Capítulo 2

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A cortina branca de meu quarto transparecia os raios solares que esquentavam minhas pernas. Passei a mão nos meus olhos ainda fechados até que decide abri-los. Minha cabeça doía.

Levantei calmamente, cambaleando nos primeiros passos. Sentia meu olhos inchados pelas lagrimas derramadas de ontem. Tudo aquilo ainda estava bem vivido em minha memória... Lembrei-me do momento em que contei para Lucy o que havia acontecido, tive que implorar para que ela não fosse até a casa de Tyler e contasse toda a verdade para seus pais. Não fiz isso pensando nele, mas sim em mim e em Lucy, ainda precisávamos de trabalho e se de fato chegasse aos ouvidos do pai de Tyler, talvez não conseguiríamos construir uma carreira aqui em Seattle, já que o Sr. O'Brien era um dos mais promissores advogados da cidade.

O pior de tudo era lembrar dos falsos momentos que eu achei bom. O momento em que Tyler dizia que me amava ou quando transávamos, riamos e ficávamos assistindo filmes compulsivamente. As lembranças eram tão nítidas e perfeitas, como eu não pude ver o quão isso estava me afetando. Esperando um final feliz... um relacionamento que nos fizesse olhar a vida de outra maneira.

Abri a porta do quarto e saí, redirecionando-me a cozinha. Lucy segurava consigo uma caneca de café... Sentada na bancada, ela folhava o jornal do Good Morning Seattle.

- Bom dia - Desejou ela.

- Bom dia - A respondi.

Ela levantou e me abraçou. Meu peito doía, mas não reclamei da breve dor que senti.

- Você está bem? - Perguntou ela.

Bem, se comparar o fato de que eu fui agredido pela pessoa que estou apaixonado, ou que todos os meus planos de me casar com Tyler foi arruinado... Eu não poderia estar melhor. Essa é a quinta vez que ela me pergunta se estou bem. Ao chorar em sua frente, claramente mostrei uma parte minha que não era tão comum aparecer... O meu lado fraco. Sempre fui uma pessoa que tentava ser forte em todas as ocasiões. Alguns professores da faculdade brincavam dizendo que eu iria ser um ótimo advogado se eu continuasse falando com confiança... Mas, o que ninguém sabe, retirando Lucy, é que algumas vez isso foi meu artifício principal para não me olhasse com pena. A mesma coisa aconteceu quando meus pais morreram, poucas são as pessoas que me viram chorar sob a circunstância.

- Estou... Bem - Diminui a voz.

- Que bom. Você vai passar hoje na faculdade?

- Não... Eu preciso ir ao Drayton.

- Você vai tirar seu irmão da clínica quando? - Perguntou, servindo mais café para nós dois.

- Assim que eu conseguir um emprego como advogado. Quero dar uma vida melhor a ele - Falei.

Ela colocou uma de suas mãos em meu braço.

- Você é um ótimo irmão. Não conheço ninguém tão bom quanto você... -Sibilou calmamente.

- Obrigado.

Fez-se um silêncio.

- Bom, eu vou me arrumar. Tenho que ir a biblioteca da faculdade. Você quer que eu pegue para você os livros?

- Por favor. Mas tarde vou estudar.

- Ok.



Deu uma última olhada no espelho, tendo certeza de que estava com a roupa certa. Coloquei meu all-Star branco e fechei o zíper da jaqueta de couro. Hoje era um típico dia de Seattle, uma bela manhã com sol, porém, frio.

Luxury (Romance gay) | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora