Falling Slowly

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Minha primeira one <3
Espero que gostem :3

E sim, Frank e Gerard ainda são crianças aqui <3

--**--

Meu nariz congelava, enquanto alguns curtos arrepios tomavam meu corpo, balançava meu corpo para frente e para trás, na tentativa de balançar-me no brinquedo, mesmo estando sozinho.

Minha mãe havia me deixado ali solitário, achando que algum dos garotos que estavam antes dela ter saído com uma amiga e avisado que voltava logo, brincariam comigo. Eles não olharam em minha face e soltaram breves risadinhas, saindo logo em seguida, ignorando minha presença.

Com o olhar para baixo, me movimentava lentamente no brinquedo, até sentir algo bater em minhas costas. Extremamente gélido, havia sido atingido por uma bolinha de neve, me deixando totalmente curioso para saber quem havia feito o tal ato e congelando ainda mais minha pele.

Olhei para trás, quase caindo do balanço e observei um garotinho, minúsculo, com alguns fios castanhos intensamente brilhantes pairando por sua pele clara, saindo de sua toca de ursinho, por sinal, extremamente adorável. Fazendo meu coração palpitar logo em seguida, quando reparei melhor em seus olhos cor de avelã, olhando diretamente em minha direção.

Estava confuso com a situação que estava acontecendo, mamãe sempre me dizia que iria me apaixonar um dia, mas nunca afirmou a ideia que talvez sentiria algo por um garoto. Virei-me para frente ignorando sua presença, mas deixando uma pontinha de vontade de brincar com ele, escondida no bolso de meu moletom azulado com algumas manchas brancas de neve.

Eu apenas tinha dez anos, era algo muito forte ainda para minha cabecinha entender. Em seguida, fui atingido novamente por outra bolinha de gelo, mas ainda maior, fazendo-me reclamar alto. Alguns doces risinhos saltitaram por meus ouvidos, trazendo um calor em meu peito.

Encostei os pés no chão com cautela e me aproximei do tal garotinho. Ele parecia extremamente tímido e se escondia atrás do ferro não muito grosso do outro brinquedo, talvez pensando que não conseguia enxerga-lo, fazendo me gargalhar junto com sigo.

Abaixei, tocando meus dedos cobertos por tecidos na neve, usando minha mão como uma concha, parecendo fazer uma bolinha de sorvete, com o que havia sobre os pés. Mesmo protegido, ainda sentia um frio absurdo, pois teria certeza que seria difícil se acomodar em um clima novo tão rápido.

Aceitei o gelo diretamente em seu rostinho, deixando-o completamente quieto, mas eu estava assustado, caso ele estivesse nervoso com meu ato. Me aproximei lentamente, enquanto observava-o retirar os pedacinhos de gelo, despedaçados em sua pele. Encostei em seus ombros e sentir-se esquivar, mas não me importei tanta com a situação.

Caminhei meus dedos até seu rosto, limpando cada mísero fio de gelo. A ponta de seu nariz estava extremamente avermelhada, e seus olhos lacrimejavam um pouco, estranhando a extrema frieza que receberam de uma hora para outra. Em um impulso, abracei o com cuidado, posicionando sua face contra meu peito muito bem agasalhado, afim de aconchega-lo, com um pingo de dúvida, se talvez fosse assusta-lo. Mas apenas senti dedos gélidos correr minhas costas, percebendo que ele havia se agarrado em mim.

Senti sua respiração pesada em meu ouvido, deixando uma breve sensação incrível percorrer meu corpo. Suas mãos tremiam por estarem descobertas, mas não pensei duas vezes em tirar minhas luvas favoritas com estampa de esqueleto, e coloca-las em seus dedos com cautela.

Ele não disse nenhuma palavra, apenas abriu um grande sorriso. Quando nossos olhares se cruzaram mais uma vez, senti que as borboletas que se localizavam em meu estômago dançavam juntamente com a melodia das batidas do meu coração.

Não perdi a oportunidade de sorrir consigo, pensando que talvez meu coração poderia explodir por senti-lo pulsar dentro de meu peito, cada vez mais acelerado.

Algo tocou minha face, uma mão quentinha com meu tecido, havia pousado em minha pele, observando e acariciando cada canto de meu rosto, deixando-me imediatamente corado com uma quentura estridente em minhas bochechas.

Meus dedos congelavam, mas não sentia nada a respeito do tal problema. Apenas respirava fundo, absorvendo a brisa gelada que se misturava com a respiração aquecida do tal garotinho, que se localizava bem em minha frente.

Alguns segundos depois, ele ficou na ponta dos pés, tocando em seguida, seus lábios na ponta de meu nariz, me apavorando um pouco, por nunca ter recebido algo parecido. Existem alguns anjos andam escondidos na multidão e aquele seria o meu...

O tempo havia parado para mim, deixando-me desligado de tudo que acontecia ao redor. O garoto soltou-se de meu corpo, voltando onde estava, sussurrando baixinho algumas curtas e tímidas palavras.

- Oi, eu sou Frank – ele movimentou a ponta do nariz graciosamente, parecendo um pequeno bichinho coberto de neve, que caia a cada segundo em cima de nós dois – Eu... – comecei com cuidado – Eu sou o Gerard – disse duma vez, sorrindo em seguida.

- Eu posso ficar com suas luvas? – ele olhou diretamente na direção das mesmas – São incrivelmente lindas e quentinhas – ele sorriu e eu assenti com a cabeça.

Logo depois, alguém gritou por meu nome, fazendo-me virar completamente e perceber que seria minha mãe, chegando finalmente.

Virei-me novamente para frente e percebi Frank subir no colo de uma moça, de cabelos negros cumpridos, dentro de uma toca curta, alta e delgada, extremamente sorridente, deixando o garoto brincar com seu cabelo.

- Tchau, Gee! – ele gritou, abanando as mãozinhas aquecidas por meu par de luvas, repeti o mesmo ato e sorri grandemente, soltando um "Tchau, Frankie!" em sua direção.

Minha mãe se aproximou e se abaixou, ficando quase do tamanho de minha altura.

- Você fez um novo amiguinho, querido – ela sorria – Mas, está na hora de voltar pra casa, tudo bem? – ela abriu os braços, permitindo me aninhar em seu corpo, em um grande aconchegante abraço.

Soltei-me dela e entrelacei meus dedos em sua mão, tentando aquece-las pela falta do tecido. Meus lábios estavam roxeando e aceitei a proposta de voltar para casa, pois lá meu irmão mais novo e meu pai estariam me esperando com uma bela caneca de chocolate quente.

Quando parei para perceber, Frank havia ido embora, me deixando sem nenhuma forma de localiza-lo algum dia. Mas, minha mãe sempre diz que quando é para acontecer, o destino faz de tudo para dar certo. Fico pensando se algum dia vou conseguir vê-lo de novo, espero que sim...

Falling slowly, eyes that know me and I can't go back...


--**--


E então?

O que acharam?

Espero que tenham gostado <3

Eu completamente adorei escreve-la, muito fofa e não recusei a ideia de compartilha-la com vocês :3

A trilha sonora desta fic, é esta (incrível) música:
Falling Slowly - Glen Hansard and Marketa Irglova

You call me a strangerOnde histórias criam vida. Descubra agora