Cap.6

76 4 0
                                    

A semana passou depressa, tenho trabalhado no escritório bastante, fora os estudos, a minha monografia, e o meu namoro. Quase não tenho parado em casa, tenho visto minha mãe muito pouco e até hoje ela não sabe que eu voltei com Fernando e muito menos do pedido de casamento. Hoje já é sexta feira, e assim que eu sair do trabalho, vai ser casa e boate. Eu estou morta, Théo e eu fomos á uma audiência no fórum de compra e venda que estava embargada, que durou toda a tarde. O clima aqui não está muito bom, pois desde aquele inoportuno convite feito pelo meu chefe as coisas estão tensas.

Começo a bater o pé impaciente no ponto de ônibus, estou aqui á mais de 20 minutos e nada da condução aparecer, estou parada como um dois de paus e já perdendo a paciência.
As duas pessoas que estavam comigo quando cheguei, se multiplicaram e passam de vinte e cinco agora. Que beleza! Já não basta sair atrasada do serviço, perder o ônibus, ficar vinte minutos esperando outro, vou pegar o próximo tão lotado, que o cheiro de suor, e odor humano vai estar insuportável!

Quando enfim o 2204 aparece, já não tem mais lugar para sentar.

Eu vou de um lado para outro, balançando e esbarrando na aglomeração que é este ônibus. Mais uma freada do motorista e eu vou voar no colo de duas mulheres que estão sentadas no banco próximo a mim. Eu preciso de um carro, nem que seja esses Chevette anos 80, mais eu preciso.
A condução parou e umas cinco pessoas desceram e outras dez entraram, e olha que ainda nem saímos do centro. Eu não sei se sobrevivo até de madrugada, meus pés doem, meu ombro com a bolsa também. O ônibus encheu mais ainda, e tudo ficou mais apertado. Vai ser uma longa viagem.....
.....
Coloquei minha chave na fechadura e empurrei a porta, joguei minhas chaves e a bolsa no sofá, e fui até a cozinha. No caminho arranquei os sapatos de salto, sentindo a liberdade tomar conta dos meus dedos.
- Oi filha! - minha mãe passou por mim com um cesto de roupas molhadas.
- Oi mãe. - disse com o ar cansado, e monótono colocando água para beber.
- Quer ar cansado é esse? - ela disse do outro lado, na pequena varanda.
- De uma pessoa que está morrendo de sono, cansaço físico e mental, que pegou um ônibus lotado, foi empurrada, sentiu o suor alheio e que ainda vai trabalhar a noite toda e uma parte da madrugada. Uhrf (lufada de ar)...
- Você está se matando, já falei pra você...
- Largar essa boate, que ainda vai acabar com você... Já conheço seu discurso mãe mas hoje não ta? - disse cortando ela. - Vou tomar um banho, e me arrumar.
- Oh meu Deus.... - escutei minha mãe falando, quando sai da cozinha.

Entrei no quarto peguei uma calça de cós alto preta, uma blusa cinza de mangas curtas, uma lingerie azul, e fui para o banho.
A água escorria pelo meu corpo, e eu ia ficando mais relaxada a cada momento. Comecei a lembrar do decorrer da semana, e me dei conta do grande passo que eu tomei quando aceitei o pedido de Fernando. Pensei na briga com Lia, que por sinal ainda estava sem olhar na minha cara, eu até pensei em ligar, mas meu orgulho foi maior e hoje quando nos encontrarmos sei que o clima vai estar péssimo!
Quando terminei o banho me vesti e fiz uma maquiagem simples: rímel, lápis e batom. Em vez do salto de sempre, usei uma rasteirinha com amarração. Eu me vesti de maneira simples mas no meu estado atual eu só desejava minha cama....

________

- Olá pessoas... - saudei os rapazes que já estavam no bar de baixo, e umas garotas que estavam limpando as mesas.
- Oi Eli! - Tom e Alex me cumprimentaram de volta. - Como você está? - Tom me perguntou quando me aproximei.
- Bem...na medida do possível. - respondi me apoiando no balcão.
- Eh... Isso da para perceber. Rsrs - ele diz me analisando. - Sua cara está "ótima". - alto tom irônico
- Ah para Tom.! Tudo que eu não preciso é de alguém para infernizar minha pobre noite! - joguei um pano nele.
- OK, não está mais aqui quem falou. - ele levantou as mãos em defesa, lavando uns copos. - Mas e ai já sabe da novidade?
- Não... O que é? - fiquei curiosa.
- Entrou mais um cara pra completar o bar. Já que Richard saiu, e...- o interrompi.
- Calma! Como assim? O Richard saiu? Quando foi isso? Por quê?- isso era mais que uma novidade.
- Docinho o Tom aqui só consegue responder uma pergunta de cada vez- ele parou de lavar os copos e virou dando risada.
-Eli se esqueceu que o Tom tem mentalidade e QI de uma ameba? - Alex alfinetou saindo da cozinha.

No Rítimo da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora