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|Capítulo 24|

2015

"Estás bonita." Foram as primeira palavras que Scarlet ouviu ao sentar-se ao lado de Ashton.

"Eu estou igual a ontem." Ela sorriu, mas franziu as sobrancelhas em confusão.

"Eu sei. Mas ontem também estavas bonita. Tal como anteontem e antes desse dia."Ashton olhou-a nos olhos, à procura de qualquer reação por parte da loira.

No entanto, apesar da busca do baterista, Scarlet apenas sorriu. Manteve-se sentada no banco a beber a sua cerveja e a engolir comprimidos, à espera que os últimos tivessem algum efeito no seu organismo. Apesar de não o demonstrar, ela estava a passar-se por dentro. Nunca antes houvera um homem que a tivesse chamado bonita sem ter o objetivo de a levar para a cama, e ela sabia que esse não era o objetivo de Ashton. O rapaz era tão querido e carinhoso com ela e Scarlet apenas o queria agarrar e beijar. 

Era surpreendente como os seus sentimentos por Ashton tinham crescido tão rapidamente. Num momento apenas queria saber o porquê de ele não sorrir e noutro queria estar com ele durante todos os segundos. Com certeza ela não o amava, mas gostava muito dele.Talvez um dia o amasse como um amigo muito próximo, mas para isso seria preciso muito trabalho e força de vontade.

Por causa de todos esses pensamentos, Scarlet sentiu calor. A sua cara e bochechas pareciam estar a arder e isso não a agradava. 

Mas, quando Ashton olhou para o seu lado e viu que um tom meio rosado e avermelhado fazia o seu caminho desde o pescoço até ás bochechas dela, ele sorriu. Ele sabia que era difícil ter uma reação por parte de Scarlet, ela própria o tinha dito, e fazia-o feliz saber que ele conseguia fazer com que a loira sorrisse, corasse, chorasse, mostrasse qualquer sentimento.

"Porquê que te chamas Scarlet, mas só com um t?" Ele perguntou, segundos depois.

Scarlet levantou o seu olhar da mesa e deu mais um golo da sua cerveja fresca. Ainda há minutos estavam a falar de beleza e agora ele pergunta-lhe sobre o nome? Aquele rapaz era mesmo estranho mas, por alguma razão aquela estranheza agradava-lhe.

Sem grande consciência do que fazia, ela sorriu e encolheu os ombros. "Sei lá. Como foi a minha mãe que me deu o nome, acho que ela gostava de vermelho *. Não tenho a certeza." 

"Bem, acho que a tua mãe foi muito inteligente ao escolher o teu nome." Desta vez, foi AShton a sorrir-lhe.

"Ai sim?" Scarlet ergueu uma sobrancelha, engolindo o último comprimido dos cinco que deveria tomar.

O loiro assentiu. "Sim. Com certeza a tua mãe sabia que ficarias linda quando tivesses corada."

E, com isso, Scarlet deu por si a sentir mais calor na cara. Como é óbvio, não conseguia ver se estava a corar ou não, mas ela tinha a certeza de que o calor que sentia não era culpa da temperatura. 

Furiosa por estar a reagir de uma maneira tão diferente ao habitual, Scarlet grunhiu e disse num suspiro de frustração, "Pára de fazer isso."

"Isso o quê?" Ashton inclinou a sua cabeça para o lado, agindo com inocência.

"Não finjas que não sabes." A rapariga cruzou os braços ao peito, fazendo com que o seu peito subisse. "Estás a tentar pôr-me corada para teu próprio divertimento."

"Eu nunca faria isso." O rapaz pôs as mãos no peito, como se estivesse ofendido com a afirmação de Scarlet.

A rapariga deu uma gargalhada e Ashton olhou para ela com carinho. Cada risada que escapava pelos lábios gretados de Scarlet era música para os ouvidos do baterista. Porque estaria uma rapariga tão bonita e carismática num mundo tão horrendo? Ela devia ser feliz, ela devia ser amada. Para Ashton, parecia impossível que alguém como Scarlet vivesse com tantos demónios na sua cabeça. 

Scar | a.i.Onde histórias criam vida. Descubra agora