Parte um

329 7 1
                                    

De cabeça baixa, um homem entra em um bar sujo de esquina, segue para o final do bar e senta numa mesa, ele escolheu o lugar mais vazio e que tinha uma péssima iluminação. De certo ponto era assim que ele se identificava. Erguendo uma de suas mãos, ele chama o garçom para trazer-lhe uma garrafa de cerveja. Fechando os olhos, ele tenta alongar um pouco seu pescoço, sentia-se tenso nesses últimos dias. Esticou suas pernas e por fim abriu seus olhos fitando seu tênis. Esse par era o seu preferido do qual ela odiava. Ela odiava também a sua camisa xadrez e sua barba que ele não suportava fazer. Existiam motivos para não suportar o seu tênis. Eles eram bastante gastos e furados. Mas sua blusa e barba era pura implicância, e ele sabia disso.

Era quase um grito de liberdade usar todas aquelas coisas que ela sempre odiou. Era um grito de liberdade pelo qual ela optou dar primeiro.

Quando o garçom chegou com sua cerveja, ele fez questão de virar o seu primeiro copo em um gole. Sentia sede constante e não sabia se era uma sede de esquecê-la.

Pegou um envelope dobrado do seu bolso junto com seu maço de cigarro. Acendeu um e ficou olhando a carta sem coragem de abri-la.

A carta já estava com ele há mais de uma semana e aquilo parecia uma eternidade.

Bastou um cigarro e dois copos de cerveja para ele decidir que estava preparado para aquilo.

Abriu o envelope com os dedos um pouco trêmulos, ele deu de cara com uma folha com coisas escritas numa caligrafia perfeita.

“Não sei ao menos como eu posso começar com essa carta. Poderia começar perguntando se você está bem, mas sei que não teria nenhuma resposta… Não que eu esteja esperando alguma, não se preocupe, não irei me decepcionar dessa vez.”

Ele deu uma pausa e acendeu outro cigarro, talvez ele tenha se precipitado e não estava realmente preparado para lidar com tudo isso agora. Chegou a passar pela sua cabeça em guardar a carta de novo, ou até mesmo queimá-la para nunca ter que passar por isso.

Mas seria infantilidade de sua parte e no fundo, ele queria saber o que ela tinha para dizer.

“Então eu resolvi começar essa carta te pedindo desculpas pelo que aconteceu na ultima vez que nos encontramos. Tente me entender, esperei por muito tempo. Não poderia esperar para sempre…

Mais uma pausa na carta. Ele sentia-se enojado pelas lembranças que apareceram em sua mente mais uma vez. Ele repetiu esse dia diversas vezes com a esperança de que tudo aquilo não passasse de um sonho, ou um pesadelo, como ele gostava de acreditar

Ah, eu sinto muito.Onde histórias criam vida. Descubra agora