Capítulo - 57

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Ele parecia confuso com o que acabara de ouvir, pela expressão facial que me estava a mostrar e com as interrogações feitas, mas eu estava nem aí para a mente dele confusa.

Anabella: Pensei que soubesses tudo. Não é você que sabia tudo sobre mim? - Gritei no rosto dele com raiva, agora era inevitável controlar minhas lágrimas.

Lexus: Tu não precisas ser assim. Eu só quero entender o que se passou, calma vamos conversar. - Ele tinha uma expressão calma no rosto, ao contrário de  mim.

Anabella: Cala a boca Lexus! - Gritei com ele. Nem eu mesma estava a acreditar que lhe tinha mandado calar, era a primeira vez que isso acontecia, isso só mostrava que estava mesmo farta. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, minha maquilhagem destruída, meu rosto borrado, minha cabeça doía tanto, meu vestido estava sujo e rasgado porque eu mesma havia rasgado de tanta raiva. Eu tentava me acalmar com as ondas, mas nem elas me ajudavam mais.

Olhei para ele que estava calado e com as mãos cobrindo o rosto. Levantei-me e comecei a andar numa direcção qualquer. Atirei os meus sapatos para o mar. Só chorava, porque já não sabia o que fazer, eram tantas lembranças me colocando para baixo, minha cabeça estava tão cheia parecia que ia explodir. Senti uma mão puxar-me com força, virei e embati-me no corpo dele.

Lexus: Você precisa se acalmar, assim você não resolve nada. - Ele disse enquanto olhava nos meus olhos inundados por lágrimas.

Anabella: E quem disse que eu quero resolver alguma coisa?! Tudo o que queria era não ter que olhar para a tua cara, era o meu filho aqui comigo, era poder ser feliz nem que fosse por minutos ou segundos. - Despejei algumas das coisas que me estavam a incomodar naquele momento.

Lexus: Deixa-me explicar tudo o que aconteceu, porquê que eu tive que ir embora. - Ele implorou. Era estranho ver o ''poderoso chefão'' implorar, ainda mais para mim.

Anabella: Não quero ouvir merda de explicação nenhuma, guarda elas todas para você, eu não faço questão. - Tinha tanta raiva que só faltava produzir um encontro da minha mão com o rosto dele, porque a minha mão parecia ansiosa. 

Lexus: Eu não quis te abandonar, mas tu sabes que eu não podia ficar contigo. Colocar a tua vida em risco vezes e vezes em conta. Eu não queria destruir a tua vida, porque não seria justo. Sem estudar e ser mulher de bandido, o quê que você acha que seria feito do teu futuro? - Ele começou a coçar a cabeça.

Anabella: Só tenho a te agradecer, você me ajudou a ver que a parva era eu. Que a palhaça era eu, que a burra era eu. Eu chorei, eu quase morri, eu perdi meu filho por causa de um homem que nem se quer gosta ou gastava de mim, mas está tudo bem em cada lágrima que derramei aprendi uma lição e tornei-me mais forte. - Minhas lágrimas já estavam a secar. Ele pensava que eu era fraca? Eu consigo ser mais forte que ele e aquela gangzinha de merda dele.

Lexus: NOSSO FILHO! Eu não sabia que... - Ele respirou fundo e pude  ver uma lágrima cair. - Se eu soubesse eu nunca teria feito o que  fiz, desculpa Anabella.

Anabella: Nosso não! Essa criança nunca vai ser nossa, ela foi minha e a dor de perde-la continua a ser só minha, então não me venhas com teorias. - Respondi-lhe.

Lexus: Tu não podes dizer isso, porque eu contribuí para que ela existisse dentro de ti. - FDM???!! Ele estava a gozar com a minha cara né?

Anabella: Nunca pensei em dizer o que vou dizer, mas acho que foi melhor eu ter perdido ele, para não ter que dizer depois que o pai era bandido e que foi um covarde por nos ter abandonado. - Falei e vi-lhe baixar o rosto.

Lexus: Você não precisa falar assim. - Ele até parecia manso.

Anabella: Preciso sim, porque é isso que você foi. Você foi um covarde e eu ia ter vergonha de falar para o meu filho que você foi um filho da puta e ia pintar um retrato teu de bom namorado, ou seja de um bom pai, coisa que você nunca será. - As lágrimas invadiram novamente os meus olhos, encharcando assim o meu rosto.

Lexus: Tá bom, eu sou um filho da puta sim, mas eu te amo. - Foi engraçado ouvir aquilo, se eu não tivesse tanta raiva talvez eu caísse de novo, mas eu cresci o suficiente para aprender que nem sempre um eu te amo move montanhas.

Anabella: Pega nesse ''eu te amo'' recicla e distribui para quem realmente sente e merece. - Essa sou eu mesmo??!

Lexus: Anabella, você tem noção que você me está a ferir com essas palavras cheias de dor e rancor, não é? Eu já pedi desculpas, eu juro que estou a arrependido por tudo. Eu só quero recomeçar tudo contigo, eu só quero que nós estejamos bem, eu só quero que nós sejamos felizes juntos de novo, eu só quero que sejamos dependentes um do outro de novo, eu só quero que sejamos a droga um do outro de novo, e que o vicio de nos termos aumente mais a cada  segundo como sempre fizemos. - Palavras, palavras e mais palavras. 

Anabella: Diz que me tanto, mas seria capaz de morrer pela máfia e não por mim. Eu tenho noção que as minhas palavras cheias de dor e rancor não te ferem tanto quanto as palavras e as acções que você um dia usou comigo e eu nem reclamei do quanto  me feriam. Você pediu desculpas e eu não aceitei, quero ver até onde vai esse arrependimento que dizes sentir. Nós nunca fomos dependentes um do outro, eu dependi de ti a 100% e me fodi, obrigada por isso. E quanto a cena de recomeçar, isso não vai acontecer porque eu já não quero ser palhaça da máfia, a puta do poderoso chefão e a cabra aos olhos de muitos outros. E uma última coisa para seres feliz quando saíres daqui: Vai te foder! 

25 MinutosOnde histórias criam vida. Descubra agora