Capítulo 16

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Adrian nos levou para uma praça,no centro do Vilarejo da Montanha (era esse o nome do lugar,que tinham me dito).Eu ainda estava com a cabeça nas nuvens,pensando em minha mãe e na pessoa que aquele engravatado disse que era.Minha mãe não era uma assassina.Ela não era.
A praça era grande e circular,com pessoas andando e sorrindo.Algumas crianças andavam por aí,ambas com tatuagens de lírio que iam do pulso até o antebraço.As tatuagens eram bonitas,mas não tive tempo de reparar muito porque Luke me puxou quando eu ia dando um encontrão em um cara.Normal.
- Cuidado,Kattie. - ele me disse.Sua mão ainda estava em meu braço e eu olhei para ela.Ele me soltou.
- Desculpa eu... - comecei mas não terminei,porque o que eu estava vendo quebrava todas as leis da física que conhecia.
No centro da praça havia um chafariz,uma estátua de um homem que parecia um anjo que jorrava água pela mão.As tatuagens de lírio estavam em seu corpo todo e brilhavam vivas contra o mármore da estátua.Mas não foi isso que me impressionou.
Na base do chafariz,havia água claro,e umas crianças brincavam lá.Normal.Se não fosse pela parte em que a água girava pelo ar e tomava várias formas,de acordo com os movimentos das crianças.Nem eu conseguia fazer aquilo.
Elas faziam a água formar círculos ao seu redor e bolhas no ar,como se tivessem brincando com bolhinhas de sabão.Meio que uou.
- Caraca,olha o que aqueles mini-magos estão fazendo! - eu disse a Luke e apontei para as crianças brincando na base do chafariz.
- Já vi fazerem coisas piores. - ele disse.Algo na sua voz me assustou.
- Qual a treta que os lupinos têm com o mago? - pergunto.Adrian tinha se afastado de nós,ido conversar com alguém.
- Nenhuma. - ele falou e eu o encarei. - Que te interesse.
- Me interessa sim.Além de eu fazer parte desse mundo,eu sou maga.
- Não é algo que você deva saber. - ele disse e continuou a andar,com as mãos nos bolsos.As pessoas olhavam para ele e murmuravam.Tudo sem o que fazer.
- E porque não? - eu perguntei.
- Porque não.
- Porque não,não é resposta. - repliquei.
- Porque você tá tão curiosa?
- E porque você ficou tão estressado de repente?
Ele apenas continuou andando,me ignorando.Ah é assim,Lucian? Okay então,pensei.Caminhei ao lado dele,em silêncio.O silêncio que me fazia pensar.Pensar na minha mãe e...Melhor parar.
Olhei ao redor e vi os outros na praça.Era uma praça circular,como eu disse,com grama bem verde e cuidada e com flores desconhecidas.As árvores não pareciam naturais.Não pareciam com qualquer coisa que eu já havia visto,mas só tinham algumas.Algumas pessoas riam e outras conversavam.Algumas até namoravam.Me senti alone depois disso.Sentei em um banco e Luke sentou ao meu lado.Cruzei as pernas e olhei minhas unhas.
- Então... - digo percebendo o silêncio. - Não tem nada para conversar?
- Bem,me diga você.Saiu do prédio bem...irritada. - ele disse,me encarando.Seus olhos eram claros com um anel dourado em volta.Eram incríveis.
- Ah,isso... - murmurei.Não queria lembrar da conversa que tive. - Foi nada.
- Não parece que foi.
- Nem tudo é o que parece,Lucian.
Ele deu de ombros e voltamos ao silêncio.Pensei que iríamos ficar naquilo,porque sou o tipo de pessoa que se você não puxar assunto comigo,não sei puxar com você.
Mas então,ouvimos uma voz.
- Olá! - levantei a cabeça e vi uma garota a nossa frente.Ela tinha os cabelos castanhos e olhos da mesma cor.Sua pele era clara e sua tatuagem brilhava em seu pulso e antebraço.
- Oi. - respondi.Na verdade queria dizer: Te conheço...?
- Você é Katherine,não é? - ela perguntou.
- Sim. - confirmei. - Como sabe meu nome?
- Detalhes,detalhes... - ela deu de ombros. - Não importam agora.Então você está mesmo aqui em Vilarejo da Montanha.
- É o que parece. - eu ri um pouco só para não parecer grossa.
- Pensava que não viria para cá.Não é uma decisão sábia. - ela disse. - Se souberem quem você é...
- Melhor que não saibam.
- E o que tem se souberem que ela é Katherine? - Luke perguntou.A garota olhou para ele e depois para mim.
- Não sabia que andava com lupinos.
Não sabia que você existia,mas cá estamos.
- Responde a pergunta,por favor? - Luke disse,levemente irritado.
- O problema não é saberem que ela é Katherine. - a garota disse. - O problema,é se souberem que ela é a Katherine.
- E o que quer dizer com isso? - Luke perguntou.
- Quer dizer nada. - interrompi,levantando. - Vamos Luke.Com licença. - eu disse a ela.
- Mas...
- Vamos.Nem a conhecemos. - eu disse,fazendo ele se levantar.
- Sou Sophie. - ela se apresentou.Sorrindo.
Suspirei e me virei para ela.Não queria ser mal educada,não hoje.
- Sou Katherine.Mas disso você já sabe. - falei. - E esse é Lucian.
Então ouvimos alguém chamando por ela.Viramos e havia um cara,olhando de longe.Ele era loiro e seu corte era o que os homens na moda usavam,atualmente.Parecia ser forte e raivoso.E estava vindo para cá.
- Vamos. - ele falou,puxando ela.
- Me solta Ian! - ela disse,se libertando do aperto da mão dele. - Eu estou conversando!
- Não queremos atrapalhar... - eu disse.
- Não está atrapalhando.Ele está. - ela disse e Ian pareceu ficar mais puto.
- Vamos logo. - ele disse,ameaçador.
- Acho que você é novo demais para ser o pai dela. - eu disse,já me metendo na confusão.
- Kattie. - Luke me alertou.
- E o que você tem a ver com isso? - ele disse,olhando para mim.Seus olhos eram de cores diferentes: azul claro e castanho.
- E o que você tem a ver com a nossa conversa. - falei.
- Vamos,Sophie. - ele disse,puxando ela novamente.
- Ela não é obrigada,querido. - puxei ela para o meu lado.Engraçado.Antes eu estava querendo que ela fosse, agora eu estava defendendo ela.
- Eu sou o irmão dela e sei que ela não tem que ficar conversando com pessoas como você,Katherine. - ele disse.Lá no fundo,aquilo magoou.Fingi desinteresse.
- Pessoas como eu? - ri,debochando. - Me poupe.Sou como qualquer uma aqui.
- Ninguém aqui é filho de uma assassina.
Senti minha visão ficar vermelha e eu quase perder a razão.
- Minha mãe não é assassina.
- Diga isso para todas as famílias que perderam algum parente por causa dela e dos Selvagens. - ele disse.Ah,mas ele tava me irritando.
- Não vou nem mais discutir com você,porque se eu quisesse falar com merda,estaria na privada. - falei e me virei,puxando Luke.
- Vai lá,filhinha de assassina.Vê se não mata ninguém no caminho!
Quando percebi,já estava jogando ele no chão.
Minha mão estava levantada ainda,por usar a telecinese.Todos na praça arfavam e me olhavam.Ian gemia no chão,esfregando uma mão na cabeça.Baixei a mão e olhei ao redor,as pessoas murmuravam e me encararam assustadas.Ouvi palavras como "assassina" e "estranha".Me sentia uma aberração.
A mão de Luke me agarrou no braço e ele e Sophie me levaram para algum lugar.Atrás de mim,Ian me chamava de assassina.

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