0Pov's Mia
3 dias depois do acidente'
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O som era agudo, insistente, como um bipe metálico no fundo da mente. Aos poucos, os sentidos voltavam. Primeiro o cheiro de álcool — hospitalar, forte. Depois, o peso nos olhos, como se estivessem colados. A luz invadia por entre as pálpebras, e, por fim, a dor. Uma dor surda na cabeça, no peito, no corpo inteiro.
Mia tentou se mover, mas os músculos estavam pesados, como se estivessem submersos em areia.
— Mia…? — uma voz sussurrou ao lado da cama. — Filha… está me ouvindo?
Ela virou o rosto lentamente.
Os olhos ainda turvos encontraram um homem sentado ao lado da cama.
Sorridente. Chorando de alívio.
Com a mão sobre a dela.
— Quem…? — a voz saiu fraca, quase inaudível.
Ele apertou de leve a mão dela.
— Sou eu, minha filha… sou seu pai. Está tudo bem agora. Você está segura.
Ela tentou se afastar instintivamente, mas o corpo não respondeu. O coração acelerou sem saber por quê.
Pai?
A palavra soava estranha.
Como se carregasse algo pesado por trás.
Mas ela não conseguia lembrar.
— O que… aconteceu? — perguntou, ainda sem entender.
O homem sorriu, mas os olhos dele estavam intensos demais.
Doces… mas em excesso. Como açúcar que enjoa.
— Você sofreu um acidente de carro. Foi grave. Mas graças a Deus, você sobreviveu. Ficou inconsciente por três dias, mas os médicos dizem que vai se recuperar completamente.
Ela piscou, confusa.
Tentou lembrar.
Um carro…
Sim.
A estrada.
A noite.
Alguém… ligando.
Alguém esperando por ela.
Mas a mente dela era um campo vazio.
— Eu… não lembro de nada — disse, assustada.
Ele se inclinou e segurou o rosto dela com as duas mãos, com um carinho quase teatral.
— Isso é normal, meu anjo. Os médicos chamaram de amnésia dissociativa. Pode ter sido o trauma, o impacto. Mas está tudo bem. Eu estou aqui. E vou cuidar de você.
Ela o encarou, tentando entender.
O rosto dele era familiar.
Mas havia algo estranho naquele sorriso.
Algo que não se encaixava com o calor forçado das palavras.
— A gente… mora junto?
Ele hesitou por um segundo, rápido demais. Mas logo respondeu com naturalidade:
— Sim, claro. Voltamos a morar juntos há alguns meses. Você estava passando por uma fase difícil, e achei melhor trazê-la pra casa. Está tudo bem agora, viu?
Ela assentiu, mas algo dentro dela gritava o contrário.
As memórias estavam bloqueadas, mas o corpo… o corpo ainda lembrava.
Sentia um frio subir pela espinha ao ouvir a voz dele.
Uma rigidez involuntária nos ombros cada vez que ele a tocava.
Uma sensação de alarme, de perigo.
Mas não conseguia entender por quê.
— E… minha mãe?
— Sua mãe… — ele suspirou. — Bom, você sabe que ela nos deixou há muitos anos. Mas eu estive aqui o tempo todo. Sempre estive por você, Mia. Desde o início.
Ela olhou para a janela do quarto. O céu estava pálido, cinza.
Alguma coisa estava fora do lugar.
— Alguém… mais perguntou por mim?
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-𝑂𝐵𝑆𝐸𝑆𝑆𝐸𝐷- 𝗧𝗼𝗺 𝗞𝗮𝘂𝗹𝗶𝘁𝘇
Romance𝙪𝙢𝙖 𝙢𝙚𝙣𝙞𝙣𝙖 𝙘𝙝𝙖𝙢𝙖𝙙𝙖 𝙢𝙞𝙖 𝙘𝙤𝙢𝙚𝙘̧𝙤𝙪 𝙖 𝙢𝙤𝙧𝙖𝙧 𝙚𝙢 𝙪𝙢𝙖 𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙙𝙖 𝙖𝙡𝙚𝙢𝙖𝙣𝙝𝙖, 𝙖𝙨𝙨𝙞𝙢 𝙫𝙞𝙧𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙫𝙞𝙯𝙞𝙣𝙝𝙖 𝙙𝙚 𝙩𝙤𝙢 𝙚 𝙗𝙞𝙡𝙡... 𝙚𝙡𝙚𝙨 𝙚𝙧𝙖𝙢 𝙢𝙪𝙞𝙩𝙤 𝙖𝙢𝙞𝙜𝙤𝙨( 𝙗𝙚𝙨𝙩 𝙛𝙧𝙞𝙚�...
