Capítulo 1 - Primeira Vista...

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-Mamãe, fique tranqüila, eu vou ligar assim que chegar em Nova York. - Lhe dei um último abraço, sorrindo.
-Promete doçura? - Sua voz saia embargada e seus olhos estavam cheios de lágrimas.
-Prometo mamãe! - Eu sequei a lágrima teimosa que escorreu por seu rosto. Virei-me para meu pai, acanhado. Ele tentava se manter duro, mas eu sabia que estava quase chorando.
-Papai...- Sorri, lhe abraçando forte. - Vou sentir sua falta. Cuidado na estrada, por favor. - Falei baixo em seu ouvido, ainda dentro de seus braços.
-Boa viagem minha princesa! - Ele sussurrou em meu ouvido. -Eu te amo.
-Obrigada pai! Também te amo. -Eu agora é quem me segurava para não chorar. David veio até mim, me abraçando fortemente.
-Nos vemos em seis meses? - Sua voz também embargada e os olhos vermelhos estavam quebrando as minhas barreiras, eu precisava ir antes que começasse a soluçar ali mesmo.
-Em seis meses!- Concordei sorrindo.
"Última chamada para o vôo 367 para Nova York"
- Até logo mais família! - Corri até o portão de embarque, estava na hora.
-Até...-Responderam em uníssono enquanto me viam partir.

Eu já havia mandado todas as minhas coisas para o meu novo e minusculo sobradinho, e hoje estava com apenas 3 malas e minha bolsa. Já dentro do avião fui até meu assento e havia uma mulher sentada nele.

-Com licença senhora, mas este assento é meu. - Lhe comuniquei educadamente. A mulher, grosseira, virou-me a cara.

-Ora, pois também é meu! - Ela mostrou sua passagem. Eu também mostrei a minha e a aeromoça veio até nós.

-Posso ajuda-las? - A moça sorriu, simpática.

-Essa moça malcriada não foi educada corretamente e quer retirar uma senhora de seu assento. -A mulher demonstrava soberba e arrogância. A aeromoça pegou as passagens e encolheu os ombros.

-Peço-lhes desculpas pelo ocorrido. A madame realmente comprou a passagem primeiro. A senhorita pode me acompanhar? Vou acomodar-lhe em um assento vago, na primeira classe, para ressarci-la, sem acrescentar nada a passagem. - A senhora do assento olhou a mulher incrédula.

-Mas e eu? - Indagou, como se aquilo fosse a coisa mais absurda do mundo. A aeromoça sorriu.

-A senhora permaneça em seu assento. - Foi sua resposta. Eu peguei minha mala e a segui até passar a cortina e ela me indicou o assento e se retirou, dizendo-me que se precisasse de algo era só chamar.

Fui tentar enfiar a mala no bagageiro e só me frustrava quando um homem trombou em mim e derrubou seu Ipod, junto de uma pasta cheia de papéis.

-Ai, perdão! - Me abaixei para ajuda-lo a pegar as coisas.

-Eu quem estava distraído, por isso lhe devo desculpas.- Ele levantou os olhos e encarou-me e eu fiz o mesmo. Nossos olhares se fixaram por um momento e eu mal consegui disfarçar a análise que meu cérebro fez. Seus cabelos eram castanhos escuro e estavam completamente desarrumados, seus olhos tinha um castanho claro e brilhavam de um jeito inexplicável e sua boca tinha um contorno perfeito.

-Sou Danilo...- Ele sorriu, e que sorriso mais perfeito.
-Nicca.- Respondi, também sorrindo.

-Quer ajuda com a mala? - Ele se levantou e estendeu-me a mão.

-Ficaria grata! - Ri, pegando sua mão. Ele colocou minha mala no bagageiro e eu me sentei na janela, agradecendo. Ele sentou-se ao meu lado.

-Que coincidência, minha poltrona é ao lado da sua! - Sua risada era gostosa de seu ouvir e eu ri também. Meu subconsciente estava se derretendo.
Contei-lhe como fui parar na primeira classe e ele riu. Fomos o resto da viagem compartilhando histórias, e em dado momento peguei-me com voz embargada, enquanto falava da minha família e fui consolada com um sorriso terno e balas de goma com formatos de ursinho. Quando desembarcamos, ainda fomos pegar as malas juntos, mas então chegou a hora da despedida. Paramos frente a frente.
-Foi um prazer Nicca. - Ele sorria de lado, Uma mão no bolso e a outra coçando a nuca.
-O prazer foi todo meu Danilo. - Eu lhe dei um sorriso. - Nos vemos por ai, eu imagino. - Dei de ombros.
-É...- Ele repetiu meu gesto e então se aproximou. Minha respiração descompassou por um milésimo de segundo e então sua boca encontrou a minha e nenhuma resistência. Eu retribui o beijo intenso e bom. Sua boca tinha um gosto que eu nunca havia sentido antes, suas mãos seguravam minha cintura de uma forma que ninguém nunca tinha segurado e sua energia era diferente de qualquer outra. O beijo acabou com o ar e ele se afastou, ligeiramente envergonhado, e eu não ficava atrás, completamente corada.

-Desculpe, eu não sei o quê...eu...desculpa! - Ele passou a mão pelos cabelos e eu escondi os rosto.

-Eu quem...eu...- Comecei, mas também me embaralhei na frase. - Até logo, eu acho.

-Até. - Ele sorriu acanhado e então nos viramos e cada um segui para um portão. Foram exatas três vezes as que me virei e o peguei virando também.

Eu não fazia a minima ideia do porquê, mas eu acabava de beijar um homem que conheci em um avião e considerava esse o melhor beijo que já tive até hoje. Eu estava louca, com toda a certeza, louca de pedra!

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