- Muito bem, podem se sentar. - a professora diz - Turma abram os livros na página 68...
Não prestei atenção no resto, não estava com cabeça para filosofia hoje, abri o livro só por abrir, mas fiquei olhando para a janela, como ainda era cedo a vista ficava linda, o sol não estava tão alto ainda, ele estava por trás dos prédios o que resultava numa imagem linda.
Começo a pensar na vida, nas pessoas que eu conheci, nas que me machucaram e em como num processo longo e doloroso acabei construindo uma muralha ao meu redor, me pergunto se algum dia deixarei alguem entrar nessa muralha, se ainda vale a pena tentar, parece impossível.
Então algo me tira a concentração, percebo que tem um par de olhos em mim, olho disfarçadamente por toda a sala e vejo John me olhando. Ficamos nos olhando por um tempo, não sei explicar o porque, mas simplesmente ficamos lá nos olhando, não por muito tempo, não demora muito o tempo bate.
Começo a arrumar minhas coisas, então noto que ele ta vindo na minha direção, simplesmente pego minhas coisas e saio da sala, não posso deixar ele chegar perto de mim, de jeito algum.
Sinto isso dentro de mim, posso não saber nada dele, mas por alguma razão sinto algo em relação a ele, parece que ele é uma espécie de imã me atraindo, e me entregar a isso seria estupidez.
Devo me manter distante, se não chegar perto não sinto.
Já estou no corredor onde fica o laboratório de química, quando vejo algo que não me agrada.
— Mãe? — digo ao vê-la.

Princesa de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora