Entre famílias

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- Saia já da minha casa Heather!- disse minha mãe recuperando a cor e com raiva na voz.

-AH vamos Elizah, vim por ele - disse a mulher estranha apontando pra mim e pegando um croissant para comer- com certeza ele não sabe do que se passou, não é? 

- Por favor mãe não seja rude -fala um garoto estiloso e com uma voz  muito bonita. Ele tinha cabelos negros e olhos negros. Esses olhos... foram o que vi na janela no caminho para cá. - a senhora falou que só iria dar nossas boas-vindas ao garoto. 

Claramente ele estava desconfortável e evitava ao máximo me olhar. A garota alta atrás dele entrou na sala e Clary quase engasgou. O ar ficou muito pesado. Clary não parecia acreditar e ficou encarado a garota. Acho que as duas se conheciam.

-Você está certo Vênus. - disse ela saindo da mesa - Até logo Elizah. Dê-lhe nosso presente Petúnia.  

A garota veio em minha direção, pegando algo na bolsa de couro e me entregou. Uma caixa vermelhinha bem enfeitada e com um lacinho. 

- Bem, seja bem vindo.- disse saindo da sala.

 Eles saíram logo depois. Minha mãe estava indignada, meu tio com cara de tabacudo e Clary com lentilha no queixo. 

-Acho que o jantar terminou então- Falo saindo da mesa, indo até onde está a Clary e vamos para  o terraço. 

-Algo me diz que você conhece aquela garota- falo encarando ela.

- E.. Ela é só uma amiga - falou ela com a voz falhando.

- Sei - falo com tom irônico - e aquela mulher louca que entrou aqui? 

- É a senhorita Landoras - fala ela enquanto se senta em um banco - a relação entre nós e os Landoras é... conturbada. 

-Não imagino o porque... - alguém chega atrás de nós. Tio Víctor.

-Garotos vão dormir - disse ele com voz cansada -  Amanhã é o primeiro dia de aula de Kalef e você também vai para escola Clarissa.

Seguimos aos nossos quartos subindo as escadas. Antes de eu entrar eu perguntei para minha mãe onde ela havia posto o "presente" que os Landoras me deixaram. Ela estava na porta do seu quarto com a cadeira de rodas e me disse que não era para eu tocar e nem pensar naquilo. Estava no colo dela, eu vi. Resolvi deixar a ideia de ver o que era o presente de lado e fui até meu quarto no final do corredor. Agora eu podia ver bem melhor o papel de parede. Ele era vermelho, marrom e creme fazendo uma mistura de texturas que me deixavam louco. As lâmpadas tinha um tom amarelado forte. O cheiro era de pinheiro, o que é bastante estranho. Chego na porta do quarto. Ele tem a mesma maçaneta que a dos outros cômodos, um olho semicerrado. Eu a giro e entro. O quarto é grande, úmido e está escuro. Minha cama é de casal. "ótimo, mais espaço para dormir" penso enquanto acendo o abajur e verifico se há algo debaixo da cama. Sempre tive esse costume desde pequeno. Deito na cama e apago o abajur. Penso naquele garoto... "Vênus? que tipo de nome é esse para um garoto?!". Resolvo deixar isso pra lá e dormir. 

                                                                    *                              *                            *

 -Hora de acordar dorminhoco - fala Clary abrindo as cortinas e deixando a luz do sol entrar. - anda levanta, a mamãe não vai ficar satisfeita de te ver em casa. 

Levanto sem falar nada. Me sinto péssimo, parece que algo me atropelou. Uma curiosidade sobre meu quarto... Ele tem um banheiro no guarda roupa. Sim, é estranho, mas ao mesmo tempo é legal. Eu entro dentro do banheiro, tomo banho, visto uma roupa legal e desço pra tomar café com minha irmã. Quando chego na mesa fico espantado. Ovos com bacon, torradas, suco de maracujá, uma nutella gigante e varias outras coisas estavam lá. Assim que eu sento e começo a comer tio Víctor chega dizendo que vai nos levar de carro e que temos apenas 10 minutos antes de sair. Comi feito um louco e fui até a garagem esperar meu tio sair com o carro. Segundo Clary, a escola é um lugar ótimo e amplo. Eu teria um horário e teria que ir de sala em sala por causa das matérias. Passamos alguns minutos na estrada até chegarmos a parte "interna" do vale. A escola fica logo no começo da grande avenida que se estende naquela cidade meio improvisada. Nós saímos do carro e fomos até a escola, mas como sempre demos a sorte de pegar uma garoa. 

- Ka, eu te vejo no final do dia. - falou Clary me abraçando e logo após foi com um bando de garotas pra dentro do colégio.

O colégio era muito grande, mas do tipo, grande mesmo!! Eram 2 quadras, 28 salas de aula, 4 piscinas, 6 laboratórios e mais um monte de coisa que estavam sendo ditas em um cartaz na entrada. Eu esperava não me perder, mas é claro que isso não aconteceu. Estava andando em círculos durante uns 15 minutos e já tinha tocado o sinal. Tava desesperado, não sabia o que fazer e a quem pedir ajuda. Os corredores estavam vazios. Todos estavam nas salas e eu não fazia a menor ideia de onde ficava a minha primeira aula. Foi ai que eu percebi que eu tinha um mapa do colégio e nem me toquei. Segundo o mapa eu estava uns 3 corredores da minha primeira sala. Era aula de Biologia II e eu não sabia muito bem o que iria fazer lá. Ando pelos corredores e entro na sala - pedindo muitas desculpas e dizendo que eu me perdi, é claro. Só havia um lugar no final da sala, ao lado de um garoto... Ele me parecia muito familiar. Chegando lá tomo uma surpresa. O garoto olha nos meus olhos e diz: 

- Parece que seremos parceiros de laboratório, não é?  - os olhos deles eram negros e eu vi um redemoinho de confusão na minha mente que me fizeram apagar no meio da sala. O garoto era Vênus Landoras... 


Decifra-me e Devoro-teOnde histórias criam vida. Descubra agora