Capítulo DOIS

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- Já dormiu demais, cuide de levantar dessa cama. - sou acordada com a Giovana deitando ao meu lado. - E ai, gostou do seu novo quarto? Não é cor de rosa nem tem posters colado nas paredes, mas é aconchegante, fala ai.

- Isso era quando tinha 12 anos ta, já estou bem grandinha. E sim, adorei o quarto, é exatamente como havia descrito. - Dou um abraço nela.

- Vai desfazendo as malas ai, vamos sair hoje a noite.

- Sair? Já está querendo me levar para as noites de Rio de Janeiro? - Finjo surpresa, afinal, este dia é esperado há anos.

Com a ansiedade estampada no rosto pego as malas. Alguns meses atrás comprei um guarda-roupas e mandei entregar no endereço da Giovana, não trouxe todas as minhas roupas, pretendo renovar o meu estilo.

- O que é isso?????? - Grito.

- O que aconteceu criatura, suas roupas são tão assustadoras assim? - Ela fala, levantando da cama assustada.

- Essa mala não é a minha!

Depois do susto, e de fuçar a mala seja lá de quem for, consegui encontrar um cartão dentro do bolso de uma calça. Um tal de Nicholas atendeu o telefone quando liguei, foi uma coisa bem estranha, ele na verdade nem é o dono da mala, pelo que entendi, o amigo dele que estava de viagem. Agora estou aguardando a ligação do dono da mala. Mas como isso foi acontecer?! Só agora me dou conta que a minha mala demorou a vir, e estava separada da outra.

- Pelo jeito ele é universitário olha essas jaquetas, será que é gato? - Diz Giovana com um sorriso no rosto.

- Nem começa tá, só quero a minha mala de volta o quanto antes.

Enquanto espero a ligação do tal universitário que pegou a minha mala por engano, vou tomar banho. Pra minha falta de sorte ser completa, a mala que está com ele tem a maioria das minhas roupas, sou obrigada usar alguma roupa da Giovana, que realmente não fica nada legal, parecendo uma piriguete de tão curta, afinal, ela é menor que eu, e realmente não faz o meu estilo coisas tão justas.

- Que gostosona.

- Pode parar, assim que as minhas roupas estiverem aqui vou trocar imediatamente!

Depois de mais de duas horas, meu telefone toca.

- Boa tarde, Senhora Martin?!

- Boa tarde, quem é?

- Meu nome é Theo Willians, acredito que trocamos as mala no aeroporto está manhã.

- Ah claro, como não percebeu que a mala não era sua?

- Desculpe senhora, estava um pouco apressado, e as malas são realmente idênticas.

- Ok, onde podemos fazer a troca?

- Posso passar na casa da senhora no fim da tarde?!

- Não precisa me chamar de senhora, pelo amor de Deus, tenho só 23 anos. O que não é dá sua conta. - Paro um instante. - Me desculpe, fiquei um pouco nervosa, acabei de mudar para cidade, tenho muitas coisas importantes ai. Mas enfim, vou passar o endereço, pode notar?

- Claro.

Passo o endereço e nos despedimos.

- Você foi grossa com o rapaz. - Com tom de desaprovação Giovana fala da cozinha.

- Ah, não posso dá moleza né. - Ela olha pra mim e revira os olhos. - Mas é isso, ele virá hoje no fim da tarde, espero que não tenha aberto a minha mala.

- Assim como você não abriu e revirou a dele?!

- Eu precisava de um telefone ué. E fui eu quem descobri que não era a minha primeiro.

- Sei. - Fala em tom sarcástico.

As horas passam, o fim da tarde chega, e logo vem a noite. Nada da minha mala.

- Ele não vem. - Digo.

- Calma Samantha, ele deve ter pego trânsito, você vai ver no centro da cidade em dia de sábado por aqui.

Começo a ficar preocupada, meu computador está lá junto com outras coisas. Penso em retornar a ligação mas a Giovana não deixa, diz pra esperar mais um tempo.

Alguns minutos o interfone toca.

- Deve ser ele. - Corro pra atender.- Alô?

- Samantha Martin?

- Theo?

- Sim, estou na entrada do prédio.

- Estou descendo.

- Ok.

Desço quatro lances de escadas até o térreo do prédio. Isso cansa, quero nem pensar subir com essa mala pesada.

Lá está ele, de costas, cabeça baixa. Me aproximo devagar.

- Olá. - Falo, tentando ser durona.

Ele se vira. Fica parado mais tempo que o necessário. Imagino se estou tão indecente assim pra deixar esse cara de boca aberta.

- Você é o Theo? Estou vendo a minha mala aos seus pés.

- Ah, perdão... Sim, sou eu. - Ele fala, sem graça.

- Ótimo! Você abriu a minha mala? Porque tive de abrir a sua, para encontrar algum meio e descobrir quem era o dono.

Ele continua parado me olhando. Agora sou eu que estou começando a ficar sem graça. Ele é alto, cabelos castanho claro, olhos cor de mel, parece tímido, e isso o deixa ainda mais bonito.

- Você está bem? - Pergunto.

- Desculpe, estou sim. Hãn, e aqui está a mala da senhorita. Me perdoe o transtorno, hoje foi um dia muito corrido.

- Então ta. A sua mala é essa. - Empurro em sua direção, e ele entrega a minha - Vou só dar uma conferida se está tudo aqui. - Digo, e ele dá um sorriso tímido.

- Claro.

Enquanto abro a mala, sinto seus olhos me olhar de cima abaixo.

- Eu não cheguei a abrir a sua mala senhorita, quando o meu amigo Nicholas me ligou estava prestes a fazer isso.

- Mesmo assim, não custa conferir. - Digo com a voz séria.

- Tudo bem. Farei o mesmo. - Diz ele, abrindo a mala. Poucos segundos ele continua. - Não me lembro de ter deixado as roupas tão desarrumadas.

Coro no mesmo instante.

- Precisava de algum meio para encontrar a pessoa que estava com minha mala. - Afirmo, com a voz falhada.

- É, tem razão.

- Que bom que encontrei, não ia ficar bem com roupas de homem. - Falo em tom de brincadeira. E ele sorri.

- Então acho que é isso né. - Continuo. - Minha mala comigo, a sua com você.

- Sim. E mais uma vez, me desculpe pelo ocorrido.

- Tudo bem, relaxa.

- Bom, estou indo então. Tenha uma ótima noite, e bem vinda ao Rio.

- Obrigada! - Falo com surpresa, ele tem boa memória. - Boa noite.

Subo as escadas, chego no apartamento morta de cansada.

- E ai?! Como ele era? - Giovana corre até mim.

- Sim, a minha mala foi entregue inteira, obrigada por perguntar.

- Fala logo!

- Porque essa euforia toda? O cara pode ser um coroa, as roupas na mala podem ser do neto, muitas possibilidades Gi.

- Não me convenceu. - Ela continua, agora mais curiosa.

- Ta...ta...O cara é um gato! E muito educado, acho que até demais, me chamou de senhorita o tempo inteiro.

- Ahhh, que gracinha. - Os olhos dela brilham.

- Mas e ai, vamos pra night?!!!

Simples EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora