seis

5.1K 500 128
                                    

Sanidade mental é algo que poucas pessoas conseguem manter por toda a vida, seja na adolescência com ideias insanas sobre uma vida rebelde, ou na velhice, quando começa a se delirar com ideias sobre a morte e o esquecimento. Querendo ou não, todos alguma hora vamos enlouquecer, perder a cabeça e ficar insanos por um momento, onde não podemos fazer nada além de gritar e duvidar de nossa própria mente.

Até mesmo eu, que dediquei a minha vida a estudar a mente daqueles considerados loucos, tive meus momentos de loucura, cheguei até mesmo ter surtos quando me encontrava sobre pressão, porém nenhum deles pode ser comparado a sensação de estar nessa cidade. Aqui sinto como se os surtos de loucura não podem ser evitados, todos os dias é necessário encolher-se em algum canto e apenas gritar palavras horríveis dentro a escuridão.

Minha única vontade é de correr deste hospital e arranjar um jeito de sair desta cidade sem que o garoto volte a me perseguir e me ameaçar por aí, voltaria para Las Vegas e pediria desculpas a minha família, apenas para voltar a viver em paz e sem todos esses mistérios que habitam em Broken Hills.

A este ponto não tenho ideia do que é certo e errado por aqui, quando me mudei não parei para pensar nos detalhes que as ruas escondiam. Quase não há carros ou comércios abertos durante a noite, os poucos moradores parecem conhecer uns aos outros mas não ousam em trocar uma palavra sequer, apenas sempre a trocar olhares estranhos e assustados, como se implorassem por alguma ajuda.

Nada faz sentido aqui. As pessoas são loucas ou prestes a se tornar malucas. 

Por quais motivos eu fui atraída para cá?

Os pacientes da Ala D, mesmo sendo poucos, causaram um pequeno tumulto a minha volta, todos queriam ver a pasta que Harry havia me entregado, puxando-me de um lado para o outro e tentando arrancar os papéis da minha mão. Wendy grudou no meu braço e apertou-o, segurando a foto de Harry entre seus dedos de um modo que ninguém se atreveria a tirar o objeto dela.

"Zoe, será que eu posso conversa com você? Como fazíamos antes de você partir?" Perguntou ela em meu ouvido e eu apenas assenti, ainda sem entender o motivo de todos por aqui trocarem meu nome por Zoe.

Um sinal soou alto de repente pelos alto falantes discretos no alto dos muros, os pacientes colocaram as mãos nos ouvidos devido ao barulho alto, o som era tão ensurdecedor que até mesmo eu precisei tapar os ouvidos como eles. Após esse ato, uma das pastas acabou por cair das minhas mãos, um dos garotos que estava atrás do moreno se abaixou e a pagou, arregalando os olhos ao ler rapidamente os arquivos de Harry.

"Edward matou alguém?" Perguntou ele, atraindo a atenção de todos enquanto os enfermeiros entravam na sala para levar os pacientes de volta para os pequenos quartos, que estão mais para celas.

"Quem matou quem? Edward?" O moreno questionou a medida que os medicamentos eram distribuídos pelos enfermeiros aos pacientes. Wendy, que ainda estava grudada a mim, foi obrigada a entregar-me a foto de Harry e consumir os comprimidos. "Edward não teria coragem de matar alguém, isso está errado, ele sempre nos diz que devemos nos arrepender pelos crimes que cometemos-" a fala do rapaz foi interrompida quando foi arrastado para fora de pequeno pátio e voltando para dentro.

Recolhi a pasta que o outro jovem havia sido obrigado a largar no chão cinzento dali, colocando a fotos e o resto dos papéis dentro da pasta e colocando a mesma contra o meu corpo, enquanto observava os outros sendo obrigados a sair do pátio iluminado e voltar para as celas escuras e frias, sendo corroídos por sua loucura inteiro sem nenhum tratamento sequer.

"Esperem um pouco" falei enquanto Wendy era arrastada para dentro, impedindo que os enfermeiros a levassem para dentro. "Preciso conversar com a Wendy, eu sou a nova psiquiatra da Ala D" me identifiquei pote, recebi olhares de dúvida na minha direção vindo de todos por ali, inclusive de Wendy.

Broken Hills [short] + hesOnde histórias criam vida. Descubra agora