Capítulo 1

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É mais um dia. Visto o meu casaco preto e meto o garruço na cabeça. Sou um estudante de direito, mas agora estou a estagiar em casa da minha professora (que também é uma respeitada advogada na cidade), com mais dois colegas (Elliot e Skylar). Todos os dias os mais estranhos casos chegam-lhe, e nós temos que a ajudar a ganhar estes casos em tribunal. É complicado, sim, mas é algo que todos amamos fazer.

Tudo à minha volta parece estranho, diferente do que era antes, mas não entendo porquê. Saio do meu apartamento desarrumado e paredes sujas e caminho até ao estágio. E, ao chegar à remodelada casa da minha professora, entro. Papéis de parede estranhos, com padrões lindos, mas sem conseguir tirar algum significado daquelas imagens.

- Bom dia, Bruce! – diz-me a minha professora.

- Bom dia , sra. Jessie.

Sento-me na minha mesa, e ligo o computador. Skylar aproxima-se de mim e entrega-me um novo caso para eu começar a rever e a pensar em ideias. Abro o ficheiro, e deparo-me com uma situação nova. Pela primeira vez tinha que fazer algo errado, algo que nunca pensei que tivesse que fazer. Tinha que inocentar uma pessoa envolvida num homicídio. Não queria, achei errado, então fui ao escritório da minha professora.

- Professora, – disse eu – foi-me entregue um caso em que tenho de defender um assassino. Não quero fazer isto, não quero.

Ela levanta-se da sua cadeira e dirige-se a mim, pega na minha mão e diz-me:

- Sabes Bruce, às vezes na vida temos que tomar atitudes contra a nossa própria vontade. Eu sei que é errado, sei que talvez essa pessoa mereça todos os anos na prisão, ou até pior, mas não interessa. O nosso trabalho na justiça não é fazer a coisa certa, mas sim defender quem nos contrata. É assim.

Saio do escritório despedaçado, e sento-me na minha mesa. Olho para aquelas imagens de corpos esfaqueados e torturados, e começo a pensar na melhor solução para conseguir safar este monstro. Horas e horas sentado, a escrever no computador, a andar às voltas na sala a pensar numa boa história, mas nada me ocorre. Só me ocorre que esta pessoa devia estar por trás das grades, mas não há nada que eu possa fazer.

Chega a minha hora de sair do estágio, e caminho até casa. À porta de minha casa está a minha vizinha, Emily. Emily vive do lucro do seu tráfico de drogas, e usa-as para esquecer a vida infeliz que tem. Lá está ela, no seu estado pedrado habitual, a chorar. Eu baixo-me, dou-lhe um beijo na testa dela e abraço-a.

- Vai ficar tudo bem. – digo eu.

HomicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora