Estou farta de estar aqui. Estou farta de contar os dias que faltam para sair deste inferno, quando na realidade sei que nunca sairei daqui. Irónico não é? Estou farta de ser a doente mental.
Por vezes, sinto falta do hospício onde estive anteriormente. Sinto falta de ser tratada de igual maneira, pois ao menos lá haviam doidos como eu. Haviam pessoas iguais a mim.
E aqui? Aqui estou sozinha. Sou esquizofrênica, a doida que corre nos corredores e no hall de entrada, mais conhecida que a mulher que pariu na receção e a senhora das limpezas que fuma nos lavabos.
Devo acrescentar que isto é um tanto desgastante. A minha alma sente-se presa.
Há três anos estava a ser transferida do hospício local para este hospital à qual já permaneço há uns bons aninhos. De uma certa forma, o tribunal achou que seria uma melhor decisão transferir-me definitivamente para este quarto imbecil, pois aparentemente a minha estadia no hospício era desnecessária e não há nada que remedie o transtorno que tenho. Logo, porquê deixá-la onde ela deveria pertencer? Vamos colocá-la num estabelecimento infestado de portadores de doenças contagiosas e grávidas de quinze anos, pois a pensão mensal fica mais barata para os serviços públicos que não se interessam pelas necessidades implicadas por alguém como eu. A doidinha, desde que esteja segura, não incomoda ninguém
Lá vem ela e a mesma historieta de sempre. Pobre Skyler, não tem ponta por onde se pegue.
Vamos mas é sair deste quarto tresandado a desinfetante e dar por aí umas voltinhas no carrossel. Pode ser que se encontre unicórnio. O meu subconsciente relembra-me.+
Céus. Estou farta de andar de um lado para o outro neste parque de diversões. Só dou de caras com búfalos mal humorados, e não é isso que vai fazer o meu dia valer a pena.
Olá? Pônei à vista.
"Bom dia Dr. Stevens" – este fica cada vez mais comestível a cada dia que passa. Não falha uma senhor doutor. Vamos brincar aos médicos?
"Olá Skyler. É sempre tão bom ver-te" – é, eu sei que sim.
Mordi o lábio em resposta ao seu comentário, assim que lancei o meu olhar sedutor e ingénuo, pois sei que é algo a que dificilmente resiste.
Em milésimas de segundo já estava deitada na sua secretária de vidro, e a adrenalina percorria o meu sangue.
Doutor Stevens? O que é que estou aqui a fazer?
O seu corpo estava posicionado em cima de mim, e sentia as minhas nádegas frias, estampadas em cima da sua secretária de vidro. As minhas pernas eram agora abertas, separadas pelas suas mãos fortes e longas, que me deixavam bastante enojada com a situação. Tentei escapar mas era impossível visto que o seu corpo era mais forte que o meu, não me permitindo assim ter outra alternativa se não permanecer imóvel.
"Estás-te a fazer de difícil é?" – questionou o doutor sensualidade –"Pensava que já tínhamos passado essa fase. Sabes que só me deixas mais excitado quando ages dessa maneira" – Boa jogada, betinha.
Os seus lábios contornaram o meu pescoço e nele pousou um pequeno beijo que me fez arrepiar. Voltou a fazer o mesmo, desta vez permanecendo durante mais tempo e o meu corpo estremeceu em reação. Ele sabia como me endoidecer.
Sorriu para mim malicioso e encostou-me contra a parede forçosamente.
Auch!
As minhas mãos estavam posicionadas no seu pescoço, e as minhas pernas enroladas à volta da sua cintura, colando assim o seu corpo ao meu. Coloquei uma mão na sua nuca e a outra no fundo das suas costas.
Assim que quebramos o beijo a minha farda foi retirada pela minha cabeça, e neste momento já só uma camada mínima de roupa interior impedia os nossos corpos de colidirem.
Chupei de leve a sua pele, trazendo o sangue à superfície e obtendo assim um leve gemido da sua parte.
"Não me marques" – murmurou entre suspiros – "Já sabes que sou casado".
Bufei em frustração assim que senti o seu membro sendo posicionado no meio das minhas pernas, agora fazendo-me sentir desconfortável devido a ter as minhas cuecas de lado, dando-lhe assim entrada livre e facilitada.
Agarrei as suas costas com força, pois tinha que me agarrar a algo. Os seus movimentos eram rápidos e profundos, fazendo-me vincar as unhas nos seus ombros.
Os meus gemidos eram abafados pela sua mão que se encontrava levemente posicionada sobre a minha boca, quebrando assim o eco sonoro. Lembrei-me que estávamos no hospital, e havia uma certa reputação a ser mantida.
Apoiei-me assim nas suas pernas, e deixei a minha cabeça cair para trás, sentindo depois beijos na minha pele que intensificavam a sensação. "Oh Céus" – falei pausadamente.
"Não fales ou vamos ser apanhados" – proferiu sério, e eu senti uma pequena tontura.
Os meus cabelos estavam desgrenhados. Gotas de suor percorriam o meu corpo por completo, e sentia leves entocadas no fundo da minha barriga.
Abri os olhos assim que me apercebi do que estava a ocorrer. Isto não podia estar a acontecer.
O Dr. Stevens estava diante de mim, e as minhas mãos agarravam a sua nuca firmemente, aproximando-o do meu corpo. A farda que usava habitualmente estava amachucada no chão, e o seu uniforme a seus pés.
Deparei-me com o que ocorria, e massacrei-me interiormente por deixar que algo como isto acontecesse novamente. Tenho que voltar à medicação anterior.
Odeio quando coisas como esta acontecem. Odeio-me pelo facto de não puder controlar as minhas ações a cem por cento. Odeio não ter posse do meu corpo, e deixar-me levar pelas múltiplas personalidade que me perseguem.
Afastei-me logo que pude, e dei um pequeno salto para o chão, deixando-o assim surpreendido. Avistei a minha farda estendida no chão e vesti-a o mais depressa que pude, abandonando assim, aquele espaço aterrorizante.
Ainda ouvi alguns gritos ao fundo do corredor, mas não havia volta a dar. Não posso deixar que algo como isto aconteça outra vez.
Corri de imediato até ao meu quarto, e tranquei a porta mal tive oportunidade. Mandei-me para cima da cama como por impulso, e refleti sobre tudo o que se passava na minha vida neste momento.
"Tenho que sair daqui" – e com isto, aterrei.
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SAPPY // KURT COBAIN
FanfictionOnde um toxicodependente e uma esquizofrénica se apaixonam.