Frio

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{S/n POV}

Caminhei lentamente até a cama, ainda sentindo o corpo tremer, não sabia se era pelo frio ou pelo medo que insistia em corroer minhas veias. A  roupa dobrada sobre o colchão parecia quase... uma provocação.

Era simples demais, como se ele tivesse certeza de que eu iria obedecer.

Peguei a peça, tecido grosso, mas nada que realmente aquecesse. Suspirei fundo. Coloquei a roupa, ajeitei os cabelos ainda molhados e fiquei parada, esperando.

A porta se abriu sem cerimônia, e lá estava ele. Bunny.

O olhar dele percorreu meu corpo de cima a baixo, vagaroso, calculista.

— Melhor... — ele murmurou, passando a língua pelos lábios. — Já começa a parecer menos com uma prisioneira e mais com o que eu quero que você seja.

— Uma boneca de vitrine? — perguntei com desdém, cruzando os braços.

Ele riu, baixo, como se tivesse adorado a ousadia.

— Boneca? Não... bonecas são frágeis, ocas. Você é diferente. Você me desafia, mesmo sabendo que pode morrer a qualquer momento. — se aproximou, parando a centímetros do meu rosto. — E é exatamente isso que me diverte.

A respiração dele batia quente contra minha pele. Minha mente gritava para me afastar, mas minhas pernas não respondiam.

— Então... o que vai ser hoje? — perguntei, tentando soar firme. — Algemas de novo? Outra noite congelando?

Ele inclinou a cabeça, como quem analisa uma peça rara.

— Não. Hoje eu quero que você me acompanhe. — estendeu a mão. — Vai sair desse quarto. Vai ver o que acontece fora daqui.

Arqueei a sobrancelha, surpresa.

— Vai me levar para desfilar ao lado do serial killer mais procurado da cidade? — ironizei.

Ele sorriu. Um sorriso lento, perigoso.

— Talvez. Ou talvez eu só queira te mostrar que fugir de mim não é uma opção... porque lá fora é ainda pior do que aqui dentro, vou te mostrar que a vida não é conto de fadas.

Hesitei por alguns segundos, mas aceitei a mão dele. Sua palma era quente, contrastando com o gelo que parecia ter se instalado no meu corpo.

Caminhamos pelo corredor, e, a cada passo, meu coração batia mais forte. Ele abriu uma porta dupla no fim do corredor.

A sala era ampla, iluminada apenas por algumas lâmpadas amareladas. Mapas nas paredes, armas espalhadas pelas mesas, e um enorme painel com fotos de pessoas — rostos riscados em vermelho, como troféus macabros.

Meu estômago revirou.

— Reconhece alguém? — ele perguntou, me guiando até o painel.

Olhei atentamente, e meu coração parou por um segundo. Entre tantos rostos, havia um conhecido.

— Não... não pode ser... — murmurei, recuando.

Ele sorriu de lado, satisfeito com meu choque.

— Agora entende? Você não está apenas pagando a dívida dos seus pais, cachorrinha... você faz parte de algo muito maior.

Meus olhos se fixaram na foto. A respiração presa na garganta. Era impossível ignorar: aquele rosto me perseguia desde a infância.

E, de repente, tudo fez sentido.

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⏰ Última atualização: Aug 31 ⏰

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