Louis não conseguia dormir, as palmas de sua mão suavam demais e ele revirava na cama, desprendendo os lençóis e jogando o travesseiro no chão.
Quando foi pra cozinha pelo corredor, ele percebeu que seus pais já dormiam, então ele também já deveria estar na cama. A horas. Mas algo o perturbava, ele viu o jeito que Harry havia ido embora mais cedo, ele estava com esse sentimento de que algo ruim iria acontecer. E ele tinha uma ligação muito forte com o amigo, se ele sentia algo assim, ele tinha muito medo de ser verdade.
Ele observou o relógio em formato de bola de futebol em cima de seu criado mudo marcar 3h42 da madrugada e se ajeitou na cama, no entanto, ele não precisou de muito esforço para que seus olhos se fechassem e ele parasse de tremer.
Quando o telefone começou a tocar, o pequeno garoto acordou de súbito, se jogando da cama. Ele esperou por alguns minutos, observando que agora viravam 4h em ponto, e percebeu que nenhum de seus pais pareciam ligar pro ruído irritante do telefone tocando na sala, no fim do corredor.
Ele caminhou na ponta do pé, como se um garoto leve como ele fosse fazer algum barulho significante perto do toque incessante do telefone fixo. Quando Louis chegou na sala, puxou o aparelho do gancho, mas não disse nada, apenas ouviu uma respiração ofegante do outro lado da linha, o que fez seu coração bater mil vezes mais rápido, jatos de adrenalina percorrendo o corpo.
Ele ficou assim por alguns segundos até que ouviu um soluço esganiçado do outro lado da linha, e ele não precisou de muito esforço para reconhecê-lo.
"Harry?" O garoto chamou, o ar gelado fazendo-o arrepiar. "Harry? Aconteceu alguma coisa?"
"Louis?" Ele escutou a voz do melhor amigo do pelo aparelho. "Louis, me ajuda." Harry disse, soltando um soluço longo e choroso.
"Harry? O que aconteceu?" Louis perguntou, assustado, enquanto sentia seus próprios olhos se encherem de lágrimas.
"Meu pai, ele bebeu muito, e-ele" Harry soltou um longo suspiro tremido antes de voltar a falar. "Eu to com medo, Lou, me ajuda por favor."
"Harry?!" O menino tentou chamar, mas o amigo já havia desligado.
Então Louis começou a correr, pouco lhe importava se fizesse barulho, Harry estava com medo e ele precisava ajudá-lo. Ele derrapou na curva entre o corredor e seu quarto, calçando chinelos de pés errados, depois foi correndo pela saída dos fundos, pulando freneticamente na sua bicicleta, e então começou a pedalar.
Ele sentia os chinelos se prendendo nos pedais, mas não ligou. Ele sentia o frio gelado batendo no seu pequeno rosto, congelando-o, mas não ligou. Ele sentiu que as pessoas achariam estranho se vissem um garoto miúdo de nove anos de idade pedalando por uma rua às 4 da manhã, mas não ligou.
Era Harry em jogo, e se era Harry em jogo, Louis não ligava para mais nada.
Ele pulou da bicicleta quando chegou na fachada da pequena casa de esquina, que tinha todas as luzes acesas, deixando-a cair no chão produzindo um estrondo que fez seu coração bater ainda mais rápido, se fosse possível.
Ele pulou o portão, como fazia tantas vezes em que o Sr. Styles não o deixava entrar, e deu a volta na casa, parando em baixo da janela do amigo, ficando na ponta dos pés e dando três toquinhos leves no vidro da janela.
Harry não demorou muito para abri-la e seu rosto pareceu muito aliviado ao encontrar os olhinhos azuis de Louis alguns centímetros abaixo.
Louis percebeu que ele estava muito nervoso, seus olhos estavam vermelhos e suas bochechas estavam molhadas de lágrimas e ele tremia muito. Mas foi audível o porquê, quando Louis escutou os gritos do pai de Harry vindos de trás da porta do amigo.
"Eu sei que você não está dormindo, moleque! Abre essa porta!" Sua voz estava perturbada pelo álcool, quase como se desse para sentir o bafo de whisky pela voz.
Então Louis esticou o braço puxando Harry pra baixo e servindo de apoio enquanto ele pulava a janela.
"Abre essa merda de porta, Harold!"
Então Harry pousou no chão frio ao lado do amigo, os cabelos despenteados, vestindo um pijama de verão e descalço, ele devia estar congelando.
"Obrigado, Lou." Ele abraçou Louis, que sentiu algo engraçado quando seus corpos se encaixaram, como se eles se pertencessem e devessem ficar assim pra sempre.
Então ele tomou um choque de realidade, e, por mais que doesse, se soltou dos braços de Harry, e disse, encarando aqueles olhos verdes:
"Vem, Harry, a gente não tem muito tempo!" Ele puxou a mão do melhor amigo até onde ele havia deixado a bicicleta, no meio do asfalto, e os dois a montaram, Harry sentado no colo de Louis, enquanto este pedalava e guiava-os até sua casa.
Eles chegaram rapidamente e Louis percebeu que seus pais não haviam acordado, senão a porta dos fundos não estaria aberta.
Eles caminharam em passos leves até o quarto do menino, onde Harry, que parecia estar se contendo muito bem, desabou em lágrimas, sentando-se na cama.
Louis se sentou ao seu lado sem saber o que fazer.
"Calma, Hazza." Ele sussurrou. "Vai ficar tudo bem."
"Você acha mesmo?" Harry perguntou, os olhos verdes chorosos o encarando a pouca luz.
"Eu acho. E qualquer coisa que você precisar, eu vou estar aqui."
"Bom, eu preciso de cafuné agora, você está aqui pra isso?" Harry respondeu, a voz pidonha, esboçando um sorriso.
"Claro, mas só dessa vez." Louis sorriu de volta, e o amigo deitou em seu colo para que Louis fizesse carinho na sua cabeça.
E eles ficaram assim por um tempo, em silêncio. Louis, assim como mais cedo sentiu que algo estava errado, agora sentiu que estava tudo perfeito, e nada iria atrapalhar isso, então ele resolveu ficar em silêncio. E assim continuou por alguns minutos, até que ele escutou a respiração profunda e rítmica de Harry sobre seu colo. Ele havia dormido.
Louis ajeitou o amigo na cama, o cobrindo. Não era a primeira vez que ele fazia isso. Então puxou uma almofada e deitou-se no chão, tremendo de frio quando seu corpo tocou o piso.
"Não." Ele escutou o amigo dizer da cama.
"Não o que? Harry? Ta tudo bem?"
"Eu não vou deixar você dormir no chão hoje, Lou. Olha esse frio. Você vai deitar aqui. Eu encolho, você não vai nem perceber."
Então Louis se levantou relutante e grato ao mesmo tempo, deitando-se ao lado do amigo. Realmente, eles eram muito pequenos, e aquela cama os acomodava muito bem, por enquanto.
"Assim como você, eu também vou estar aqui sempre que você precisar, tá bom?" Ele escutou Harry dizer baixinho.
"Eu não sei o que eu faria sem você, Hazzy." Ele disse, mais baixo ainda, mas escutou os suspiros de Harry recomeçarem.
Ele não soube se o amigo escutou o que ele havia dito.
Ele nunca teve coragem de perguntar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Blue Neighbourhood >>l.s
Fanfic"Nós jogamos videogames." "Nós contamos tudo um ao outro." "Ele vem pra minha casa muitas vezes." "Ele me ensinou como pular do cais." "Ele é o meu melhor amigo." Shortfic Larry Stylinson baseada no trailer da trilogia de clipes Blue Neighbourhood d...