Somos Irmãos

Prólogo

          Depois de sete anos, brigando com ele pra entrar no banheiro primeiro, rezando pra que ele se formasse logo no ensino médio e fosse embora ou que o ônibus da escola passasse por cima dele. Eu nunca parei pra pensar porque aquilo aconteceu, porque eu fui gostar do meu irmão, ele era chato, irritante, e muitas vezes fedorento e lógico um puta de um menino estupido, que queria ser melhor em tudo!

          Eu me odeio por pensar naquele garoto dessa maneira, eu realmente não entendo, a unica coisa que eu vejo agora é que eu quero me matar e se querer se matar não é pensar direito pode se dizer que eu mereço estar num hospício. 

- Oi - Diz a praga, sem camisa e com meias, e um leve volume naquele samba-canção com estampa de pinguins e a toalha naquele ombro perfeitamente sarado. 

- Oi! - Respondo revirando os olhos. Estávamos na frente do banheiro do segundo andar esperando minha mãe sair dali, porque raios ela não tinha mais banheiro no quarto dela e eu nunca entendi porque apenas no quarto dela tinha banheiro, eu odiava ter que dividir o banheiro com meu irmão.

- Tudo bem, irmãzinha? - ele diz 

- Tô ótima! - Exclamo. 

- Não gostou de ontem a noite? - Sussurrando, ele se aproxima me puxando pela cintura. 

- Oi filhos - Minha mãe diz saindo do banheiro. 

Largo ele e entro no banheiro com tudo, fecho a porta na chave e sento no chão, respiro fundo e me levanto. Acabo ouvindo o que eles estavam conversando, minha mãe pergunta porque eu estava de mal humor, ele responde em tom de deboche: 

- Talvez ela não goste de carinho de irmão. 

***

         Eu devo ser estupida ao ponto de querer o meu irmão assim como nos filmes besteirol de escola, a líder de torcida querer o atleta bonitão, mas apesar de tudo ele não era meu irmão, ele era meu meio-irmão apenas uma outra pessoa que veio do mesmo espermatozoide que eu. Cientificamente, ele não era meu irmão de verdade. Eu gostava dele e eu não ligo se ele é meu irmão, muito menos ele liga pra isso tudo.