cap.2

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Acordei cedo, 10:30. Talvez não seja cedo para quem não chegou em casa às seis da manhã. Estava na cozinha, tomando café quando escutei a porta da sala abrir e fechar, em seguida passos. Minha mãe entra na cozinha e vai para a pia colocar algumas sacolas.
- Bom dia Elisa, que te deu hoje? Já esta acordada ... - minha mãe estranha porque dia de sábado eu acordo depois de 12:00.
-Oi mãe, bom dia. Não consegui dormir direito, cheguei já era de manhã. Estou morta! - digo para ela,bebendo mais um gole da xícara.
-Essa boate ainda vai te prejudicar, filha. - diz ela se virando e encostando na pia e me olhando, reparando no tamanho das minhas olheiras. - Porquê você não arruma um trabalho menos cansativo e que não te coloque em perigo como esse?. Olha só a hora que você sai de lá!! E ainda volta sozinha de ônibus..- ela me olha preocupada já se sentando em minha frente e passando a mão no meu rosto.
- Mãe não posso sair de lá o salário é ótimo, você sabe que ele nos ajuda muito, se eu sair de lá não vou arrumar outro emprego tão bom. E quando meu turno acaba já esta amanhecendo nem é muito perigoso. Já me acostumei! - pego a mão dela que está no meu rosto e a beijo. - Não se preocupa mãezinha eu sei me cuidar. -dou um sorriso tranquilizador para ela, me levanto e coloco a xícara na pia, passo por ela e beijo sua cabeça.
-Elisa, você sabe que é inteligente, bonita e está no último ano da faculdade. É capaz de arrumar um emprego melhor! Você não sabe como me dói saber que você fica no meio de tantos homens bêbados. O coração da sua mãe aqui fica muito apertado.
-Mãe prometo que quando terminar a faculdade eu saio de lá, está bom? Aguenta só mais um pouco, já já isso acaba. - falo a deixando na cozinha indo para meu quarto.
Minha mãe não sabe sobre o meu trabalho extra, para ela eu fico na boate dia de sexta e sábado até tarde por causa do movimento. Seria um tremendo desgosto para ela saber que a filha que ela tanto cuidou e amou dorme com alguns homens por dinheiro.
Eu não tenho pai, quem cuidou de mim foi minha mãe, quando ela se casou com Franz eu já tinha seis anos, mas nunca o vi como pai. Ele morreu á três anos e meio quando eu tinha 19 anos, e desde então eu e minha mãe seguramos as pontas aqui em casa, antes de Franz morrer ele ganhava o suficiente para termos um bom padrão de vida.
Devido as contas acumuladas quando ele morreu não nos restou muito, e eu comecei a trabalhar. Também tivemos que nos mudar, e o apartamento onde moramos é alugado e pequeno além de não ser em um bairro muito bom, mas em breve assim que eu conseguir ter uma quantia boa no banco vou comprar um lugar para morar com minha mãe. Ela trabalha como diarista mas não ganha muito e eu na boate.
Eu faço Direito na Universidade de São Paulo, estou no último ano, namoro com Fernando á dois anos mas a nossa relação esfriou bastante.
Saio dos meus devaneios com o meu telefone que toca, mas não o acho, e por isso vou arrumar minhas coisas, me preparar para a noite. Ontem valeu muito a pena, o moreno era sensacional e no fim acabei ficando por lá mais tempo. As minhas relações são profissionais, eu não procuro saber o nome, telefone e endereço nem pensar, quanto mais distante melhor. Para não ficar marcada pelos freqüentadores da boate eu nunca saio de dentro com alguém e nunca fico com mais de um homem por noite, e nem todos os dias.

Depois de almoçar, vou tirar um cochilo porque não dormi muito, cheguei tão cedo que meu sono foi picado, e hoje começo mais cedo e ainda vou dançar .
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Mesmo dormindo durante a tarde, me sinto cansada quando levanto seis horas. Daqui duas horas tenho que estar na Dance, levanto e vou tomar um banho e me arrumar.

Saio do chuveiro e vou para o quarto visto minha calça jeans, minha blusa e a jaqueta preta. Faço minha maquiagem, mais escura e um batom vermelho. Coloco meu "figurino" na bolsa e solto meu cabelo. Calço meu sapato me despeço da minha mãe que me manda um "Tenha Cuidado" e saio pela porta para mais uma noite .

Uma hora depois chego na boate e subo para encontrar com Lia e as outras meninas e me apresentar para Solange, nossa gerente. É ela que fica responsável de nos organizar, somos sete mulheres que dançam e servem, cinco que só atendem no bar, quatro homens que dançam e mais três que fazem bebidas. Além dos dois coreógrafos e a gerente tem mais cinco administradores.

No Rítimo da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora