Algo que te enlouquece tão fácil em poucos dias parece não ser real, tal como essa cidade. Loucura é algo que, com o tempo dos meus estudos em psiquiatria, eu acabei me acostumando com a ideia que muitas pessoas a possuem, tanto da forma literária quanto da medicinal. Nunca lidei com pessoas realmente loucas a ponto de não poderem se curar, e sempre achei que não há nenhuma doença mental que não possa ser curada, mas depois de passar mais de três dias nessa cidade passei a perceber que certas loucuras não podem ser lidadas, muito menos curadas.
As fotos das vítimas passavam pelas minhas mãos, não eram os mesmos estudantes que foram mortos anos atrás, e sim alguns veteranos de universidades e alguns adultos, com aparência de professores.
A ficha criminal de Harry era analisada pelos policiais depois de ter passado pelas minhas mãos, aparentemente faz exatamente dois meses que os corpos foram achados a quilômetros da minha casa, que Harry dissera ser de sua mãe, todos os haviam desaparecido quando frequentaram a loja de sua família, foram violentamente agredidos e por fim tendo suas gargantas cortadas. Já o professor.
"Como alguém pode ser tão horrível a ponto disso?" O delegado sussurrou ao ler o relatório de Harry, com o cenho franzido e as expressões cansadas.
"Talvez a loucura de algumas pessoas não possa ser compreendida por aquelas que possuem algum tipo de sanidade mental." Respondi involuntariamente, pensando alto um comentário qualquer que havia se passado pela minha mente. O delegado me olhou com desprezo e fechou os arquivos, tirando as fotos das minhas mãos e guardando tudo em uma maleta preta.
"Srta. Ackler, com o achado dos corpos no seu porão, nós dobrados o número de perguntas que precisamos fazer. Será que podemos remarcar seu depoimento para amanhã, pela manhã?" O delegado continuou,ignorando por completo a minha afirmação. "Tínhamos apenas uma hora e meia, como você se atrasou e o número de perguntas aumentou vamos precisar de no mínimo três horas, o hospital nos deu apenas um período por hoje, não podemos passar do tempo dado."
"Por mim tudo bem, mas por que não podemos passar do tempo? Achei que em quesitos policiais o hospital abriria uma exceção com a questão do tempo." Questionei, afinal é tudo uma questão de segurança, tanto para mim quanto para essa cidade.
"Não podemos, você é nova por aqui e não deve tirar muito do tempo de análise." Ele respondeu, porém eu ainda fiquei sem entender, que tipo de análise eles estão falando? Que eu sabia, não estou passando por nenhuma análise no momento.
"Oh, certo." Afirmei, seguindo os policiais até os carros estacionados bem no meio da rua, evitando que outros passem, apesar de não ter visto quase nenhum carro por aqui deve haver alguns, como qualquer outra cidade. "Mas temos que deixar pra amanhã? Poderia ser hoje mesmo, mais tarde, assim que o meu turno no hospital acabar." Sugeri para o delegado, que mais uma vez me lançou um olhar feio, demorando um pouco para voltar a me responder.
"Não podemos, Srta. Ackler, temos que voltar para a outra cidade durante a noite." Respondeu brevemente, apressando-se junto a equipe em direção aos carros. "Amanhã logo pela manhã estaremos aqui, depois das oito da manhã."
"Uh, tudo bem." Confirmei enquanto todos entravam nos carros e logo partiam da cidade, deixando-me mais uma vez a sós em meio às ruas vazias de Broken Hills.
Chequei se todas as coisas que eu teria que entregar a Wendy estavam dentro da bolsa, tudo que o Harry havia me dado estava ali, não sei exatamente como isso irá ajudar no tal escape dele com a Gemma, talvez Wendy saiba de algo que possa ajudar a finalmente livrar-me do mal que este garoto trás para a minha vida e para essa cidade.
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Broken Hills [short] + hes
Ficção Adolescentequando aleah se muda para a pequena e medonha broken hills para trabalhar em um hospício, um jovem psicopata fugitivo invade sua casa e a faz desconfiar de suas verdadeiras e insanas intenções. ©blcksweet