- Já dormiu demais, cuide de levantar dessa cama. - sou acordada com a Giovana deitando ao meu lado. - E ai, gostou do seu novo quarto? Não é cor de rosa nem tem posters colado nas paredes, mas é aconchegante, fala ai.
- Isso era quando tinha 12 anos ta, já estou bem grandinha. E sim, adorei o quarto, é exatamente como havia descrito. - Dou um abraço nela.
- Vai desfazendo as malas ai, vamos sair hoje a noite.
- Sair? Já está querendo me levar para as noites de Rio de Janeiro? - Finjo surpresa, afinal, este dia é esperado há anos.
Com a ansiedade estampada no rosto pego as malas. Alguns meses atrás comprei um guarda-roupas e mandei entregar no endereço da Giovana, não trouxe todas as minhas roupas, pretendo renovar o meu estilo.
- O que é isso?????? - Grito.
- O que aconteceu criatura, suas roupas são tão assustadoras assim? - Ela fala, levantando da cama assustada.
- Essa mala não é a minha!
Depois do susto, e de fuçar a mala seja lá de quem for, consegui encontrar um cartão dentro do bolso de uma calça. Um tal de Nicholas atendeu o telefone quando liguei, foi uma coisa bem estranha, ele na verdade nem é o dono da mala, pelo que entendi, o amigo dele que estava de viagem. Agora estou aguardando a ligação do dono da mala. Mas como isso foi acontecer?! Só agora me dou conta que a minha mala demorou a vir, e estava separada da outra.
- Pelo jeito ele é universitário olha essas jaquetas, será que é gato? - Diz Giovana com um sorriso no rosto.
- Nem começa tá, só quero a minha mala de volta o quanto antes.
Enquanto espero a ligação do tal universitário que pegou a minha mala por engano, vou tomar banho. Pra minha falta de sorte ser completa, a mala que está com ele tem a maioria das minhas roupas, sou obrigada usar alguma roupa da Giovana, que realmente não fica nada legal, parecendo uma piriguete de tão curta, afinal, ela é menor que eu, e realmente não faz o meu estilo coisas tão justas.
- Que gostosona.
- Pode parar, assim que as minhas roupas estiverem aqui vou trocar imediatamente!
Depois de mais de duas horas, meu telefone toca.
- Boa tarde, Senhora Martin?!
- Boa tarde, quem é?
- Meu nome é Theo Willians, acredito que trocamos as mala no aeroporto está manhã.
- Ah claro, como não percebeu que a mala não era sua?
- Desculpe senhora, estava um pouco apressado, e as malas são realmente idênticas.
- Ok, onde podemos fazer a troca?
- Posso passar na casa da senhora no fim da tarde?!
- Não precisa me chamar de senhora, pelo amor de Deus, tenho só 23 anos. O que não é dá sua conta. - Paro um instante. - Me desculpe, fiquei um pouco nervosa, acabei de mudar para cidade, tenho muitas coisas importantes ai. Mas enfim, vou passar o endereço, pode notar?
- Claro.
Passo o endereço e nos despedimos.
- Você foi grossa com o rapaz. - Com tom de desaprovação Giovana fala da cozinha.
- Ah, não posso dá moleza né. - Ela olha pra mim e revira os olhos. - Mas é isso, ele virá hoje no fim da tarde, espero que não tenha aberto a minha mala.
- Assim como você não abriu e revirou a dele?!
- Eu precisava de um telefone ué. E fui eu quem descobri que não era a minha primeiro.
- Sei. - Fala em tom sarcástico.
As horas passam, o fim da tarde chega, e logo vem a noite. Nada da minha mala.
- Ele não vem. - Digo.
- Calma Samantha, ele deve ter pego trânsito, você vai ver no centro da cidade em dia de sábado por aqui.
Começo a ficar preocupada, meu computador está lá junto com outras coisas. Penso em retornar a ligação mas a Giovana não deixa, diz pra esperar mais um tempo.
Alguns minutos o interfone toca.
- Deve ser ele. - Corro pra atender.- Alô?
- Samantha Martin?
- Theo?
- Sim, estou na entrada do prédio.
- Estou descendo.
- Ok.
Desço quatro lances de escadas até o térreo do prédio. Isso cansa, quero nem pensar subir com essa mala pesada.
Lá está ele, de costas, cabeça baixa. Me aproximo devagar.
- Olá. - Falo, tentando ser durona.
Ele se vira. Fica parado mais tempo que o necessário. Imagino se estou tão indecente assim pra deixar esse cara de boca aberta.
- Você é o Theo? Estou vendo a minha mala aos seus pés.
- Ah, perdão... Sim, sou eu. - Ele fala, sem graça.
- Ótimo! Você abriu a minha mala? Porque tive de abrir a sua, para encontrar algum meio e descobrir quem era o dono.
Ele continua parado me olhando. Agora sou eu que estou começando a ficar sem graça. Ele é alto, cabelos castanho claro, olhos cor de mel, parece tímido, e isso o deixa ainda mais bonito.
- Você está bem? - Pergunto.
- Desculpe, estou sim. Hãn, e aqui está a mala da senhorita. Me perdoe o transtorno, hoje foi um dia muito corrido.
- Então ta. A sua mala é essa. - Empurro em sua direção, e ele entrega a minha - Vou só dar uma conferida se está tudo aqui. - Digo, e ele dá um sorriso tímido.
- Claro.
Enquanto abro a mala, sinto seus olhos me olhar de cima abaixo.
- Eu não cheguei a abrir a sua mala senhorita, quando o meu amigo Nicholas me ligou estava prestes a fazer isso.
- Mesmo assim, não custa conferir. - Digo com a voz séria.
- Tudo bem. Farei o mesmo. - Diz ele, abrindo a mala. Poucos segundos ele continua. - Não me lembro de ter deixado as roupas tão desarrumadas.
Coro no mesmo instante.
- Precisava de algum meio para encontrar a pessoa que estava com minha mala. - Afirmo, com a voz falhada.
- É, tem razão.
- Que bom que encontrei, não ia ficar bem com roupas de homem. - Falo em tom de brincadeira. E ele sorri.
- Então acho que é isso né. - Continuo. - Minha mala comigo, a sua com você.
- Sim. E mais uma vez, me desculpe pelo ocorrido.
- Tudo bem, relaxa.
- Bom, estou indo então. Tenha uma ótima noite, e bem vinda ao Rio.
- Obrigada! - Falo com surpresa, ele tem boa memória. - Boa noite.
Subo as escadas, chego no apartamento morta de cansada.
- E ai?! Como ele era? - Giovana corre até mim.
- Sim, a minha mala foi entregue inteira, obrigada por perguntar.
- Fala logo!
- Porque essa euforia toda? O cara pode ser um coroa, as roupas na mala podem ser do neto, muitas possibilidades Gi.
- Não me convenceu. - Ela continua, agora mais curiosa.
- Ta...ta...O cara é um gato! E muito educado, acho que até demais, me chamou de senhorita o tempo inteiro.
- Ahhh, que gracinha. - Os olhos dela brilham.
- Mas e ai, vamos pra night?!!!
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Simples Engano
RomanceSamantha, uma jovem de 23 anos, resolve sair da pequena cidade onde viveu desde infância, para o Rio de Janeiro. No primeiro dia longe de casa, um simples engano promete transformar sua vida tranquila em algo que ela nunca imaginou viver.