2000

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Soltei as cordas de um dos pés, seguindo para o outro, analisando por um minuto os dois tornozelos, agora com as marcas rosadas, foi inevitável não sorrir notando a preguiça no rosto de Scarlett.
- Você foi magnifica, meu amor. - Seu sorriso cansado apenas me fez sorrir ainda mais, caminhei ao lado da cama me abaixando e lhe dando um beijo leve nos lábios, enquanto alcançava um óleo ao lado da cama. Voltei a atenção aos seus tornozelos me sentando na cama, passando o óleo e os acariciando, nunca me cansaria daquela pele clara e macia.
Um barulho chamou nossa atenção no cômodo do andar de cima, fazendo Scarlett sentar na cama com um suspiro.
- Acho que o trabalho nos chama. - Disse fazendo um biquinho. O que me fez segurar seu queixo e morder seu lábio rosado com carinho, o selando e me arrancando mais um sorriso ao final.
- Eu te amo. - Diria aquilo até não poder mais, e isso a fez sorrir, eu a fazia sorrir.
- Só que eu amo mais. - Observo seus movimentos se arrastando para fora da cama, analiso cada curva, cada milimetro de seu corpo perfeito, meu corpo perfeito, tudo meu. Cedo demais ela alcança o roupão no chão e o veste, o que por consequência me tira do meu transe, me obrigando a fazer o mesmo.
Escuto um baque surdo de algo caindo no chão no mesmo cômodo de antes, o que faz meu coração disparar, e pelo rosto assustado de Scarlett, o dela também, corro em direção a porta, sem pensar duas vezes. O que estava acontecendo? Quem estava lá? Abro a porta com força e disparo pelo corredor, alcançando as escadas e tentando correr cada vez mais rápido por ela, até a porta do quarto de onde vinha o barulho, minha Cristal, penso antes de abrir a porta com a respiração pesada, mais por conta do desespero que dá corrida, analiso cada centímetro, mas rapidamente meu olhar pousa na cama bagunçada, na cama vazia, vejo no chão, ao lado da mesma o abajur acesso, caído e corro até ele o pegando nas mãos, não raciocinava direito, olho em volta desesperado, a procura de Cristal, e nada. Atrás da cama, nada. Embaixo da cama, nada. Nada, nada, na... Quando ouço os passos apressados, porém leves não consigo desviar o olhar da cama, mas meu corpo finalmente reage, dou a volta, soltando o abajur no chão, indo até a janela aberta, a janela que havia fechado após deixar Cristal na cama, com seu sono leve que só as crianças mais puras e inocentes conseguem ter, olho para baixo, os dois andares até o chão e não vejo nada, não sei se pela escuridão da noite, ou pelo meu desespero. Quando sinto uma brisa leve e morna bater em meu rosto perco o ar, aquilo não podia estar acontecendo, minhas pernas fraquejam e caio no chão, sentindo poucos segundos depois as mãos que tanto conhecia repousarem em meus ombros, e seu corpo pequeno se ajoelhar ao lado do meu, com a visão turva levo um segundo para me recompor, agora sentindo qualquer sentimento de antes, ser substituído por raiva, noto os soluços de Stella, tornando minha raiva agora apenas descontrolada, me levanto sem hesitar, tinha que ser forte, não podia parar para chorar agora, e com o máximo de carinho possível ergo seu corpo tremulo do chão, a pegando no colo, nem que tentasse ela conseguiria andar.
Saio do quarto, fechando a porta atrás de nós, desço as escadas indo até a sala e sentando Scar no sofá, suspiro avaliando seu corpo encolhido aos prantos, tão indefesa e desprotegida, que sou obrigado a desviar o olhar, sua dor tão aparente me fazia querer matar qualquer um que cruzasse meu caminho, e tentar ir atrás de quem fez isso... Já era tarde demais, vou até a mesa de centro e pego meu celular que havia deixado ali mais cedo, já discando o número da polícia, em três toques me atendem e ouço a voz de uma mulher do outro lado da linha e antes ela pudesse terminar de falar o que quer que estivesse falando a interrompo sem paciência.
- Alô, gostaria de denunciar um sequestro.

Reféns do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora