Spacie_
Ambos se olhavam com uma certa fúria, hesitei em me aproximar por não saber exatamente o que falar, porque, olhando pelo lado do personagem por fora da história, ver o cara que você teve o seu primeiro encontro e uma queda amorosa com outro cara que você está tendo um encontro. Mesmo assim fui, já tinham umas pessoas ao redor olhando, pois eles estavam um pouco animadinhos.
– Samantha, onde você estava mesmo? – Nick pergunta sem tirar os olhos da tela do fliperama.
– Perdida em algum lugar desse shopping
– Nossa, que louco. Nick você está ferrado, vou acabar com você – Kevin diz também não tirando os olhos da tela.
– Alguém pode me explicar o que está acontecendo?
– Nada de mais, estamos só disputando.
– Só disputando? – fico sem resposta e resolvo ir me sentar no sofá de espera da sala de jogos. Depois de várias partidas seguidas sem descanso, eles dão uma trégua com o placar de 7 a 9 para o Kevin.
– Disse que iria acabar com você.
– Foi só um desvio de concentração, mas se não fosse, eu, com certeza, teria ganhado.
– Teria coisa nenhuma – eles começam uma discussão onde só se podia escutar ruídos.
– Dá para as duas crianças pararem com a briguinha no meio do shopping, por favor? – silêncio. – Ótimo. Vamos embora, não quero jogar Asteroides por um bom tempo agora – ainda não tínhamos decidido em qual carro eu iria, então Nick e Kevin decidem resolver isso, só que sem mim. Resolvi continuar andando e deixá-los falando sobre isso sozinhos, o problema é: eles não estavam conversando, estavam gritando, e bem atrás de mim. Logo a frente avisto Beth e Charlie caminhando com uma caixa grande de papelão nos braços.
– Charlie, Beth. O que estão fazendo?
– Comprando materiais para a cede das fofocas – cede das fofocas foi o nome dado pelos estudantes ao clube do jornal. – E vocês? – Beth pergunta.
– Viemos em paz, mas eles começaram a jogar fliperama. Vamos indo. Até! – acabamos por decidir que eu ria embora com Nick, como o meu encontro era com ele e não com o Kevin, foi justo ele me levar em casa. Não conversamos muito no caminho, só deixamos o vento bater em nossos rostos enquanto escutávamos Wish You Were Here do Pink Floyd. Chegamos em casa alguns minutos depois, ele foi até educado abrindo a porta para eu sair.
– Foi divertido. Fora a parte que vocês quase se mataram por causa de um jogo.
– É, tem razão – sorrimos. – Até mais, Samantha Zorah.
– Até mais, Nick Carter – vejo-o partir em meio a escuridão e entro em minha casa, vou ao meu quarto, tiro minhas roupas e coloco apenas um pijama qualquer. Estava tentando não dormir rápido demais para relembrar um pouco mais do dia de hoje, mas acabo cedendo ao sono e cansaço.
Acordo cedo, me arrumo e desço as escadas, tomo um rápido café da manhã, e como ainda tinha tempo, decidi assistir 20 minutos de TV. Quando vi já era tarde e, mesmo faltando tempo, consegui me atrasar pra aula. Cheguei antes de bater o sinal, Charlie estava sentado com o olhar fixo no nada, ele olha para mim e pergunta:
– Como vai sua tarefa de conseguir amigos para mim?
– Hm, ainda não tive tempo, mas juro que hoje mesmo já falo com alguém.
– Você não teve tempo e estava no shopping com dois caras? Incrível sua falta de tempo, Samantha.
– Isso não conta, o Nick me desafiou.
– Tudo bem – diz calmo e volta a olhar para o nada. Nilton entra na sala e, como sempre, Nick se atrasa causando outra discussão boba. Como a aula é chata, fico perdida em meios próprios pensamentos, mas o que eu mais pensava era em como a vida poderia nos dar vinho tinto e depois uma cerveja. Isso se aplicava a meu dia feliz ontem com Kevin e Nick e minha briga não planejada com Charlie. Até que enfim o sinal toca, fiquei com raiva de Charlie por ele achar que esqueci dele e resolvo não ajudá-lo por enquanto.
– Oi, novata – Suzan diz parada em frente a mim.
– O que você quer?
– Nossa, calma, vim em paz. Só estou atrás de uma aliada.
– Como assim "aliada"?
– Não a suporto.
– E o que você quer que eu faça?
– Quero que você a traga até os armários perto da saída para eu poder estragar um pouco das madeixas ruivas que ela quis copiar de mim.
– Eu não tenho motivos para te ajudar, e além do mais, eu nunca falei com ela na vida.
– Favores são favores, e para tudo há uma primeira vez – não sei o que aconteceu comigo, mas eu fui falar com a Jessie com toda a minha cara de pau do mundo, inventando um pretexto pra ela ir até os armários.
– Jessie? Estão esperando você nos armários perto da saída, me disseram que era um tipo de surpresa.
– Quem foi que te disse isso, o pombo correio?
– Tenho minhas fontes – Jessie caminhou inocentemente até os armários, mal sabia o que estava a esperando. Suzan tinha armado para ela, encomendou flores e um até então cabeleireiro renomado, recebeu as flores e já veio alguns sintomas da coceira, não ligou muito e começou a ler o bilhete que havia junto as flores.
"Jessie, aqui quem fala é seu admirador secreto, acho você muito perfeita e por isso estou te presenteando com essa hidratação capilar e as rosas, claro, aproveite."
Feliz, olha para o homem de cavanhaque fazendo sinal de que poderia começar a hidratação. Como estava com os olhos fechados, não pode ver o que ele fazia, mandado por Suzan, Beto, o cara que estava devendo um favor pra ela, começou a cortar o cabelo de Jessie, que era muito longo e agora se encontrava um pouco abaixo dos ombros, quando percebeu já era tarde demais.
– Você é louco? – pergunta levantando-se.
– Só fiz o meu trabalho, até.
– Foi aquela imbecil da Samantha – Jessie, com intenção de esclarecer tudo a Samntha, vai em direção a sala de aula, mas a professora já estava na sala.
– Licença?
– Pode entrar senhorita. Todos em seus lugares? Tenho uma notícia a dar a vocês, teremos uma aluna nova que irá ingressar aqui amanhã, então, por favor, sejam gentis – a professora não falou mais nada, nome, de onde essa aluna vinha, nem por que iria ingressar aqui, só nos deixou muito curiosos.
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Memórias de Ninguém
AléatoireSamantha uma menina misteriosa com um passado bastante perturbado, o qual a mesma não conhece, volta aos Estados Unidos por motivos desconhecidos por ela, sua maior qualidade, fora sua calma, é sua inteligência, o que a leva até a classe principal...