o3. We'll be alright.

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Harry

Harry abriu a porta de seu quarto quase como se esperasse um monstro atacá-lo, entrando ainda com lágrimas nos olhos e sinceramente essa última semana ele já chorou tanto que seria difícil convencer as pessoas de que é fuzileiro se elas soubessem.

Ele passou os dedos pela cama e seu edredom novo de cor vermelha e as capas do travesseiros brancas, as mesmas fotos suas e de Louis ainda estavam na mesa de cabeceira, a diferença é que ao lado agora tem uma foto dos gêmeos parecendo com apenas alguns dias de vida, dormindo pertinho um do outro.

Harry achou uma toalha, passou alguns minutos se olhando no espelho do banheiro totalmente nu, observando suas marcas e cicatrizes, algumas ainda fortes e não dando sinais de que iriam sumir nunca.

Ele pegou o bloquinho que Louis sempre deixa dentro do armário para grudar as notas no espelho e não esquecer, escrevendo "creme cicatrizante" e grudando ali ao lado antes de entrar debaixo do spray, começando uma espécie de ritual.

Harry só não coloca "chuveiro" em número um no seu ranking de coisas que ele sente mais saudades porque Louis já ocupa esse posto, mas sensação de conseguir ensaboar todos os cantos de seu corpo sem preocupação ou pressa é maravilhosa.

Ele não sente orgulho de dizer que a espuma saiu de uma cor nojenta, mas continuou a esfregar a esponja por suas pernas e pés principalmente, os dedos e unhas roxas de tanto tempo usando as botas de combate, não conseguindo nem se importar com a água batendo gelada combinando com o ar frio de dezembro quando sua memória ainda estava fresca por passar o que pareceram décadas debaixo de um sol impiedoso com roupas e armamentos pesados.

Ao terminar Harry vestiu as roupas mais folgadas que conseguiu achar, uma calça de pijamas da Adidas e camiseta surrada, quase não lembrando da sensação de se sentir leve antes de se secar com a toalha. Ele saiu do quarto em silêncio, ouvindo Louis falar com alguém provavelmente no telefone porém desviando o percurso até a sala e entrando na porta ao lado, o quarto dos gêmeos.

Harry jura que é fuzileiro, mas está chorando de novo.

O quarto é divido para cada gêmeo de um lado e tematizado com a floresta do Winnie the Pooh. Os dois berços são pretos de cercado alto, as paredes pintadas de um laranja suave, um guarda-roupas pequeno de um lado era totalmente coberto por um adesivo do Pooh e o outro no lado oposto tinha Eeyore, Ió, que é o personagem favorito de Harry. No meio um grande tapete azul com bolinhas laranjas e brinquedos espalhados em cima, uma cadeira de balanço preta perto da janela.

Por todos os lados do quarto estavam grudados adesivos montando a floresta do desenho juntamente com prateleiras cheias dos ursinhos, um grande adesivo de árvore que ia do chão até o teto havia uma pequena régua ao lado para medir os tamanhos dos bebês, sem nenhuma marcação ainda. Era como se ele pudesse ouvir sua conversa com Louis novamente no dia em que eles conversaram sobre querer o tema, independente do sexo, como a turma do Pooh.

Harry se sente ruim por não ter ajudado em nada, por não saber quem pintou as paredes, por não ter estado aqui para ajudar escolher os berços e comprar os brinquedos, mas seus pensamentos depressivos foram logo cortados por Louis batendo gentilmente na porta com um dos gêmeos no colo e um sorriso gigante, olhos vermelhos denunciando ele também ter chorado.

- Falta você dizer oi para o papai. - Louis murmurou, Harry finalmente vendo a cor dos olhinhos do filho menor e sonolento, um verde similar ao do irmão porém mais claro assim como os cabelos também são. Eles são tão lindos e pequeninos, isso parece fazer o coração de Harry apertar. - Acho que ele está com medo da gente, Nico.

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