Capítulo 2

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Eu nunca parei pra pensar em como seria ter um irmão, depois de uma certa idade e com uma mãe solteira você tem que esquecer a ideia mesmo de um dia ter um irmão ou irmã. No meu caso, eu não tinha nenhum dos dois, apenas um desconhecido um ano mais velho que eu e que veio do mesmo saco escrotal que eu. Apesar de tudo, ele era legal comigo brincávamos bastante, basicamente, a gente brincou mais que os 10 anos separados, ele foi o primeiro a saber dos meus objetos cintilantes, o que testemunhou a minha primeira menstruação e eu fui a primeira a saber do primeiro vídeo porno dele. Nunca me esquecerei dele me contando a historia da mulher que estava apanhando do encanador dizendo que ela gritava enquanto ele enfiava o piupiu nela, que o piupiu do cara era enorme, e também que ele puxava o cabelo dela e ficava perguntando se ela tava gostando ou se ela queria mais.  Não posso reclamar da minha infância, ela foi ótima ao lado do meu irmão. 

***

Depois daquela longa viagem silenciosa no carro da mamãe finalmente tínhamos chegando na casa nova, ela era grande, 3 andares, com um quintal cheio de flores e duas arvores e uma varanda na porta da entrada maravilhosa cheia de pequenas plantas.

- Aqui será sua nova casa, filha - Minha mãe afirma com um sorriso no rosto.

Respiro em seco e respondo calma - Ok.

A porta se abre sai de lá uma pessoa e meia, meu pai estava de cavanhaque, algo que eu nunca cheguei a ver dele, era raro as vezes que eu me encontrava com ele na minha antiga casa, apesar de eu ter apenas dois anos de idade quando minha mãe fico solteira, eu tinha certeza que ela tinha ficado com raiva e amargurada, então tenho certeza que foi dificil ela deixar aquele homem dar um ''oi'' para sua única filha menina, ele estava com uma calça social e uma blusa social branca, praticamente o mesmo estilo de roupa de minha mãe só que no masculino. O garotinho era timido e segurava a mão do pai, ele estava com uma blusa de listas azul e amarela e um short miniatura preto com sapatos do super-homem.

- Oi, Sra. Duvall - Meu pai se aproxima dar um beijinho na minha mãe, se agacha e ele com um sorriso no rosto acariciando meus cabelos longos e negros diz - Oi pequenina?

- Oi pai - Respondo sorridente.

Ele se levanta pega na cabeça do menino empurrando-o e diz - Diga ''oi'' para sua irmã. 

- Ol...Olá! - Ele diz tímido e olhando para baixo. 

Eu arregalo os olhos sem saber o que fazer e apenas respondo - Irmão!

Um silencio se faz, meu pai fala pra gente entrar dizendo que tudo já está arrumando e o jantar daqui a pouco estaria pronto e que eu iria dormir no quarto do segundo andar ao lado do quarto do Mason. No momento que aquela porta se abriu, a primeira coisa que eu vi foi aquela enorme TV e aquele sofá cheio de almofadas, eu realmente amava almofadas só vinha na minha cabeça a casinha que eu poderia fazer com todas aquelas almofadas. Uma enorme escada cheia de quadros na parede para o segundo andar. Eu pensei que a frase ''já está tudo arrumado'' era apenas o meu quarto e as roupas e não tudo aquilo, tinha varias fotos minhas dormindo na praia com cinco anos, se ''formando'' na alfabetização, até minha foto no balé que não durou muito tempo, depois de uma semana fazendo aquilo eu disse pra minha mãe me tirar daquilo, era chato e meus pés doíam só de pensar em um dia fazer aquilo de novo com os meus dedinhos. E também tinha varias fotos do Mason, ele lutava Muay Thai e tinha fotos de todas as medalhas que ele já havia conquistado, ele havia conquistado duas faixas no total, a branca, a vermelha e branca, no momento ele estava na vermelha. 

-Irei ver o frango, amostra o quarto pra ela, Sr. Duvall - Diz minha mãe.

Eu realmente nunca entendi o por que deles estarem se chamando tão formalmente, a unica coisa que eu me lembro é aquilo durou durante meses, acho que eles ficaram naquela brincadeira por que estavam felizes pela volta ou por que eles eram estranhos mesmo. Eu, meu pai e Mason subimos as escadas, Mason continuava tímido e sem falar nada, acho que ele estava nem respirando. O meu quarto ficava de frente pro banheiro no começo eu não liguei, mas hoje em dia eu dou graças aos céus por meu quarto ser em frente ao banheiro. 

- Esse é seu quarto - Mason diz. 

Meu pai olha com um cara de surpreso para o Mason, dar um sorrisinho bobo e diz - Melhor deixar vocês se conhecerem melhor, irei ajudar a sua mãe - E com isso ele se retira. 

Eu realmente não sabia o que dizer ou o que falar para aquele menino, minha mãe me ensinou a não falar com estranhos e eu iria obedecer minha mãe. Eu entrei no quarto e como minha mãe disse estava tudo no mesmo lugar, tinha até a janela e o telhado também, eu estava feliz por essa parte, eu iria poder ver os meus objetos cintilantes. 

- Espero que nos demos bem - Ele diz.

- Também espero! - Exclamo. 

- Você tem quantos anos? - Ele pergunta se aproximando.

- 10 - Respondo olhando o guarda-roupa guardando meu casaco - e você?

- 11, sou mais velho! - Ele responde com um largo sorriso. 

Aquele menino parecia ser inofensivo naquela idade, nunca imaginei o que ele se tornaria, ele era tão fofo, carinhoso, preocupado até mas uma perfeita companhia e com uma carinha que me deixava louca só de encarar. Depois de ter guardando o casaco, olho pela janela e vejo como eu irei descer pela janela e deitar nesse telhado, já tinha todo o plano na minha cabeça, tinha tanta coisa passando pela minha cabeça. De longe, a visto uma garota da minha idade, acho, brincando no quintal da casa dela. 

De repente alguém se aproxima do meu ouvido e diz - Aquela é a Fiora. Ela estudar na minha escola, na escola que você vai estudar - Diz Mason tão perto de mim que eu apenas caio assustada. 

- Você quer me matar do coração?! - Digo com raiva.

- Desculpa - Ele diz com a cabeça baixa - Não sabia que você se assustava fácil. 

Respiro fundo e respondo - Tudo bem. 

Escuto um grito do andar de baixo que pela voz femenina era minha mãe dizendo que o jantar estava pronto. 

- Vamos comer - Diz Mason olhando pra mim e me dando a mão pra me levantar do chão. 

- Vamos, obrigado irmão - Após dizer isso saio correndo do quarto gritando - Quem chegar por ultimo não come a coxa. 


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